11/11/2015 às 08h23min - Atualizada em 11/11/2015 às 08h23min

Serginho do Rock, Dr. Dalmo Bastos e a criação do jornal “A Verdade” (II)

Continuação...

Leopoldina-MG-1969/71 –                                                                                                                

Por que “A Verdade” causara desconforto na Gazeta?  Não sei.

 Talvez por que a proposta do jornal fosse mais atual e sem vínculos a quaisquer grupos políticos ou não.

Infiro que “A Verdade” buscava um estilo que a identificasse positivamente dentro daquele tempo político, além do que, àquela época, existia o jornal PASQUIM, de tiragem quinzenal, circulação nacional, que, novamente infiro, teria sido a “pedra de toque” buscada pelo Serginho.

Houve uma notícia social na Gazeta, onde era relatada uma festa promovida por “socialite” leopoldinense, cujo menu, descrito no texto da nota, estava todo em francês.

Vendo e lendo aquela nota, Serginho entrou em êxtase: “Vou noticiar a festa da Turma da Galomba, só que com os pratos típicos que foram servidos”.

Para a entrada, “soupe de asperges” (sopa de aspargos), o “menu” do Serginho serviu “torresme”;  como prato principal, “dindon avec jambon” (peru com presunto), Serginho serviu “pon avec salame” (pão com salame); como sobremesa, “crème glacè au chocolat” (sorvete de chocolate), Serginho serviu “pirulite de hortelã”.  

Serginho do Rock era assim, alegre, descolado, crítico, sensível, leal, e, principalmente, AMIGO.

O jornal era impresso na Gráfica Esdeva, que funcionava anexa à centenária escola Academia de Comércio, em Juiz de Fora.

A diagramação e matérias eram  – creio – enviadas via Correios ou levadas de automóvel (do Dr. Dalmo) até JF, quando o prazo para fechamento das edições estava muito curto.

Finalizada a impressão de uma edição, às vezes na madrugada de sábado, não haveria meio de despachar os jornais para chegada em tempo hábil para distribuição no sábado. Solução: Dr. Dalmo liberava um de seus automóveis – normalmente o Karmann Ghia vermelho – para que algum motorista levasse o Serginho a JF para buscar os exemplares, pois o Serginho (creio) NÃO SABIA DIRIGIR.

Dentre as provocações da Gazeta, a que mais incomodou e estimulou a dupla Serginho/Dr. Dalmo, foi a notícia de que “A Verdade” circularia com 32 páginas!

Provocação lançada!  Desafio aceito!  ...Mas como?  32 páginas não só extrapolaria os custos normais, como demandaria enorme carga de artigos, além de exigir maior esforço criativo dos colaboradores.

Durante uma “tempestade cerebral” (brain storm) veio a solução: “A VERDADE, na próxima edição, circulará com 32 páginas, e, nessa edição, excepcionalmente, circulará no formato TABLÓIDE, sentenciaram Serginho do Rock e Dr. Dalmo.  

E assim foi feito. A provocação-desafio realizou-se. A VERDADE CIRCULOU COM 32 PÁGINAS!

Edson Gomes Santos, Ribeirão Preto-SP - 2004

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