11/02/2016 às 11h06min - Atualizada em 11/02/2016 às 11h06min

Caçadores e pescadores leopoldinenses - I – Leopoldina-MG - 1950/60

Não há como deixar passar a oportunidade de registrar o fato de que Leopoldina também teve seus caçadores e pescadores, e, dos que me lembro, eram profissionais que além das suas atividades laborais normais, também se dedicavam à caça e à pesca, como lazer.

Como caçadores e pescadores tem “cada” história para contar..., vamos lá!

Francisco Ubirajara Morais Coutinho (Dr. Bira), Paulo Aragon Pinheiro, Dr. Pedro Arantes, Carlos Rubens Arantes (Dr. Uba), Nicanor Junqueira Brugger, Domingos Jardim Junqueira (Minguinho), Jorge Jardim Junqueira, Lica Freitas (pai do Bebeto e da Rita Freitas), são os que me vem à memória e, de alguns deles, lembro-me de casos e “causos” contados por pessoas daquelas épocas. Reais ou não, tenho certeza de que todos tiveram um “fundo de verdade”.

Se as caças eram suas preferidas, não sei. Por isso vou ater às suas atividades de pesca e primeiramente “estarei” com o Nicanor.

NICANOR JUNQUEIRA BRUGGER produzia o famoso doce de manga Laginha, doce esse que em virtude da qualidade e sabor, teve sua fama comprovada quando da visita da Rainha Elizabeth ao Brasil, pois o doce foi servido como sobremesa tipicamente brasileira e, pela Soberana, elogiado.

Nicanor gostava de inovar, tanto é que o mangueiral de onde saiam as mangas foi resultado de enxertia feita por ele mesmo (conforme presenciei-o afirmar, com muito orgulho, quando o Prof. Dr. Otto Andersen, da Universidade de Viçosa, sugeriu-lhe que não usasse mangueiras francas e, sim, fizesse enxertias para melhorias dos padrões frutíferos).

Buscando alternativas, nos anos 1980 implantou cultura experimental de cacau, visando aproveitar o sombreamento do seu mangueiral e implementar a cacauicultura como alternativa viável, em Leopoldina. 

Como todo bom pescador, e Nicanor o era, ele dizia que realmente aconteciam coisas que, de tão estranhas e inusitadas, tornavam-se “histórias de pescador”.  Sim, aqueeeelas que, fugindo do normal, era difícil de acreditar ...mas que eram verdade, eram!

A coruja “pescada”  foi um desses casos. 

Voltando de umas tarrafadas noturnas pelas fazendas e açudes da região para pegar peixes-iscas para a pesca de dourados, vinha ele e alguns acompanhantes na sua Kombi.
Das janelas laterais de ventilação abertas, as varas de pesca projetavam-se para a parte externa lateral da Kombi e, num determinado momento começou um barulho estranho, como se algo estivesse batendo e se debatendo no teto da kombi.

Preocupado, imediatamente estacionou a kombi; desceu para ver o que acontecera; e, alcançando o olhar para o teto do veículo, deparou com uma CORUJA toda enrolada e “pescada” nas linhas de pesca, debatendo-se desesperadamente tentando livrar-se.

Sorridente e mais tranquilo, cuidadosamente Nicanor foi desvencilhando a coruja das linhas, até que ela, vendo-se liberta, deu um pio (de agradecimento?) e voou para a liberdade.
Nicanor, sorrindo para si, só pensou: “É se contar isso para alguém, não dá para acreditar – “pescar” uma coruja – é, vai ser só mais uma “história de pescador”.  ...E seguiu sua viagem.

Edson Gomes Santos – Divinópolis-MG - 2008
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