30/09/2015 às 22h21min - Atualizada em 30/09/2015 às 22h21min

O caso Bolinha e o discurso do ódio!

O caso Bolinha e o discurso do ódio!

Paulo Lucio – Carteirinho

No dia 12 de Outubro comemoramos o Dia das Crianças. Em Leopoldina não temos muito o que comemorar nessa data. Tendo em vista os últimos acontecimentos. No dia 10 de Setembro uma criança de 8 anos foi estuprada pelo próprio tio. No dia 26, a menina Érika de apenas 4 anos foi estuprada e morta de forma cruel. Esses dois crimes revoltaram a população.

É inadmissível qualquer tipo de violência. Ainda mais com crianças. Seres tão puros e inocentes. Como pai de dois filhos - quase que da mesma idade das crianças violentadas- me solidarizo com as família e imagino a dor eles estão sentindo.

Quando recebi essas notícias confesso que fui tomado por um sentimento de raiva. A raiva é um sentimento normal. Até Cristo teve raiva. Como relata João 2: 15 na passagem que trata da expulsão dos comerciantes no Templo. Cristo o homem que pregou a paz, o perdão, o amor, no ensinou a oferecer a outra faça pegou o chicote e expulsou os comerciantes. Se até Cristo teve raiva imagina nós meros mortais.

A raiva é normal quando é  passageira. A pessoa sentir raiva naquele momento. Passado o momento ela volta ao normal. Caso o sentimento de raiva persita se transforma em ódio. O ódio não é um sentimento normal. É disso que venho tratar nesse texto:  O discurso do ódio.

Venho percebendo o aumento do discurso do ódio. Nas redes sociais vários comentários incentivando o mal. O mesmo se repete nas ruas e mídias. Fiquei abismado quando passei em frente a uma igreja – que não vem ao caso falar qual – e ouvi “cristãos” defendendo a tortura, pena de morte e violência. Serão esses os ensinamentos de Cristo?

Mas o que mais me assustou foi ouvir de algumas crianças esses mesmos discursos. Uma fala ficará para sempre na minha memória. Uma criança conversando com seus coleguinhas disse: “tem que pegar a cabeça dele, arrancar e bater uma Bolinha (jogar futebol)”.

Olha o quanto o discurso do ódio é preocupante. Será esse tipo de pensamento que queremos para nossas crianças? Acredito que não! Dessa forma, devemos abandonar esse discurso de ódio e retomar o do perdão, amor e paz. Do contrário, estaremos incentivando cada vez mais criminosos. Cada vez mais pessoas desumanas. Como diz o ditado: violência gera violência.

Deixo claro que não estou defendendo o Bolinha ou outro tipo de criminoso. Pelo contrário. Quero que eles paguem pelos crimes cometidos. Sendo julgado pela justiça e não por justiceiros de plantão.

Fazer justiça com as próprias mãos não nos torna uma pessoa melhor. Não podemos achar que o justiceiro é herói. Pelo contrário, é também criminoso. Afinal, estará cometendo um crime. Não se combate crime cometendo outro crime. Fazendo isso estaremos regredindo. O que vem seguida? O retorno das crucificações? Os apedrejamentos? O uso da guilhotina? Os enforcamentos? Fuzilamentos? É isso que queremos?

Finalizo citando o conto xamânico: Os Lobos.

“Numa noite, um velho índio Cherokee contou ao seu neto sobre a batalha que acontece no interior das pessoas. Ele disse: - A batalha acontece entre dois lobos dentro de cada um de nós. Um é o Mal. É raiva, inveja, ciúmes, presunção, tristeza, ódio, ganância, arrogância, autopiedade, ressentimento, inferioridade, mentiras, orgulho, superioridade e ego. O outro é o Bem. É alegria, paz. Amor, esperança, serenidade, humildade, gentileza, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé. O neto pensou sobre isso por um minuto e então perguntou ao avô: - E qual é o vencedor? E o velho Cherokee simplesmente respondeu: - Aquele que você alimentar...”

 

Qual lobo estamos alimentando? O lobo mal ou o lobo bom?

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