30/06/2016 às 08h51min - Atualizada em 30/06/2016 às 08h51min

É PARA RIR OU PARA CHORAR?

NELSON VIEIRA FILHO
Caldas Aulete? Não
Laudelino Freire? Não
Silveira Bueno? Não
Koogan/Houaiss? Não
Aurélio? Não

Para que tantas perguntas com a mesma resposta negativa? É para eu dizer que não encontrei, em nenhum dos dicionários acima, um adjetivo que tenha tido a capacidade de descrever fielmente a indignação que domina pessoas que perdem objetos de alto valor estimativo.

Eis o relato de uma vítima: “depois de feito o B.O. (boletim de ocorrência) na Polícia Militar, o escrivão do cartório da Polícia Civil faz novo documento, teoricamente mais detalhado. Entre uma e outra atividade policial, as intempéries da natureza, tramando para alterar a moldura inicial, parecem se associar a quem agiu criminosamente, tramando contra as possibilidades de êxito policial.  Com extrema boa vontade, o perito comparece ao local para a tentativa de colher impressões digitais que possam levar a algum suspeito e encaminha o que encontra para um centro maior, eis que, em Leopoldina a técnica para identificação ainda não chegou. Enquanto se aguarda o resultado da perícia, o tempo voa a favor do delinquente, dando-lhe chances reais de passar para outras mãos o(s) produto (s)  de suas ações criminosas, seja mediante venda a receptadores ou até mesmo a inocentes úteis, seja através de troca por drogas diretamente em algum ponto deles sobejamente conhecidos, destes que há em milhões de locais brasileiros”.

É necessário reconhecer que o caso em tela não é o único, pois há vários casos similares em Leopoldina e centenas de queixas e reclamações que chegam seguidamente à Autoridade Policial. Esta, mesmo não negligenciando, não consegue resolver tudo a tempo e a hora. E vez ou outra há de aparecer uma descrença, baseada na pergunta que não é raridade “para que prender, se em nosso país, a Polícia prende e a Justiça solta?”.
Não há histórico de que seja uma constância a recuperação pela polícia de produtos de furtos/roubos em residências de conhecidos meus, mas não se escafedeu, porém, a esperança, em meu amigão, de recuperar o que lhe foi surrupiado, pois foi entregue em mãos de um Investigador uma listagem de bens furtados, alguns de raridade total. 

Basta puxar assunto que se ouve “a cidade está cheia de ladrõezinhos, que assaltam transeuntes, que invadem imóveis urbanos e rurais”. Prometi anonimato a uma amiga que, depois de furtada, ouviu uma autoridade informar “deve ser o fulano ou o beltrano, mas nada se pode fazer, porque ambos são menores de idade”.  Outro me disse que na casa dele e de um amigo já entraram mais de uma vez. Já ouvi que um popularíssimo meliante está sendo auxiliado por um irmãozinho de tenra idade que, pequenino, penetra em qualquer buraco para abrir portas e, em consequência, se obterem recursos financeiros para a compra de drogas, compráveis alhures e talvez até aqui mesmo em nossa outrora pacata Leopoldina. Outro, solidário, oferecendo consolo, asseverou  “pelo menos estão apenas furtando, pois estamos num país de 3ª,  querendo fazer leis de 1º  mundo”.

Não sei se quem ler vai rir ou chorar: “a noiva, com pagamento parcelado, se presenteou euforicamente com uma máquina fotográfica, adquirida para registrar cada festivo momento do início da vida conjugal, com ênfase na cerimônia nupcial e nos bons momentos da curta viagem de lua-de-mel. O casal é assalariado e, diante do orçamento “apertado”,  a revelação das fotos “ficou para mais tarde”. Dois ou três meses depois, marido e mulher receberam seus pagamentos ao final do expediente, quando já não havia comércio aberto que lhes permitisse efetuar as compras do mês. Deixaram seus pagamentos em casa e, religiosos, foram à Igreja fazer costumeiras  orações em que pediram  saúde e paz. Quando retornaram, a única porta de sua quase humilde residência havia sido arrombada e “o amigo do alheio” lhes havia levado o  celular, o dinheiro que haviam recebido como fruto de seu trabalho honesto, isto mesmo, a  fonte única para todas as despesas familiares. Pior ainda, o que causa mais tristeza, o bandidinho  levou a máquina fotográfica com todas as fotos até então nela feitas. Repetindo: antes que fossem reveladas, foram levadas, pelo provavelmente  futuro ladravaz,  todas as fotos do casamento do jovem casal”.

Então, é para rir ou chorar?
 
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