26/05/2016 às 17h17min - Atualizada em 26/05/2016 às 17h17min

As manifestações e as contradições de Temer!

As manifestações e as contradições!

Paulo Lucio – Carteirinho

As manifestações contribuíram para a abertura do processo de impeachment. Muitos diziam que era necessário ouvir as vozes das ruas. Mas depois que afastaram a presidente Dilma, o presidente interino, Michel Temer, tomou medidas totalmente contrárias as vozes das ruas.

A começar pela nomeação dos ministros, prevalecendo o “toma lá, da cá”. Os ministérios foram loteados para partidos políticos, comandados por velhos conhecidos. Sem presença das mulheres e dos negros.

Para piorar a situação, boa parte dos ministros nomeados estão sendo investigados pela justiça. É o caso do ministro do Planejamento, o senador Romero Jucá, que em menos de 10 dias deixou o governo. Jucá saiu depois do vazamento de uma conversa sua com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, um dos delatores da Lava Jato, onde eles tratam de um pacto para acabar com a operação Lava Jato.

Por falar na Lava Jato, outra polêmica foi à escolha do líder do governo, Andre Moura (PSC), aliado de Cunha, que é réu na operação. Não podemos esquecer que o presidente interino Michel Temer também é um dos investigados.

Outra bola fora de Temer foi à nomeação do ministro da Justiça, Alexandre Moraes (PSDB), que já chegou criando problemas como o judiciário. O novo ministro disse que faria mudanças na escolha do Procurador Geral da República (PGR), querendo acabar com a eleição interna, criada no governo Lula, que permite que membros do MP escolhessem quem deveria ser nomeado. O ministro Alexandre Moraes disse que esse tipo de eleição não está previsto na Constituição e que cabe ao presidente da república nomear quem ele quiser. Como era no passado, era FHC (PSDB), quando o cargo ficou conhecido como Engavetador Geral da República, tendo em vista que o nomeado pelo presidente engavetava tudo. Não se investigava nada. A proposta do novo ministro não foi bem aceita pelo judiciário, políticos, imprensa e populares. Pressionado, Temer desautorizou o ministro a fazer qualquer mudança.

Apesar de não terem colocado em prática essa mudança, foi mais uma prova do pacto que membros do novo governo pretendem fazer para enfraquecer as investigações. E pensar que os manifestantes diziam que estavam retirando Dilma, sem ter cometido crime, por causa da corrupção (rsrsr). Por falar nos manifestantes, alguém sabe deles?

Ainda em relação a nomeação de Alexandre Moraes para ministro da Justiça, foi uma das maiores contradições de Temer em relação as manifestações. Vale lembrar que, antes de assumir o ministério, Alexandre Moraes era secretário de segurança pública de São Paulo. Vocês lembram como iniciaram as manifestações? Vamos relembrar.

No ano de 2013, o MPL (Movimento Passe Livre), saiu às ruas de São Paulo contra o aumento de R$ 0,20, na tarifa de ônibus. Na verdade, o movimento reivindicava tarifa zero. Daí o nome passe livre. O MPL realizava esse tipo de manifestação há mais de 10 anos. Acontece que em 2013, o movimento foi reprimido com muita violência pela polícia paulista. Destaco também a violência por parte da mídia, que a todo o momento tentava criminalizar o movimento, a fim de jogar a população contra os manifestantes.

Mas o tiro saiu pela culatra. Tendo em vista a nova mídia: a internet. Através das redes sociais foi possível mostrar aquilo que a TV escondia. Parecia cena de guerra: bombas, tiros, gás, porrada, cavalaria, tropa de choque, prisões, massacre... . Uma brutalidade sem limite. Fato que gerou revolta coletiva na população, que saiu as ruas não mais por causa dos R$ 0,20, mas pelo direito de manifestação. Afinal, vivemos num país “democrático”. E numa democracia é inaceitável o uso de violência para impedir manifestações. Ditadura nunca mais!

As manifestações conseguiram impedir o reajuste na tarifa. E não pararam mais. Foram aumentando cada vez mais. Tendo com alvo todos os governos, políticos e partidos. Com o passar do tempo, principalmente, depois das eleições de 2014, as manifestações se concentraram apenas contra a presidente Dilma e o PT. Tendo em vista que muitos não aceitaram a derrota nas urnas e tentavam a todo o momento reverter o resultado. A partir de então, as manifestação começaram a ganhar um tom político, contando com apoio e financiamento de partidos de oposição, que viram nas manifestações uma forma de chegar ao poder. Fato que aconteceu.

Agora que estão no poder, os políticos que antes incentivavam as manifestações, agora as ignoram. A nomeação de Alexandre Morares é prova disso. Afinal, ele era secretário de segurança pública de SP, “chefe” da polícia que deu início as manifestações. Vale ressaltar que Alexandre Moraes não era secretário na época das manifestações de 2013. Mas na sua gestão a polícia paulista não mudou nada. Continuou reprimindo manifestações de forma violenta. Com destaque para as ocupações das escolas da rede pública por parte dos alunos, que reivindicam mais investimentos e denunciam os desvios da merenda escolar, exigindo a criação da CPI da merenda. Essas manifestações feitas, por crianças e adolescentes, estão sendo massacradas pela polícia paulista.

Polícia paulista que é considerada uma das mais violentas do Brasil. A que mais mata - pobres e negros é claro. A que mais bate em trabalhadores. A que mais reprime manifestações. Por que Temer nomeou justamente Alexandre de Moares? Talvez para que reprimas futuras manifestações. O que explica o sumiço dos manifestantes com a camisa do Brasil. Mas que não coloca medo na turma de vermelho. Que faz juz a cor da camisa. Vermelho que representa o sangue de quem luta.

A luta continua companheiros!  

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