23/05/2014 às 14h59min - Atualizada em 23/05/2014 às 14h59min

Homens-placa

Homens-placa

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A comunicação ou todo processo comunicativo, começa e termina no corpo. Portanto, se toda comunicação tem início no corpo, ele não pode ser visto como uma mídia, mas sim como algo composto por meios construtores de vínculos.

“Meu corpo não é meu corpo, é ilusão de outro ser. Sabe a arte de esconder-me, é de tal modo sagaz que a mim de mim ele oculta” essa colocação é de Carlos Drummond de Andrade e esclarece o esconderijo de nossa alma.

O corpo não pode ser mídia, uma vez que a própria palavra mídia, não é outra coisa senão o meio de campo, o intermediário, aquilo que fica entre uma coisa e outra. Não importa quantos aparelhos se estejam usando, no início e no final de qualquer mídia, nesse sentido sempre há um corpo vivo, que floresce de mil formas e constrói uma historia que não é apenas de sua espécieou um percurso individual de vida. Ocorre uma fusão entre o corpo e cartaz, e o homem desaparece, reconfigurando-se numa peça publicitária.

Nosso tempo tenta vestir-nos, impor-nos modelos absurdos de corpos e de máscaras. Nos homens-placa, por sua vez, o corpo torna-se um objeto dissimulado, encoberto, disfarçado pelo cartaz. Quando os indivíduos são obrigados a usar estratégias de encenação, o corpo e suas relações próximas são pouco a pouco destruídos.

A estética de ausência é um fator que caracteriza a imagem do homem-placa. O corpo está ali, mas não é notado,esta encoberto, disfarçado, dissimulado. Torna-se uma ausência visível, como Belting explicou,“quando a imagem substitui a ausência do corpo por um tipo diferente de presença”, isso significa entender o corpo que se esconde entre as placas e, talvez suscitar a possibilidade de adentrar os meandros da violência gerada pelas imagens deste nosso tempo.

Concluo com o pensamento do Antropólogo e professor Ernest Becker que nos remete à nossa sociedade atual “O mundo moderno, afinal, tem pretendido negar à pessoa até mesmo o seu próprio corpo e o fato de que ela emerge de seu centro animal; tem pretendido fazer a pessoa uma completa abstração despersonalizada”. Pensem!Rosineia Oliveira dos Santos, Professora no curso jurídico Andreucci e Especialista em Psicologia Organizacional. e-mail: [email protected]

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