10/11/2015 às 13h09min - Atualizada em 10/11/2015 às 13h09min

Serginho do Rock, Dr. Dalmo Bastos e a criação do jornal “A Verdade” (I)

Leopoldina-MG – 1969/71 – Vivíamos os “Anos de Chumbo”, implantados a partir do “golpe dentro do Golpe” ocorrido em 1968, por ocasião do afastamento do ditador de plantão, Marechal Costa e Silva – por motivos de saúde - e a não posse do vice-presidente, Pedro Aleixo.    Assumiu uma Junta Militar, composta pelos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

...E lá ia o Brasil vivendo o divulgado “Milagre (econômico) Brasileiro”.

A palavra comunista, àquela época, se dita num ambiente em que estivesse um dedo-duro, era quase uma passagem de ida para Juiz de Fora, para “averiguações”, ou seja, ser preso pelo Exército, levar porrada e ficar confinado sine die.

Ainda assim, Dr. Dalmo insistia em fundar um jornal que fosse combativo, crítico e progressista.    E o conseguiu.    ...Nasceu o jornal “A Verdade”, cujo xará, mais famoso, era o PRAVDA – Verdade, em russo – não sei se coincidentemente ou não.

Médico, atarefado, pai de quatro “anjinhos”, convidou seu primo, Serginho do Rock, para ajudá-lo na estruturação e condução do jornal.

Serginho, além de músico e compositor, era um baita gozador, crítico, espirituoso, satírico, e, apesar de ser “gotoso” (sofrer de gota), gostava e ousava beber vinho tinto “...só para desafiar a gota”, dizia ele.

Assim, Serginho partiu para a empreitada jornalística, buscando colaboradores, estruturando equipes de vendas de assinaturas, gráfica para impressão do jornal, etc.

Dr. Dalmo reservara para si a coluna-combate, que se chamaria “A Tocha”, e cujo slogan foi: ”O que as outras colunas não trazem, A Tocha ...traz”.  Duplo sentido, é claro.

Para a coluna social, Serginho começou sondar um “entendido” e este sugerira ter a coluna social o nome de “Pingos e Respingos”.  Recusa imediata, “colunista” e nome (que Serginho achou muito bichoso).

Ele mesmo, Serginho, faria a coluna social ...do seu modo: lindo, leve e solto.

Para chargista, convidou o Jader Augusto (irmão do Jairão), que àquela época trabalhava no Posto Imperial.

Fundou o “clube do clichê”, que era um fundo com que todos os colaboradores d’ A Verdade contribuíam, para pagamento da confecção do clichê fotográfico da próxima edição do jornal. 

Uma das musas nacionais da época, a modelo Nídia de Paula, foi uma das fotografadas e “clichetadas” para A Verdade.  Se nas revistas Nídia era um chuá, ao vivo, era um mulherão.

O jornal, impresso nos padrões usuais da época - quatro folhas e oito páginas – logo deslanchou tanto em qualidade, quanto conteúdo, bem como no número de assinantes, o que causou bastante desconforto para o outro jornal local, Gazeta de Leopoldina.

 ...Mas isso é assunto para a fase II, desta crônica.                                                Continua...

Edson Gomes Santos, Ribeirão Preto-SP  - 2004

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