Vez ou outra, mas com boa assiduidade, falam-me em via pública ou por gentil telefonema para tecer comentários sobre meus escritos no Leopoldinense. Chegam-se a mim não só “coxinhas” e “petralhas”, mas também “colunas do meio”, dando-me a certeza de que, mantendo-me neutro politicamente como tenho procurado estar, minha atuação é bem aceita.
Minha indignação com a Oi total gerou muitas manifestações, felizmente todas solidárias a mim.
Com antecipadas escusas se a ordem dos fatos sofrer incorreções, conto que soube, por terceiros, do que aconteceu com uma pessoa de postura ética invejável, totalmente avessa a questionamentos. Escrevo o que suponho teria ela, mais uma vítima da Oi, escrito se fosse mandar correspondência narrando o fato a parente próximo, depois que este estranhou não estar recebendo as costumeiras ligações telefônicas diárias.
“Aproveitando da promoção “Oi conta total light”, comecei a ter o serviço de telefone fixo com direito à Internet e ao serviço dela para celular, ao preço mensal de R$161,64. No começo de fevereiro, fui surpreendido por uma cobrança, referente a janeiro, de R$ 193,74 (20% a mais), além de outra fatura extra, de pequeno valor. Compareci ao posto de atendimento, fui bem acolhido, o engano no valor da fatura foi reconhecido e comunicado ao serviço central ou regional da Oi, que também reconheceu o erro. Houve a promessa de que, em dias próximos, seria mandada a nova fatura, com valor corrigido para o que havia sido pactuado, ou seja, R$ 16l,64. Apesar de a atendente me ter comunicado tal procedimento, a fatura correta referente a janeiro não chegou a meu endereço reconhecido pela Oi, que inclusive já o usara em várias faturas anteriores.
Temeroso de que novos enganos pudessem ocorrer no débito automático, cancelei em fevereiro a autorização. Por não ter sido mandada para mim, a fatura de janeiro não pode ser paga na data do vencimento. Não sei se, por coincidência ou pela falta de pagamento, a Oi cortou, por uma semana, o direito de eu fazer ligações de meu telefone, mas, sem que eu saiba o motivo, o telefone recebia ligações.
Até hoje, meados de abril, a fatura de março não chegou até mim para pagamento. Como a fatura de março devia ser paga no início de abril, e procurando evitar novo e indesejado nocivo corte em meu aparelho, resolvi obtê-la pela internet. Alguém consegue adivinhar o motivo pelo qual a fatura não chegou a meu endereço? Pelo menos imagina qual foi minha surpresa? Minha fatura foi enviada para uma cidade do interior de um Estado que fica muito longe de Minas Gerais. E com tal erro, mais um da Oi, tal fatura nunca vai chegar aqui, mesmo que nela estejam corretos meu nome, meu CPF e o valor a pagar. O ocorrido comigo é uma pequena demonstração do quanto a Oi está falhando na prestação de serviço a seus contratantes”.
É força de expressão, mas todo mundo tem uma história negativa sobre a operadora Oi, podendo relatar um problema pessoal ou de algum parente ou de algum conhecido. Não há como aqui se narrarem muitos comentários. Há casos, porém, que geram comiseração, como o de uma senhora, bem idosa, viúva, que ficou praticamente um mês sem telefone, mesmo com a conta paga “religiosamente” em dia. Aconselhada a não pagar a conta e a tomar providências além da atitude de pedir bom atendimento à Oi, a idosa argumentou “se não pagar, fica pior”. Tal senhora fez inúmeras ligações pedindo unicamente que pudesse fazer e receber ligações. Davam-lhe o número do protocolo, marcavam dia e hora, mas não apareciam. Nova reclamação, novo protocolo, nova indiferença da Oi ao compromisso assumido. Nem a informação de que a senhora passava os dias sozinha em casa, tendo o telefone como seu primeiro pedido de socorro, nem com a ida de familiares, viajando de cidade vizinha, ao escritório da Oi na Cotegipe se obteve êxito antes de cerca de 30 (trinta) dias. E, mesmo com o telefone “sem vida”, a conta foi cobrada e, pior, foi paga!
Por fim, atendida, sentiu-se aliviada e agora está em duvida se convém ou não manter guardados os números dos protocolos para ilustrar uma possível ação judicial no caso de a Oi voltar a não lhe fazer atendimento correto.
A prática do indevido reajuste do preço não é reclamação esporádica. Se todo mundo que recebesse uma fatura (em desconformidade com o contrato) saísse de sua inércia e “entrasse na Justiça”, o poder judiciário se inundaria de tal forma que o governo se veria compelido a agir para enquadrar a Oi, campeã nacional de reclamações por causa da falta de excelência em seu atendimento.
(*)Advogado