30/04/2014 às 08h38min - Atualizada em 30/04/2014 às 08h38min

A ESCOLA PRIMÁRIA

D.Judith Lintz, minha primeira professora, de quem me lembro com carinho e gratidão.

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Existem vários tipos de escola: a maternal, a pré-primária, a primária, a média (ginásio e colégio) a superior, as de especialização e as de pós-graduação. Em termos gerais, cada uma delas corresponde a uma determinada idade evolutiva.    Uma pessoa pode passar praticamente toda sua vida dentro de escolas ou fazendo cursos.

     Nenhuma delas é mais importante do que a escola primária, razão pela qual é a única mundialmente considerada obrigatória.   É dedicada às crianças de seis, ou sete anos, até doze, que faze parte da chamada terceira infância, a fase mais propícia à aquisição de conhecimentos e à socialização.   Quando digo mais propícia, não estou negando a possibilidade de se educar e socializar em épocas mais precoces, como na escola maternal.

     Há muitos anos, na Inglaterra, já havia uma lei que tornava obrigatório o envio das crianças para a escola “no máximo até o período escolar consecutivo ao quinto aniversário”. 

     Por que é melhor colocarmos como a época ideal de entrada na escola primária dos seis aos sete anos?  Porque o processo de amadurecimento das crianças não é igual.  Algumas são mais lentas, e outras mais rápidas.  De uma maneira geral, as meninas são mais maduras, têm maior capacidade de concentração e de coordenação, do que os meninos.  Como o início do ano letivo é janeiro, crianças entram para a escola com um pouco menos de seis anos e outras, com quase sete, portanto, com diferentes graus de maturidade Existem crianças com tal grau de desenvolvimento que poderiam entrar para o primário com cinco anos, ou até antes, como os superdotados.

      Essas considerações são importantes no sentido de mostrar que o ensino, nos primeiros anos do curso primário, deverá ser individualizado. Se uma criança se sair mal em determinada atividade, poderá perder o interesse em praticá-la, por sentir-se incapaz de realizá-la.  Deixará de esforçar-se e seu rendimento cairá.  A situação se agravara se for criticada, em casa ou na escola, até chegar a um ponto em que a própria criança se achará ignorante, burra, incompetente.  Perderá sua autoconfiança, o autorrespeito.  Isso ocorre, com mais freqüência, nas crianças que são colocadas muito cedo na escola, ou quando as professoras não têm sensibilidade suficiente para reconhecer as individualidades de seus alunos.  Já se foi o tempo em que o pai solicitava ao professor para “apertar seu filho”, para que ele estudasse.   Perdendo a vontade de estudar, de vencer, são reprovadas, somatizam os seus sentimentos, passam a frequentar a escola como se fossem para um matadouro, aprendem a detestá-la e, por último, criam situações para abandoná-la.  Aí, mais uma vez, aumenta a responsabilidade da professora primária, Caberá a ela evitar que isso aconteça e, se acontecer, caberá a elas a maior parcela no trabalho de recuperação. Segundo a grande educadora brasileira, ESTHER GROSSI, “cada pai e cada mãe, quando presenciam dificuldades de aprender de seu filho, têm o direito de saber que elas podem ser vencidas. Que seu filho não é pouco inteligente, que não é menos dotado, que a gente fica inteligente aprendendo”.

      A inteligência pode ser ensinada e essa é uma das atribuições mais importantes dos professores, principalmente, os do primário.

     Crianças com problemas de aprendizado são frequentemente enviadas aos pediatras, que, na maioria das vezes, não encontram nada de anormal. 

    Aos seis anos de idade, comecei a reconhecer a importância dos professores e a admirá-los.  A responsável foi a D.Judith Lintz,   minha primeira professora, de quem me lembro com carinho e gratidão.  Firme, disciplinadora, amorosa, era para mim como uma segunda mãe.  Ela, e suas irmãs, lecionavam no Colégio São José.  Quantas vezes eu fiquei “preso” após o horário das aulas, diante de um flanelógrafo, para descrever o que eu via? Eu e meu companheiro de “prisão”, o Geraldo Barbosa.  Ensinou-me que se pode conseguir quase tudo, até aprender a fazer composição, que era o meu fraco, desde que nos esforcemos. Mostrou-me, na prática, que disciplina e carinho não são antagônicos.   Aprendi que eu ficava “preso”, porque ela me amava, e o fazia, para que eu me tornasse um bom aluno.   Queria que eu vencesse na vida. Por isso, compartilhava com ela e com meus pais todos os meus sucessos.  Até perdê-la nunca deixei de visitá-la nas minhas idas a Leopoldina, minha terra natal. 

      Um dos meus desejos seria que as crianças de meu país tivessem os pais e as professoras primárias que eu tive.

         

(*)Membro da Academia Leopoldinense de Letras e Artes

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