17/10/2016 às 09h23min - Atualizada em 17/10/2016 às 09h23min

A voz versátil de uma pimentinha que revolucionou a MPB: Elis Regina

POR WALDEMAR PEDRO ANTÔNIO
O  Cantinho  Musical  ,  prazerosamente ,  dedicará  este  espaço para  desfilar  algumas  canções  da  mais  perfeita  voz  da  Música  Popular  brasileira : ELIS  REGINA .    Com uma  versatilidade  intocável ,  Elis  revolucionou  o  quadro  musical  com  sua  voz  convincente  e  interpretação  brilhante  quando ocupava  os  palcos da vida . Elis Regina Carvalho Costa  nasceu  no dia 17  de  março de 1945 , em  Porto  Alegre .  Conhecida por sua competência vocal, musicalidade, presença de palco,  é  considerada por muitos críticos  a melhor cantora popular do Brasil a partir dos anos 1960 ao início dos anos 1980; para muitos, a melhor cantora  brasileira de todos os tempos  . Elis   elevou  a arte de interpretar a um grau de perfeição técnica  e emocional  ímpares. É  essa força  que vem de dentro e explode na superfície, nos olhos fechados, no sorriso largo, nas sobrancelhas em pé que lhe conferem aquele ar desafiador, provocante e destemido.  Nas mãos inquietas e  intensas ,   movendo-se  para o alto, procura no espaço vazio a verdade torturante daquele momento musical .  Por causa da gargalhada escancarada e da grande vibração, o poeta Vinícius de Morais   apelidou  Elis  de "Pimentinha". Para  Elis  a  palavra  não  era  suficiente  para  dizer  tudo o   que  desejava , daí  o  corpo  assume  a  função  de  exprimir  uma  sensação   ,  através  do  gestos  e  caras  feias ,  tornando  seu  corpo  uma  verdadeira  linguagem , representando  a  vida  , a  obra  e  a  morte .  Elis  cantava  a  palavra   e  a  pronunciava  a  partir  do  conceito  que  esta  representava  para  a  artista ,  ganhando  um  novo  sentido     

   
O  Cantinho  Musical  terá  o  cuidado  em   selecionar  algumas  canções  em  um  universo  de  obras  representadas  por  Elis . Cuidadosamente  ,  procuraremos  destacar  , durante  a  triagem , as  músicas  que  serão  identificadas   pelos  fãs   da  “  Pimentinha  “  .  Iniciaremos  a  pequena  amostra  com  uma  obra-prima   do  compositor  Belchior  cujo  tema  é  um  alerta  para  o  choque  de  gerações , clamando  para  uma renovação  revolucionária  de uma  juventude  que se acomoda  com  um  estado  de  coisas  , sem  perceber que  a  vida  é  uma  perpétua  mudança ,  deixando  claro o sentimento de desilusão  com o sistema de governo.   A letra fala do  desencanto  que  um indivíduo  tem acerca do  sistema social  e  político  de  sua  época , descrevendo  traços da ditadura militar brasileira, a indignação diante a opressão exercida pelas forças do Estado  , pela repressão aos jovens, promessas de um país do futuro não cumpridas, censura, aflição e medo.   Tudo isso  , caracterizado pelo conformismo da atual sociedade ,  trazendo  consigo a escassez de novos “heróis”    “  COMO   NOSSOS  PAIS “ .       [ “ /  Não quero lhe falar meu grande amor  / De coisas que aprendi nos discos / Quero lhe contar como eu vivi  / E tudo o que aconteceu comigo  / Viver é melhor que sonhar  / E eu sei que o amor é uma coisa boa  / Mas também sei  / Que qualquer canto é menor do que a vida  / De qualquer pessoa / Por isso cuidado meu bem  / Há perigo na esquina  / Eles venceram e o sinal  / Está fechado pra nós  / Que somos jovens... / Para abraçar seu irmão  / E beijar sua menina, na rua  / É que se fez o seu braço,  / O seu lábio e a sua voz... / Você me pergunta pela minha paixão  /  Digo que estou encantada como uma nova invenção  / Eu vou ficar nesta cidade não vou voltar pro sertão  / Pois vejo vir vindo no vento cheiro de nova estação  / Eu sinto tudo na ferida viva do meu coração... / Já faz tempo eu vi você na rua / Cabelo ao vento, gente jovem reunida  / Na parede da memória esta lembrança  / É o quadro que dói mais... / Minha dor é perceber  / Que apesar de termos feito tudo o que fizemos  / Ainda somos os mesmos e vivemos  / Ainda somos os mesmos e vivemos  / Como os nossos pais... / Nossos ídolos ainda são os mesmos  / E as aparências não enganam não  / Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém  / Você pode até dizer que eu tô por fora  / Ou então que eu tô inventando.../ Mas é você que ama o passado e que não vê  / É você que ama o passado e que não vê  / Que o novo sempre vem... / Hoje eu sei que quem me deu a idéia / De uma nova consciência e juventude  / Tá em casa, guardado por Deus  / Contando vil metal... / Minha dor é perceber que apesar de termos  / Feito tudo, tudo, tudo, tudo o que vivemos  / Como os nossos pais... / .” ] 

JOÃO  BOSCO  E  ALDIR  BLANC  , nesta  bela canção , identificada na  voz de  ELIS  REGINA  ,  intérprete  preferida da dupla , compuseram-na   inicialmente  para  homenagear Chaplin  ,   mudando  seu  rumo  temático  ,  num   encontro  casual  com  Henfil  e  Chico  Mário em  que  comentaram   o  exílio  do  irmão  Betinho  ,   logo modificando para  uma  mensagem  de   resistência  ao    período  repressivo  por  que  passava  o  Brasil . Velada  em  uma  crítica  ao  sistema  ditatorial , a  dupla relata  uma   situação política   pela qual    passava  o  povo  brasileiro  , com  seus  filhos exilados  , tudo expresso  em  uma  canção , considerada  o  hino  da  anistia  :   “  O  BÊBADO  E  A  EQUILIBRISTA  “ .  [ “ / Caía  a  tarde  feito  um  viaduto  /  Um  bêbado  trajando  luto me  lembrou  Carlitos / A  lua , tal qual  a  dama  de  um  bordel , / Pedia  a  cada  estrela  fria  /  Um  brilho  de  aluguel  / E  nuvens , lá  no  mata-borrão do céu / Chupavam  manchas  torturadas , que  sufoco /  Louco ,  o bêbado  com  chapéu –coco  / Fazia  irreverência  pra  noite  do  Brasil /  Meu  Brasil / Que  sonha  com  a  volta  do  irmão  do  Henfil / Com  tanta  gente  que  partiu  num  rabo  de  foguete  / Chora  a  nossa  pátria  , mãe gentil  / Choram  Marias  e  Clarices  no  solo  do  Brasil / Mas  sei  que  uma  dor  assim  pungente  / Não  há  de  ser  inutilmente , a  esperança / Dança  na  corda  bamba  de  sombrinha / E  em  cada  passo  dessa  linha  , pode  se  machucar / Azar,  a  esperança  equilibrista / Sabe  que  o  show  de  todo  artista /  Tem  que  continuar  ...  / . “ ]  .      

EDU  LOBO  e  VINÍCIUS  DE  MORAIS    compuseram  uma linda  canção para  ser  apresentada  , em 1965 , no 1º. Festival da MPB , interpretada  em uma explosão vocal maravilhosa de  Elis Regina , exteriorizando um misticismo  simbólico e uma fé diante de um verdadeiro milagre , demonstrado em um  “ ARRASTÃO “.     [ “ /  Eh! tem jangada no mar /Hei! hei! hei! / Hoje tem arrastão /Eh! todo mundo pescar / Chega de sombra João... / Jovi, olha o arrastão /  Entrando no mar sem fim /  Eh! meu irmão me traz /  Yemanjá  prá mim...(2x) /  Minha Santa Bárbara /  Me abençoai /  Quero me casar /  Com Janaína.. /  Eh! puxa bem devagar /  Hei! hei! hei! /  Já vem vindo o arrastão /  Eh! é a Rainha do Mar /  Vem! /  Vem na rede João /  Prá mim!... /  Valha-me Deus /  Nosso Senhor do Bonfim /  Nunca jamais se viu /  Tanto peixe assim...(2x) /  Minha Santa Bárbara /  Me abençoai /  Quero me casar /  Com Janaína.. /  Eh! puxa bem devagar /  Hei! hei! hei! /  Já vem vindo o arrastão /  Eh! é a Rainha do Mar /  Vem! /  Vem na rede João /  Prá mim!... /  Valha-me Deus /  Nosso Senhor do Bonfim /  Nunca jamais se viu /  Tanto peixe assim...(3x) / . “ ]  .   

O sentimento feminino representado no discurso poético de Chico Buarque espelha o demonstrativo de um lirismo variado, dentre eles , o  grau de carência da mulher em que se humilha diante do amado, rastejando –se    para tê-lo como par de seu amor .  Nesta  canção , Elis  interpreta  com uma carga emocional intensa , motivada  pelo padecimento da perda  de  seu  amado    em  “  ATRÁS  DA  PORTA  [ “  Quando  olhaste bem  nos  olhos  meus / O  teu  olhar  era  de  adeus  /  Juro que não acreditei / Eu te estranhei / Me debrucei / Sobre o teu corpo e duvidei / E me arrastei , te arranhei  / E me agarrei nos teus cabelos / No teu peito , nos teus pelos / Teu pijama / Nos teus pés / Aos pés da cama  / Sem carinho , sem coberta / No tapete atrás da porta / Reclamei baixinho / Dei pra maldizer o nosso lar / A sujar teu nome , te humilhar / E me vingar a qualquer preço /Te adorando pelo avesso /  . “  ]   .   


Esta  canção  é  uma  tradução de  Armando  Louzada para  o  português ,  interpretada  magnificamente pela  voz  de  Elis  Regina .  O  clima  de  romantismo  de  suas  letras ,  na  instrumentação  e  melodia , fez  com  que  tocasse o  coração  e  a  alma  de  diversas  pessoas , se  tornando  um  destacado  clássico  popular, se estendendo  como  pano  de fundo  para  muitas  histórias  de  amor .  “  FASCINAÇÃO  “   .    [ “ /  Os  sonhos mais  lindos  sonhei / De quimeras mil um castelo ergui  / E no teu olhar, tonto de emoção / Com sofreguidão mil venturas previ / O teu corpo é luz, sedução / Poema divino cheio de esplendor / Teu sorriso prende, inebria e entontece /És fascinação, amor / . “  ]   . 



Com  um  profundo amor  materno ,  Milton  Nascimento  compôs essa música em homenagem a sua mãe, que se chama Maria. A letra revela  uma  personagem  feminina, de  presença  marcante.  Maria  é  mulher,  é  povo ,  Maria é força, personalidade. A “Maria” de  Milton  pode ser  a  sua mãe biológica, uma empregada doméstica que morreu quando o cantor tinha apenas quatro anos de idade. A música virou hino do movimento feminista ao ser interpretada por Elis Regina. A  música  “ Maria ,  Maria  “  relata a vida de uma  mulher  trabalhadora  e guerreira, que têm ideais e dificuldades, e que mesmo assim não desanima, têm fé na vida para alcançar seus desejos, sonhos e objetivos. O nome “Maria” é um nome popular brasileiro e entende-se que o autor se refere a todas as mulheres brasileiras batalhadoras.  “  MARIA  ,  MARIA  “  .    [ “ / Maria, Maria  / É um dom, uma certa magia, / Uma força que nos alerta / Uma mulher que merece viver e amar  / Como outra qualquer do planeta  / Maria, Maria  / É o som, é a cor, é o suor  / É a dose mais forte e lenta  / De uma gente que ri quando deve chorar  / E não vive, apenas agüenta  / Mas é preciso ter força  / É preciso ter raça  / É preciso ter gana sempre / Quem traz no corpo a marca  / Maria, Maria  / Mistura a dor e a alegria  / Mas é preciso ter manha  / É preciso ter graça  / É preciso ter sonho sempre / Quem traz na pele essa marca  / Possui a estranha mania   / De ter fé na vida / . “   ]    Esta  canção  começa  a  ser  inspirada no  retrato  imagístico  de  um  sítio  onde  Tom  Jobim  seleciona muitos  elementos  da  natureza que  estarão  presentes  durante  a  narrativa  poética  . 

A metáfora central dela  é tomada como imagem da passagem da vida cotidiana, seu modo contínuo, sua inevitável progressão rumo à morte , como as chuvas do fim de março, que marcam o final do verão  , aproximando  a  imagem  da  água  a  uma  promessa , simbolizando  uma  renovação . Elis  Regina  dá  um  tempero  magnífico  na  interpretação  de  “  ÁGUAS  DE  MARÇO  “ .  [ “ /  É  pau, é pedra, é o fim do caminho /  É um resto de toco, é um pouco sozinho / É um caco de vidro, é a vida, é o sol / É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol / É  peroba do campo, o nó da madeira / Caingá candeia, é o Matita-Pereira / É madeira de vento, tombo da ribanceira / É o mistério profundo, é o queira ou não queira / É o vento ventando, é o fim da ladeira / É a viga, é o vão, festa da cumeeira / É a chuva chovendo, é conversa  ribeira / Das águas de março, é o fim da canseira / É o pé, é o chão, é a marcha estradeira / Passarinho na mão, pedra de atiradeira / É uma ave no céu, é uma ave no chão / É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão / É o fundo do poço, é o fim do caminho / No rosto um desgosto, é um pouco sozinho / É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto / É um pingo pingando, é uma conta, é um conto / É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando / É a luz da manhã, é o tijolo chegando / É a lenha, é o dia, é o fim da picada / É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada / É o projeto da casa, é o corpo na cama / É o carro enguiçado, é a lama, é a lama / É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã / É um resto de mato na luz da manhã / São as águas de março fechando o verão / É a promessa de vida no teu coração / É pau, é pedra, é o fim do caminho / É um resto do toco, é um pouco sozinho / É uma cobra, é um pau, é João, é José / É um espinho na mão, é um corte no pé / São as águas de março fechando o verão / É a promessa de vida no teu coração / É pau, é pedra, é o fim do caminho / É um resto de toco, é um pouco sozinho /  É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã / É um belo horizonte, é uma febre terçã / São as águas de março / fechando o verão / É a promessa de vida no teu coração / É pau, é pedra, é o fim do caminho / É um resto de toco, é um pouco sozinho / É pau, é pedra, é o fim do caminho / É um resto de toco, é um pouco sozinho / Pau, pedra, fim do caminho / Resto de toco, pouco sozinho / ( BIS ) / . “   ]    .   

Esta  canção  ,  com  ritmo  de  bolero , foi  composta  por  uma  dupla  incrível  que  deixou  várias  obra  na  galeria  da  MPB : JOÃO BOSCO  e  ALDIR  BLANC . Há  em  seus  versos  manifestação  de um  verdadeiro  bailado  mesclado  com um  momento  sublime  nos  braços  da  pessoa  amada , conduzindo  em  seu  ouvido  o  ensinamento  de  um  passo  ritmado  de  um  bolero ,  interpretado  com  muita  maestria  por  ELIS  REGINA  :  “   DOIS  PRA  LÁ  ,  DOIS  PRA  CÁ   “ .  [  “   / Sentindo  frio em minh’alma / te  convidei  pra  dançar / A  tua  voz  me  acalmava  /  É  dois  pra  lá  ,  dois  pra  cá / Meu  coração  traiçoeiro  /  Batia  mais  que  um  bongô / Tremia  mais  que  as  maracás  / Descompassado  de amor / Minha  cabeça  rodando  / Rodava  mais  que os  casais / O  teu  perfume  gardênia / E  não  me pergunte  mais / A  tua  mão  no pescoço / As  tuas  costas  macias /Por  quanto  tempo  rondaram /  As  minhas  noites  vazias / No  dedo  um  falso  brilhante / Brincos  iguais  ao  colar  / E  a  ponta  de  um  torturante  / Band-aid   no  calcanhar /  E  hoje  me  embriagando  / De  whisky  com  guaraná / Ouvi  tua  voz  sussurrando  /  São  dois  pra  lá  ,  dois  pra  cá  / . “ ]   . Em  uma  maravilhosa  interpretação ,  ELIS  REGINA   movimenta  ainda  mais  o  ritmo  original  da  canção  composta  por  IVAN  LINS   e  VICTOR  MARTINS  cujo  tema  é  um  argumento que demonstra  ,  através de várias comparações  com fenômenos  da  natureza ,  a  pureza  e  verdadeiro  amor  por   “  MADALENA   “ .  [ “ / Oh Madalena, o meu peito percebeu / que o mar é uma gota / comparado ao pranto meu / Fique certa, quando o nosso amor desperta / logo o sol se desespera / e se esconde lá na serra / Madalena, o que é meu não se divide / Nem tampouco se admite / Quem do nosso amor duvide / Até a lua se arrisca num palpite / Que o nosso amor existe / Forte ou fraco alegre ou triste /  (BIS ) / . “  ]  .  

MARCO  e   PAULO  SÉRGIO  VALLE  ,  com  uma linda   interpretação  de  Elis  ,  compuseram  uma  bela  canção  cujo  tema  explicita , em  seus  versos ,  a  perda  de  uma  grande  amor  e  um  esforço  sentimental  para  conviver  na  solidão  que  fortifica  mais  a  presença  de  uma  saudade   do  amor  perdido ,  por  isso  expressa  na  música   o  desejo  de   “  PRECISO  APRENDER  A  SER  SÓ  “  .   [ “ /  Ah, se eu te pudesse fazer entender / Sem teu amor eu não posso viver / Que sem nós dois o que resta sou eu / Eu assim tão só / E eu preciso aprender a ser só / Poder dormir sem sentir teu calor / A ver que foi só um sonho e passou / Ah, o amor / Quando é demais ao findar leva a paz / Me entreguei sem pensar / Que a saudade existe e se vem / É tão triste, vê / Meus olhos choram a falta dos teus / Esses teus olhos que foram tão meus / Por Deus entenda que assim eu não vivo / Eu morro pensando no nosso amor /  (bis) /  .  “   ] . 


Neutralizando  simplesmente  certos  comentários   sobre  a  vida  de outrem , ou vinda  do  coração da pessoa  amada   e não  dando  qualquer importância ao  tipo  de  insinuações    feitas , foi que  Baden Powell / Vinícius de Moraes  compuseram a  bela  canção , interpretada  com  muita  “ pimenta “  por  Elis  Regina ,  desdenhando os atos com  a palavra         DEIXA “ .  [ “ /  Deixa / Deixa quem quiser falar, meu bem / Deixa / Deixa o coração falar também / Porque ele tem razão demais / Quando se queixa / Então a gente deixa, deixa, deixa, deixa / Ninguém vive mais do que uma vez / Deixa / Diz que sim pra não dizer talvez / Mas vê se deixa / A paixão também existe / Deixa / Não me deixe ficar triste / . “   ]   .  




Encerraremos  a  amostra  de  algumas  canções interpretadas  por  Elis  Regina , com  a  sua  peça  musical preferida , segundo certos  críticos   .  Rita Lee e Roberto de Carvalho ,  com  muito humor e ironia , vão , de certa forma , cobrar e denunciar dos bem nascidos e vividos, um engajamento e comprometimento desta classe social na luta contra a ditadura , porque se acomodava ou se beneficiava com a situação ,  daí  o  chamamento  à  realidade  da  situação  do  país ,  porque  , naquele  momento , a  nação vivia uma grande crise econômica, causando uma das piores Recessões de nossa História , dizendo que a Classe  Média   podia ajudar :    “   ALÔ  ,  ALÔ  ,  MARCIANO   “  .  [ “ / Alô, alô, marciano / Aqui quem fala é da Terra / Pra variar estamos em guerra / Você não imagina a loucura / O ser humano ta na maior fissura porque / Tá cada vez mais down o high society / Down, down, down / O high society / Alô, alô, marciano / A crise tá virando zona / Cada um por si todo mundo na lona / E lá se foi a mordomia / Tem muito rei aí pedindo alforria porque / Tá cada vez mais down o high society / Down, down, down / O high society / Alô, alô, marciano / A coisa tá ficando russa / Muita patrulha, muita bagunça / O muro começou a pichar / Tem sempre um aiatolá pra atola Alá / Tá cada vez mais down o high society / Down, down, down / O high society / Alô, alô, marciano / Aqui quem fala é da Terra / Pra variar estamos em guerra / Você não imagina a loucura / O ser humano ta na maior fissura porque /Tá cada vez mais down o high society / Down, down, down /O high society / ].
      
    O que  se  pode  dizer  sobre  Elis  Regina  ?  Que  revolucionou  o  mundo  da  música  brasileira  ?  Que  impressionava todos com  suas  interpretações  ?  Que  adicionava  valores  às  poesias  musicais  com  seu  canto e  seus gestos  ?  Que  tinha  um  carisma admirável quando  se  apresentava  ? Que  era  querida  por  todos  que  amavam  a  boa  música ? Que  tinha  um  sorriso  contaminante que agradava a todos ?  Pois  bem  !!!!  Se  mesclarmos  todos  os  caracteres interrogativos  expostos e ainda  os  que  não  foram questionados positivamente por esquecimento desta  coluna  , podemos  chegar certamente à  mais  perfeita interprete da MPB , sem  medo de  errar  na  citação  :  ELIS  REGINA “
       O  QUE  MAIS  IMPRESSIONA  NA  CANÇÃO  É  UMA  BELA  ADEQUAÇÃO  DO  CRIADOR  DA  OBRA  ,  DO  RESULTADO  DE  SUA  CRIAÇÃO  E  DO  MENSAGEIRO  QUE  ENTOA  COM  RITMO  , MELODIA  E  HARMONIA  A  MENSAGEM  MUSICAL  LEVADA  A  TODOS  BONS  OUVINTES .  ELIS  REGINA  É  ,  SEM  MEDO  DE  AFIRMAR ,  A  MAIS  PERFEITA  MENSAGEIRA DO  NOSSO  CANCIONEIRO  !  “
 
Waldemar  Pedro  Antonio                                            g-mail  :   [email protected]
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