Carnaval!?
Paulo Lucio – Carteirinho
O carnaval está chegando. Junto com ele, o velho discurso conservador de algumas pessoas que são contra o carnaval. Muitos tentam impedir a realização dessa importante festa popular. Pegam carona na crise econômica e política fazendo campanhas sensacionalistas, apelando para a fragilidade do setor público em algumas áreas, como a saúde e a educação , criando um Fla x Flu, uma disputa entre o carnaval e essas áreas, exigindo do setor público o cancelamento do carnaval e o envio de recursos para outros setores.
Em ano de eleição, essas campanhas ganham força, já que muitos governantes e políticos, da oposição à situação, acabam sendo influenciados por essas campanhas contra o carnaval visando ganhar votos. Porém, da mesma forma que tem gente que é contra, tem gente que é a favor, sendo muito mais a favor do que contra, logo, ser contrário ao carnaval não é uma boa tática eleitoral. É um tiro no pé.
Deixar de investir no carnaval e destinar os recursos para outras áreas públicas, a princípio pode ser até uma boa ideia. Porém, se analisarmos a longo prazo, deixar de realizar o carnaval pode trazer grandes prejuízos para a cidade.
Como o setor público arrecada dinheiro? Através de impostos. Diretos e indiretos. Como IPTU, IPVA, alvarás, multas, licenças... mas principalmente impostos sobre os produtos. Quando você compra algo, parte do valor desse produto vai para o Estado. Afinal, todos os produtos têm impostos. Logo, quanto maior for o consumo, maior será a arrecadação do Estado.
O carnaval acaba sendo uma forma do setor público arrecadar mais. Assim como em outras datas: Natal, Ano Novo, Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Dia dos Namorados, Páscoa... . Esses dias comemorativos fazem com que as pessoas gastem dinheiro. Fazendo a economia funcionar. Distribuindo renda. Automaticamente, gerando empregos.
Vamos ao exemplo na prática. Muitas pessoas aproveitam o feriado prolongado para viajarem. Alguns vão de ônibus, gerando emprego e renda nas empresas de ônibus e rodoviárias. Outros vão de veiculo próprio, claro, revisados, gerando emprego e renda nos postos de gasolina e oficinas.
Durante a viagem, param para comerem algo. Gerando emprego e renda nos restaurantes, bares e lanchonetes, e até mesmo, vendedores ambulantes espalhados rodovia à fora.
Ao chegarem na cidade, os visitantes ficam hospedados nos hotéis ou casas alugadas, gerando emprego e renda no setor hoteleiro e imobiliário. Outros preferem casa de amigos e familiares. Durante a estadia, eles se alimentam (café da manhã, almoço, lanche e janta) gerando emprego e renda no setor alimentício (mercados, bares, restaurante, lanchonetes, açougues, padarias... ).
Os visitantes não saem de suas casas para ficarem dentro de outra casa. Eles aproveitam para passear. Conhecer a cidade. Sua natureza, flora, fauna e seu acervo histórico. Para isso, utilizam taxi, mototaxi, ônibus. Gerando emprego e renda no transporte da cidade. Muitos acabam comprando algumas lembrancinhas, gerando emprego e renda no setor de artesanato.
Durante o dia aproveitam o que a cidade tem para oferecer. A noite vão para a folia. Brincando nos bailes de carnavais. Gerando emprego e renda.
Muitos dos visitantes, acabam retornando mais vezes a cidade. Outros gostam tanto da cidade que acabam ficando. Alguns deles empresários, que abrem empresas gerando emprego e renda.
Todos esses eventos geram emprego e renda. Cito o exemplo da roda de samba. Para a realização desse evento é necessário contratar um grupo de samba, gerando emprego e renda para os músicos. Para ter música é preciso de sonorização e iluminação, gerando emprego e renda nesse setor. Visando a tranquilidade do evento, contratamos seguranças, gerando emprego e renda . Contratamos também banheiros químico, gerando emprego e renda para as empresas que fornecem. Fora comidas e bebidas que são adquiridas no comércio local, gerando emprego e renda para muitos desses setores.
Olham quantos empregos e renda um simples evento desse cria. Agora multiplique por vários eventos, realizados durante o ano, sendo por várias outras escolas e comunidades.
Destaco também a geração de empregos e renda na produção de fantasias e alegorias. São necessários materiais (tecido, plástico, tinta, isopor, papel, ferro, borracha, cola, purpurina....) e profissionais (costureiras, soldadores, artistas,dançarinos, … ).
Como podem notar, o carnaval é uma grande indústria. Uma máquina de fazer dinheiro. Gera emprego e renda para a cidade o ano todo. Agora imagina se o setor público deixar de investir no carnaval o que vai acontecer? A resposta é simples: o setor público vai deixar de gerar emprego e renda. Logo, deixará de arrecadar. Automaticamente, terá menos dinheiro para investir em outras áreas, como saúde e educação.
A cidade que deixa de investir no carnaval num ano, terá menos recurso nos anos seguintes. Além de que vai ter mais gastos. Afinal de contas, quando você gera emprego e renda, as pessoas passam a depender menos do Estado, com isso o gasto do setor público é menor. Uma pessoa que tem um emprego e está se sentindo mal, pode recorrer a um médico particular e comprar remédio na farmácia. Agora, uma pessoa desempregada vai depender do setor público e do remédio fornecido pelo governo. Logo, deixar de fazer o carnaval é aumentar os gastos do setor público, aumentar a dependência do povo ao Estado.
O setor público vai gastar muito mais com a saúde caso não realize o carnaval. Dessa forma, quem faz campanha contra o carnaval está prejudicando a saúde, educação, segurança... . Além da geração de emprego e renda.