14/07/2015 às 09h40min - Atualizada em 14/07/2015 às 09h40min

ARREPENDIMENTOS

Lula, tão sabido, deve ter arrependimento enorme de ter escolhido a Dilma para receber seu apoio na eleição de 2010 e de não ter colocado “o preto no branco”, exigido dela um compromisso formal de que ela não seria candidata à reeleição e de que seria ele o candidato em 2014 !

E depois do que está passando no início do segundo mandato, a Dilma deve estar muito arrependida de ter “exigido” ser candidata à reeleição, quando, pelo que se diz, ela foi escolhida pelo Lula porque ele “tinha a certeza” de que ela reconheceria que a ele cabia o direito de ser candidato de novo.

São dois políticos arrependidos, mas cabe a pergunta: “agora ainda há tempo para arrependimentos?”.

Quanto arrependimento deve ter quem escolheu certo ministro do STF ao ver que este, empossado, não sustentou o compromisso (que dizem assumiu ao pedir ajuda) de julgar segundo o que fosse determinado por quem o indicou?

Sílvio Caldas, o seresteiro do Brasil, compôs e gravou uma canção denominada Arrependimento, cuja primeira estrofe diz.

O arrependimento quando chega

Faz chorar,

Os olhos ficam logo rasos d’água

E o coração parece até que vai parar”.

Muita gente, movida até mesmo por orgulho, deve estar arrependida de ato, gesto ou palavra, arrependida de uma aceitação ou de uma negativa, de ter dito desrespeitosa e infeliz frase a pessoa amiga, mas nem sempre tem a coragem ou a humildade para pedir desculpas e obter êxito no arrependimento.  

Vez ou outra, alguém mata ou se mata, e é de se questionar se, por horas, minutos, ou talvez segundos de ponderação, a ação criminosa poderia ter sido evitada. Há estudos que mostram que qualquer transgressor, até mesmo os de índole má, depois se arrependem do ato ilegal, do ato imoral (e até mesmo do que engorda). Nem sempre o arrependimento ocorre a tempo de evitar o pior.

Como no Brasil tudo se esquece facilmente, alguém poderá dizer “tal assunto já está ultrapassado, já caiu no limbo”. Quanto tardio arrependimento deve ter tido o jovem paranaense Rodrigo Gularte, que foi fuzilado na Indonésia, flagrado que foi por estar levando – e acredito piamente que ele não mentiu ao dizer que pela primeiríssima vez – cocaína em prancha de surfe.

Depois de condenada e de ficar anos sofrendo à espera do momento de sua execução, escapou da morte uma jovem filipina, que viajara para a Indonésia a fim de ser empregada doméstica, mas na chegada foi presa porque a eficiente polícia alfandegária da Indonésia encontrou em sua humilde bagagem alguns quilos de droga nociva.

Como é habitual, a imprensa escrita, falada e televisada deu enorme destaque à morte do indigitado traficante brasileiro, quase que ignorando um acontecimento paralelo.

Tudo que escrevi até aqui é preâmbulo para registrar que merece todos os elogios o ato da traficante que colocou criminosamente na bolsa da jovem filipina a droga proibida. Tal senhora, certamente ao longo de sua vida criminosa repleta de atitudes pusilânimes, traficou drogas altamente nocivas, destruiu jovens e até adultos, estraçalhou famílias. Agora, se superou e, com dignidade inimaginável para pessoa de seu baixo quilate, surpreendeu o mundo com gesto de grandeza ímpar.

Tal pessoa merece agora elogios porque, corajosamente, teve SANTO ARREPENDIMENTO, quando nela se acendeu eficaz centelha que implodiu a insensibilidade de seu até então criminoso coração e fez oportunamente a clarividência superar as tentações.

Tal senhora, ao se certificar de que uma pobre jovem inocente iria morrer, reconheceu que agira erradamente e foi dominada por um magnânimo surto de arrependimento. E numa belíssima atitude (que pode lhe custar a vida !!!), gritou em tempo: “estou arrependida, a culpa é minha!”. 

Em 04.05.2015

Nelsinho.

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