O CANTINHO MUSICAL abre espaço em sua coluna para exibir algumas obras maravilhosas daquele que entregou sua alma e seu coração ao mundo do samba , cantando e compondo belas canções : MARTINHO DA VILA. Autor que , “ devagar , devagarinho “ , vai construindo grandes clássicos do samba e de sambas-enredo emocionantes , produzindo para a MÚSICA POPULAR BRASILEIRA verdadeira arte com variações de estilo musicais .
No dia 12/02/1938 , em um sábado de carnaval , numa fazenda em Duas Barras , região serrana do Estado do Rio de Janeiro , uma luz divinal iluminava o nascimento de MARTINHO JOSÉ FERREIRA já predestinado a seguir uma trajetória musical , tornando-se um perfeito ícone do samba . Com quatro anos mudou-se com a família para um subúrbio da Cidade do Rio de Janeiro , entre Lins de Vasconcelos e Méier , lugar mais conhecido como Boca do Mato , fixando nessa cidade sua morada , onde se destacou como cantor e compositor de belos sambas que abrilhantaram o cenário da Música Popular Brasileira . Nesse tempo , Martinho começou a compor sambas de terreiro e sambas-enredo para a Escola de Samba Aprendizes da Boca do Mato , tornando-se grande vencedor naquela agremiação . O mais interessante é que , antes de ser o Martinho da Vila , foi apresentado , no início de sua carreira , em um ensaio na quadra da Portela , como Martinho da Boca do Mato .
Como primeira profissão foi Laboratorista Industrial, com curso pelo SENAI e , posteriormente , ingressou no exército brasileiro onde foi sargento-escrevente , datilógrafo e contador do Ministério da Guerra . Namorando a cantora Anália Mendonça , Martinho não saía de Vila Isabel e , quando a escola do bairro passou para o primeiro grupo , foi para Vila ingressando na ala dos compositores e revolucionando logo o ambiente , quebrando uma tradição imposta pelas regras dos desfiles que determinavam temas históricos , a Unidos de Vila Isabel desfilaria , naquele ano , com um enredo de ficção “ Carnaval de Ilusões “ , com um belo samba de sua autoria em parceria com Gemeu e não baseado na história , como era comum. Depois desse episódio aconteceram grandes mudanças , a começar pelo próprio nome, passando a ser conhecido como “ MARTINHO DA VILA “ e não mais como MARTINHO DA BOCA DO MATO .
A partir de agora , O Cantinho Musical desfilará , depois de uma consciente triagem em suas diversas canções , os sambas de maiores sucessos e de conhecimento dos que curtem esse maravilhoso ritmo . Iniciaremos com um relato musical onde Martinho expressa sua alma caseira , descrevendo o comportamento da família em relação aos hábitos degradantes de determinados membros da sociedade , valorizando as atitudes executadas no interior de sua “ CASA DE BAMBA “ .
[ “ / Na minha casa todo mundo é bamba / Todo mundo bebe todo mundo samba / (2X ) / Na minha casa não tem bola pra vizinha / Não se fala do alheio , nem se liga pra Candinha / (2X) / Na minha casa todo mundo é bamba / Todo mundo bebe todo mundo samba / (2X) Na minha casa ninguém liga pra intriga / Todo mundo xinga , todo mundo briga / (2X) / Macumba lá na minha casa / Tem galinha preta , azeite de dendê / (2X) / Mas ladainha lá na minha casa / Tem reza bonitinha e canjiquinha pra comer / (2X) / Se tem alguém aflito / Todo mundo chora , todo mundo sofre / Mas logo se reza pra São Benedito / Pra Nossa Senhora e pra Santo Onofre / Mas se tem alguém cantando / Todo mundo canta , todo mundo dança / Todo mundo samba e ninguém se cansa / Pois minha casa é casa de bamba / . “ ] . Martinho da Vila deixa quase sempre transparecer , em suas canções , críticas relacionadas às dificuldades de sobrevivência por uma parte da sociedade que luta para conseguir sair desse estado de pobreza , buscando nos estudos a forma de livrar-se dessa situação . Inspirado num problema que estava atingindo seu amigo Xavier que residia num subúrbio do Rio , trabalhava no centro e fazia faculdade em Niterói , Martinho , diante de uma grande epopéia , demonstra uma trajetória vencedora do personagem por meio de uma formação acadêmica , porém com muita dificuldade e rebatendo aqueles que , por ele ter completado os estudos em uma Instituição de Ensino particular , chamam-lhe de “ O PEQUENO BURGUÊS “ .
[ “ / Felicidade / Passei no vestibular / Mas a faculdade / É particular / Particular , ela é particular / Particular , ela é particular / Livros tão caro / Tanta taxa pra pagar / Meu dinheiro muito raro / Alguém teve que emprestar / Que emprestar , alguém teve que emprestar / (BIS) Morei no subúrbio / Andei de trem atrasado / Do trabalho ia pra aula / Sem jantar e bem cansado / Mas lá em casa à meia noite / Tinha sempre a me esperar / Um punhado de problemas / E criança pra criar / Para criar , só criança pra criar/ (BIS) / Mas felizmente / Eu consegui me formar / Mas da minha formatura / Nem cheguei a participar / Faltou dinheiro pra beca / E também pro meu anel / Nem o diretor careca / Entregou o meu papel / O meu papel / Meu canudo de papel / (BIS) / E depois de tantos anos/ Só decepções , desenganos / Dizem que eu sou burguês / Muito privilegiado / Mas burgueses são vocês / Eu não passo de um pobre coitado / E quem quiser ser como eu / Vai ter que penar um bocado / Um bom bocado , vai penar um bom bocado / (BIS) / . “ ] .
Martinho Da Vila sempre cultivou boas amizades no mundo do samba , sendo respeitado por todos os artistas pela sua competência musical . Há uma passagem histórica na MPB , quando Alcione , a Marrom , pediu-lhe que compusesse um samba para gravar com Maria Bethânia . Atendendo , prontamente , criou uma bela canção , associando o ritmo da dança com o da vida , expressando vários fatos do cotidiano . Ao estruturar a música , Martinho recorre , estilisticamente , a uma cadência rítmica por meio de um jogo de palavras , caracterizando um movimento circular da vida através da “ RODA CIRANDA “ .
[ “ / Ciranda de roda / De samba de roda da vida / Que girou , que gira / Na roda da saia rendada / Da moça que dança ciranda / Ciranda da vida / Que gira e faz girar a roda / Da vida que gira / (BIS) / Na cabeça do bom Santo Amaro / Que é da Purificação / E nas águas que rodeiam a ilha / De São Luiz do Maranhão / Na rodilha embaixo da talha / E em cima do torso da negra / Que ainda rebola / Nas curvas da vida da velha / Que ainda consola / A criança que chora / A roda é pra rodar na gira / Da vida que roda / Olha a roda , olha a roda / A roda é pra rodar na gira / Da vida que roda / Ciranda de roda . “ ] .
A canção é , com certeza , um apêndice da alma de Martinho da Vila , pela simples razão de ser um eterno apaixonado pelos ritmos brasileiros . Neste samba em que ele desfolha todas características de nossa música , faz um apelo para que cantemos com muita alegria e para omitir o canto que não tem nada a ver com a felicidade musical : “ CANTA , CANTA , MINHA GENTE “ .
[ “ / Canta , canta , minha gente / Deixa a tristeza pra lá / Canta forte , canta alto / Que a vida vai melhorar / Que a vida vai melhorar / Que a vida vai melhorar / 2X / Cantem o samba de roda / O samba-canção e o samba rasgado / Cantem o samba de breque / O samba moderno e o samba quadrado / Cantem ciranda e frevo / O coco , maxixe , baião e xaxado / Mas não cantem essa moça bonita / Porque ela está com o marido do lado / ( REPETE A 1ª. ESTROFE ) / Quem canta seus males espanta / Lá em cima do morro ou sambando no asfalto / Eu canto o samba-enredo / Um sambinha lento ou um partido alto / Há muito tempo não ouço / O tal do samba sincopado / Só não dá pra cantar mesmo / É vendo o sol nascer quadrado . “ ] .
Martinho da Vila teve sua trajetória musical compondo , com alguns parceiros do mundo do samba , lindas canções . Um dos belos sambas de sua galeria musical foi criado em parceria com CANDEIA , um bamba iluminado da Portela . O tema da música versa sobre uma seriedade no amor e o comprometimento entre os amantes , alertando a uma das partes do casal que “ AMOR NÃO É BRINQUEDO “ .
[ “ / Se quiser se distrair , / Ligue a televisão , Amor comigo não / Se estás procurando distração / O romance terminou mais cedo / Peço por favor , pra não brincar com meu segredo / Verdadeiro amor não é brinquedo / Tens que chorar no meu choro / Sorrir no meu riso / Sonhar no meu sonho / Versar nos meus versos / Cantar no meu coro / Na minha tristeza tens que ser tristonho / Avisa-me se estás brincando / porque vou ficar também de brincadeira / Não choro o teu choro / Não sonho o teu sonho / Não verso os teus versos / Nem marco bobeira / Se quiser se distrair ..... / “ ] .
Uma das coisas corriqueiras no cotidiano do mundo do samba é , após a reunião de amigos regada à boa música e à bebida , criar novas canções . Martinho da Vila , diante desse quadro corriqueiro , compôs uma das mais belas canções de seu acervo musical cujo personagem - “ o nego que chegou de porre da boemia suplica , para sua nega , uma singela e bela declaração de amor , mesmo com um distúrbio etílico configurado pelo autor com o nome de “ DISRITMIA “ .
[ “ / Eu quero me esconder debaixo / dessa sua saia pra fugir do mundo / Pretendo também me embrenhar / No emaranhado desses seus cabelos / Preciso transfundir seu sangue / Pro meu coração que é tão vagabundo ... / Me deixe te fazer um dengo / Pra num cafuné fazer os meus apelos , / (BIS) Eu quero ser exorcizado / Pela água benta desse olhar infindo / Que bom é ser fotografado / Mas pelas retinas desses olhos lindos / Me deixe hipnotizado / Pra acabar de vez com essa disritmia ! / Vem logo , vem curar seu nego / Que chegou de porre , lá da boemia / (BIS ) / “ ] .
Depois da queda para o segundo grupo nos desfiles das escolas de samba , fato entristecedor para os componentes da “ Unidos de Vila Isabel “ , Martinho da Vila , diante de tal situação , compôs um samba caracterizado como projeto musical e poético cuja narrativa versa sobre a ressurreição de sua escola preferida , desfilando , minuciosamente , em sua canção , as partes que estruturam os acontecimentos em uma agremiação de sambistas , associando o tema a uma verdadeira Fênix em “ RENASCER DAS CINZAS “ .
[ “ / Vamos renascer das cinzas / Plantar de novo o arvoredo / Bom calor nas mãos unidas / Na cabeça um grande enredo / Ala de compositores / Mandando o samba no terreiro / Cabrocha sambando / Cuíca roncando / Viola e pandeiro / No meio da quadra / Pela madrugada / Um senhor partideiro / Sambar na avenida / De azul e branco / É o nosso papel / Mostrando pro povo / Que o berço do samba / É em Vila Isabel / (BIS) / É tão linda a nossa escola ! / Que é tão bom cantarolar / Lá , lá , iá , iá , iá , iá , rá iá. / . “ ] .
Martinho da Vila , no meio dos sambistas , é considerado e respeitado como grande compositor e brilhante cantor com uma voz bem cadenciada , gravando , de outros autores , vários sucessos que se confundem com suas próprias criações . É o caso de um samba de Toninho Geraes que foi grande sucesso na interpretação de Martinho da Vila . A composição era muito boa , mas muito degradante para a caracterização do sexo feminino , Martinho refez , com autorização do compositor , mexendo em alguns pontos para tornar a música menos machista , transformando , assim , nas mais sonhadas das “ MULHERES “ .
[ “ / Já tive mulheres / De todas as cores / De Várias idades / De muitos amores / Com umas até / Certo tempo fiquei / Pra outra apenas / Um pouco me dei... / Já tive mulheres / Do tipo atrevida / Do tipo acanhada / Do tipo vivida / Casadas carentes / Solteira feliz / Já tive donzela / E até meretriz ... / Mulheres cabeça / E desequilibradas / Mulheres confusas /De guerra e de paz / Mas nenhuma delas / Me fez tão feliz / Como você me faz .../ Procurei / Em todas as mulheres / A felicidade / Mas eu não encontrei / Fiquei na saudade / Foi começando bem / Mas tudo teve fim .../ Você é / O sol da minha vida / A minha vontade / Você é mentira / Você é verdade / É tudo o que um dia / Eu sonhei pra mim ... / ( BIS ) / . “ ] .
A angústia e o sofrimento causados por uma separação amorosa transformam o comportamento da pessoa amada em grande amargura . Martinho entoa esta canção com um enorme sentimento na alma , configurando todo um sofrer angustiante declarado para seu “ EX-AMOR “ .
[ “ / Ex- amor , / Gostaria que tu soubesses / O quanto que eu sofri / Ao ter que me afastar de ti / Não chorei / Como um louco eu até sorri / Mas no fundo só eu sei / Das angústias que senti / Sempre sonhando / Com o mais eterno amor / Infelizmente / Eu lamento mas não deu / Nos desgastamos / Transformando tudo em dor / Mas mesmo assim eu acredito que valeu / Quando a saudade bate forte/ É envolvente / Eu me possuo / E é na tua intenção / Com a minha cuca / Naqueles momentos quentes / Em que se acelerava o meu coração / . “ ] .
O espírito revolucionário que Martinho da Vila apresentou durante sua trajetória artística , dando uma nova roupagem nas características do samba-enredo e do partido –alto , estende-se , precocemente , em uma atitude encorajadora criando um samba que configura a sua autobiografia desenvolvida nas letras de “ QUEM É DO MAR NÃO ENJOA “ .
[ “ / Quem é do mar não enjoa , não enjoa / Chuva fininha é garoa , é garoa / Homem que é homem não chora , não , não chora / Quando a mulher vai embora , vai embora / Quem quiser saber meu nome / Não precisa perguntar / Sou o Martinho lá da Vila / Partideiro devagar / Quem quiser falar comigo / Não precisa procurar / Vá aonde tiver samba / Que eu devo estar por lá / Eu cheguei no samba agora / Mas aqui eu vou ficar / Pois quem é mesmo do samba / Vai até o sol raiar / O sereno tá caindo / Tá caindo devagar / Vai cair chuva miúda / E o samba não vai parar / Serenou lá na Mangueira / Serenou lá na Portela / Serenou em Madureira / Serenou lá na favela / Serenou lá no Salgueiro / Serenou lá no Capela / Serenou na minha casa / Serenou na casa dela / Quem tiver mulher bonita / Traga presa na corrente / Eu também já tive a minha / Mas perdi num samba quente / A menina foi embora / Mas um samba vou cantar / Pois está mesmo na hora / De ter outra em seu lugar / . “ ] .
Martinho sempre competiu nas quadras em escolha de samba-enredo que representaria nos desfiles das escolas na avenida . Fascinado por esse gênero , chegando a gravar um LP com sambas-enredo de várias escolas , foi verdadeiro criador , junto a seus parceiros , de sambas vencedores . O primeiro samba-enredo , CARNAVAL DE ILUSÕES , composto em parceria com Gemeu , foi o ponta- pé inicial para uma linda e competente participação em vários concursos , quase sempre saindo-se vencedor ( acaba de ganhar em parceria com Arlindo Cruz o samba da Vila para 2016 ) . O segundo samba-enredo de Martinho da Vila para a Unidos de Vila Isabel , embora não tenha conquistado o êxito esperado , foi uma das músicas que marcou o compositor como grande revelação e , acima de tudo , lhe valeu o respeito da crítica . “ QUATRO SÉCULOS DE MODAS E COSTUMES “ .
[ “ / A Vila desce colorida / Para mostrar no carnaval / Quatro séculos de modas e costumes / O moderno e o tradicional / Negras , brancos , índios / Eis a miscigenação / Ditando moda / Fixando os costumes / Os rituais e a tradição / E surgem tipos brasileiros / Saveiros e batedor / O carioca e o gaúcho / Jangadeiro , cantador / Lá vem o negro / Vejam as mucamas / Também vem com o branco / Elegantes damas / Desfila modas no Rio / Costumes do norte / E a dança do sul / Capoeira , desafios / Frevos e maracatu / Laiareiá ô , laiaraiá .... / Festa da menina moça / Na tribo dos carajás / Candomblés lá da Bahia / Onde baixam os orixás / É a Vila que desce !!!! / . “ ] .
Inspirado em um poema de Carlos Drummond de Andrade , Martinho da Vila , em parceria com Rodolpho e Graúna , seguindo sua linha de vanguarda em samba-enredo , compôs , para o desfile da “ Unidos de Vila Isabel “ , em 1980 , um samba cujo enredo era : “ SONHO DE UM SONHO “ .
[ “ / Sonhei / Que estava sonhando um sonho sonhado / O sonho de um sonho magnetizado / As mentes abertas sem bicos calados / Juventude alerta / Os seres alados / Sonho meu / Eu sonhava que sonhava /(BIS)/ Sonhei / Que eu era o rei que reinava como um ser comum / Era um por milhares , milhares por um / Como livres raios riscando os espaços / Transando o universo / Limpando os mormaços / Ai de mim / Ai de mim que mal sonhava / (BIS) / Na limpidez do espelho só vi coisas limpas / Como uma lua redonda brilhando nas grimpas / Um sorriso sem fúria , entre o réu e o juiz / A clemência e a ternura por amor da clausura / A prisão sem tortura , inocência feliz /Ai meu Deus , / Falso sonho que eu sonhava / Ai de mim / Eu sonhei que não sonhava / Mas sonhei / . “ ] .
Ainda com a ousadia revolucionária na feitura de sambas-enredo , a Unidos de Vila Isabel conquistou o quinto lugar na avenida com o magnífico samba que Martinho da Vila e Rodolfo de Souza compuseram para o carnaval de 1969 “ IAIÁ DO CAIS DOURADO .
[ “ / No Cais dourado da velha Bahia / Onde estava o capoeira / A Iaiá também se via / Juntos na feira ou na romaria / No banho de cachoeira / E também na pescaria / Dançavam juntos / Em todo fandango e festinha / E no reisado / Contra mestre e pastorinha / Cantavam Iaiáralaiá , Iaiá / Nas festas do alto do Cantuá / Mas loucamente / A Iaiá do cais dourado trocou seu amor / Ardente por um moço requintado / E foi-se embora / Passear de barco à vela / Desfilando em carruagem / Já na era mais aquela / E o capoeira / Que era valente chorou / Até que um dia a mulata / Lá no cais apareceu / Ao ver o seu capoeira / Logo pra ele correu / Pediu guarida / Mas o capoeira não deu / Desesperada / Caiu no mundo a vagar / E o capoeira ficou com seu povo a cantar ... / Laiá , Iaiá , iaiá , Iaiá / Laiá , Iaiá , Iaiá , iaiá . “ ] .
Encerrando um pequeno demonstrativo musical desse enorme compositor e cantor , apresentaremos um samba com tema da malandragem, característica essencial manifestada na galeria das canções de Martinho da Vila , referindo-se ao malandro explorador e sem escrúpulo que nas rodas de samba está sempre “ NA ABA “ .
[ “ / Na aba do meu chapéu / Você não pode ficar / Meu chapéu tem aba curta / Você vai cair / E vai se machucar / (BIS) / Eu compro a cerveja / Você pede um copo / E bebe logo / Eu compro um cigarro / Você pede um / Como você pede um / Eu mando vir o salgado / O senhor come tudo / Parece que nunca comeu / Pede tudo que vê / Tu és 171 / Um tremendo 171 .../ Eu não nasci pra coronel / Coronel / Saia da aba do meu chapéu... / (bis) E REPETE A 1ª. ESTROFE / Você passa por mim / e pergunta zombando / Passa zombando e diz : / _ Uns e outros , maneiro / Como é que é ? / Como é que é ? / Para o seu bem-estar / Fique logo sabendo / Olha seu coisa ruim / É que lá no Macaco / Não tem Zé Mané / Não mora Mané / Lá na tendinha / Do Zé do Caroço / Será que o senhor / Não se lembra ? / Paguei a despesa / Ficaste com o troco / Até hoje não me devolveu / Olhe bem que a massa / Está te sacando / Como está ! / De repentemente / O bicho está pegando ...! / É que eu sou do bairro de Noel / Seu nome é Vila Isabel / Vá saindo / Da aba do meu chapéu / (BIS) / . “ ] .
O CANTINHO MUSICAL , ao investigar todo acervo das canções de Martinho da Vila , constatou que ele é um dos ícones do samba brasileiro , contribuindo com suas belas e simples composições e interpretando canções suas e de outros compositores com aquela cadência inconfundível . Infelizmente não foram apresentados , neste espaço musical , vários sucessos da imensa coletânea de seu cancioneiro . Entretanto , tivemos o cuidado em selecionar os sambas que fizeram e fazem sucessos no panorama da MÚSICA POPULAR BRASILEIRA .
“ SEMPRE DEMONSTRANDO UM SORRISO ABERTO , UMA COMPETÊNCIA MAGISTRAL , UM ESPÍRITO RENOVADOR EM SUAS COMPOSIÇÕES E UM COMPANHEIRISMO DE PROFISSIONAIS NO MUNDO DO SAMBA , MARTINHO DA VILA HOJE É , INTERNACIONALMENTE , CONHECIDO E RESPEITADO COMO CAMPEÃO DE SUCESSOS E COMO UM DOS MAIORES REPRESENTANTES DA MÚSICA VERDADEIRAMENTE POPULAR BRASILEIRA” .”