Muitas estatísticas são divulgadas sobre a violência pelo mundo considerando uma relação de assassinatos por cada grupo de 100 mil habitantes. Mas, vamos falar em termos absolutos, ou seja, o total de pessoas. Segundo a ONU, em 2012 ocorreram no Brasil 50 mil assassinatos! Recorde mundial! O país que chegou mais próximo dos nossos números foi a Índia com 43 mil assassinatos, um valor 14% menor, mas não podemos esquecer que a população da Índia é seis vezes maior que a nossa. Os Estados Unidos com uma população 50% maior que a do Brasil e com o cidadão podendo adquirir armas, registrou 15 mil assassinatos em 2012, valores 70% menores que os nossos. Até mesmo em países do Oriente Médio com populações mais pobres e onde acompanhamos pela televisão todos os dias ataques terroristas e bombas explodindo pelo meio das ruas apresentam número de assassinatos muito menor que os nossos! Temos um problema; na realidade, temos um problemão para resolver. Problemas na saúde, na educação, na política, na segurança e na cidadania. Falta ordem, falta respeito. São tantas greves, tantas manifestações, tantas reivindicações que elas se confundem e ninguém mais sabe quem quer o que. Se os movimentos são políticos, ou sociais, ou econômicos, ou um pouco de cada ou nada de nada. Buscamos sempre qualidade de vida para nós e nossa família e com razão, afinal, o padrão de vida da maioria dos brasileiros ainda é baixo, mas durante as nossas reivindicações não podemos confundir democracia com anarquia. Reclamar da situação que vivemos, quebrando e depredando o patrimônio de cidadãos que estão na mesma situação é incoerência total. Deixar uma sociedade que atualmente vive no limite da sua condição social, emocional, e econômica a mercê do caos é desumano. Os saques que ocorreram em Pernambuco por conta da greve da polícia militar é um exemplo de que uma população pode entrar em alucinação coletiva sem uso de drogas, apenas pelo simples fato de concluir que, se não há policiais nas ruas não há lei, ou seja, vamos aos saques; e a excitação se torna maior por conta desta ação coletiva avançando desordenadamente para lojas, comércio, veículos de carga e outros. Ainda bem que muitos que tiveram estas atitudes insanas, após algumas horas em casa, voltam ao seu estágio normal de raciocínio e com a clareza e o equilíbrio do diálogo com parentes e amigos, devolvem os produtos do furto, muitas vezes arrependidos e envergonhados. Será que instaurando o caos na sociedade iremos conseguir o que queremos? E se conseguirmos? Conseguiremos deitar a cabeça no travesseiro e não pensar nas milhares de pessoas que foram prejudicadas com estas atitudes? Pessoas que fazem parte da massa trabalhadora e que em condições normais já sofrem todos os dias nos transportes para o trabalho, nos assaltos, na falta de dinheiro para pagar as contas do mês. Voltamos aos assassinatos. 50 mil em 2012, recorde mundial. Uma sociedade que não valoriza a vida e o ser humano vai valorizar e que? A falta de respeito ao ser humano começa na política e na corrupção endêmica onde o desvio de recursos leva milhares de brasileiros desamparados ao sofrimento e a morte passando pela própria sociedade que prejudica a si mesma. Greve do povo que prejudica o próprio povo? Onde está a razão disto?
