O Cantinho Musical sente-se em um jardim florido de belas canções interpretadas não somente com a voz , mas também com a alma pura de quem externa o eco do coração apaixonado, o que configura a presença, neste espaço, de uma dupla maravilhosa que enriquece o nosso cancioneiro : FAGNER e DJAVAN .
Iniciaremos nossas apresentações por Raimundo Fagner Cândido Lopes mais conhecido apenas como Fagner . Nasceu no dia 13 de outubro de 1949 , em Orós , é um cantor, compositor, instrumentista, ator e produtor brasileiro. Esse cearense desde criança mostrou-se interessado por música. Com apenas cinco anos de idade, tirou o primeiro lugar num concurso de cantores infantis em homenagem ao dia das mães, promovido pela Rádio Iracema de Fortaleza. Nos colégios onde estudou, formou grupos vocais e conjuntos de rock. Em 1970, Fagner se mudou para Brasília para estudar arquitetura, onde também participou do Festival de Música Popular do Centro de Estudos Universitários de Brasília com a canção Mucuripe, em parceria com Belchior, classificando-se em primeiro lugar. O nome de Fagner vem sendo incluído na lista dos maiores cantores de música latina, principalmente pela sua filiação com outros músicos latinos não brasileiros, como Mercedes Sosa .
Passemos a apresentar algumas canções interpretadas por essa voz inconfundível que agrada a um grande público . Iniciaremos com um poema de Cecília Meireles , que Fagner musicou e gravou fazendo um enorme sucesso . O poema musical versa sobre uma enorme angústia sentida pelo Poeta , motivado pela ausência da pessoa amada , expressando um imenso desejo em ter o aroma do mato para correr pelo “ CANTEIRO “. [ “ / Quando penso em você fecho os olhos de saudade / Tenho tido muita coisa, menos a felicidade / Correm os meus dedos longos / Em versos tristes que invento / Nem aquilo a que me entrego / Já me dá contentamento / Pode ser até manhã, cedo, claro, feito dia / Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria / Eu só queria ter do mato / Um gosto de framboesa / Pra correr entre os canteiros / E esconder minha tristeza / E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza / E deixemos de coisa, cuidemos da vida, / Pois se não chega a morte ou coisa parecida / E nos arrasta moço sem ter visto a vida / Eu só queria ter do mato / Um gosto de framboesa / Pra correr entre os canteiros / E esconder minha tristeza / E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza / E deixemos de coisa, cuidemos da vida, / Pois se não chega a morte ou coisa parecida / E nos arrasta moço sem ter visto a vida / . “ ] .
Em uma versão de Ferreira Gullar da composição de Juan Luiz Guerra , em uma bela interpretação de Fagner , encontramos , através de cada verso , uma linda alusão metafórica ao amor , em uma entrega de paixão e ternura expressas em uma maravilhosa declaração do amante pela pessoa amada : “ BORBULHAS DE AMOR “ . [ “ / Tenho um coração / Dividido entre a esperança e a razão / Tenho um coração / Bem melhor que não tivera / Esse coração / Não consegue se conter ao ouvir tua voz / Pobre coração / Sempre escravo da ternura / Quem dera ser um peixe / Para em teu límpido aquário mergulhar / Fazer borbulhas de amor pra te encantar / Passar a noite em claro / Dentro de ti / Um peixe / Para enfeitar de corais tua cintura / Fazer silhuetas de amor à luz da lua / Saciar esta loucura / Dentro de ti / Canta, coração / Que esta alma necessita de ilusão / Sonha, coração / Não te enchas de amargura / Esse coração / Não consegue se conter ao ouvir tua voz / Pobre coração / Sempre escravo da ternura / Quem dera ser um peixe / Para em teu límpido aquário mergulhar / Fazer borbulhas de amor pra te encantar / Passar a noite em claro / Dentro de ti / Um peixe / Para enfeitar de corais tua cintura / Fazer silhuetas de amor à luz da lua / Saciar esta loucura / Dentro de ti / Uma noite / Para unirmos até o fim / Cara a cara, beijo a beijo / E viver para sempre / Dentro de ti / . “ ] .
Esta bela canção , composta por Accioly Neto , apresenta , com muita expressão lírica , a configuração de alguém muito apaixonado arrependido de atos amorosos desfavoráveis , manifestando um lindo pedido de perdão e exaltando o valor em ter o amor de volta , na certeza de que ainda há moradia no coração da pessoa amada , porque o término de uma paixão não é “ ESPUMAS AO VENTO “ . [ “ / Sei que aí dentro ainda mora um pedacinho de mim / Um grande amor não se acaba assim / Feito espumas ao vento / Não é coisa de momento, raiva passageira / Mania que dá e passa, feito brincadeira / O amor deixa marcas que não dá pra apagar / Sei que errei, tô aqui pra te pedir perdão / Cabeça doida, coração na mão / Desejo pegando fogo / E sem saber direito a hora e o que fazer / Eu não encontro uma palavra só pra te dizer / Ai, se eu fosse você eu voltava pra mim de novo / E de uma coisa fique certa, amor / A porta vai estar sempre aberta, amor / O meu olhar vai dar uma festa, amor / Na hora que você chegar / (BIS) / Sei que errei, tô aqui pra te pedir perdão / Cabeça doida, coração na mão / Desejo pegando fogo / E sem saber direito a hora e o que fazer / Eu não encontro uma palavra só pra te dizer / Ah! se eu fosse você eu voltava pra mim de novo / ] .
Nesta linda composição de Mikael Sullivan , Fagner , com sua bela interpretação , dá um toque especial à canção que expressa todo sofrimento amoroso de alguém que reconhece somente uma paixão unilateral , mas suporta os estranhos comportamento da pessoa amada através de seus “ DESLIZES “ . [ “ / Não sei por que / Insisto tanto em te querer / Se você sempre faz de mim o que bem quer / Se ao teu lado sei tão pouco de você / É pelos outros que eu sei quem você é / Eu sei de tudo com quem andas / Aonde vais / Mas eu disfarço o meu ciúme / Mesmo assim / Pois aprendi que o meu silêncio vale mais / E desse jeito eu vou trazer você pra mim / E como prêmio eu recebo o teu abraço / Subornando o meu desejo tão antigo / E fecho os olhos para todos / Os teus passos / Me enganando, só assim somos amigos / Por quantas vezes me dá raiva te querer / Em concordar com tudo o que você me faz / Já fiz de tudo pra tentar te esquecer / Falta coragem para dizer que nunca mais / Nós somos cúmplices, nós dois / Somos culpados / No mesmo instante em que teu corpo / Toca o meu / Já não existe nem o certo nem errado / Só o amor que por encanto aconteceu / E é só assim que eu perdoo os teus deslizes / E é assim o nosso jeito de viver / Em outros braços tu resolves tuas crises / Em outras bocas não consigo te esquecer / . “ ] .
Em uma singela mensagem , esta canção faz abordagem sobre os mistérios de nossos sentimentos , fundamentalmente quando se perde um amor deixando na memória pedaços de cenas que resultam em saudade quando ativados , tudo como fruto de uma “ REVELAÇÃO “ . [ “ / Um dia vestido de saudade viva / Faz ressuscitar / Casas mal vividas, camas repartidas / Faz se revelar / Quando a gente tenta de toda maneira dele se guardar / Sentimento ilhado, morto, amordaçado / Volta a incomodar / ( 2 x ) / Quando a gente tenta de toda maneira dele se guardar / Sentimento ilhado, morto, amordaçado / Volta a incomodar / Volta a incomodar / Volta a incomodar / . “ ] .
Encerrando a apresentação de FAGNER , o Cantinho Musical escolheu uma canção que toca profundamente no sentimento das pessoas , porque é uma mensagem comportamental diante do homem e da vida , demonstrando , na trajetória de seu versos , o compromisso da sociedade com respeito que se deve ter ao “ MENINO GUERREIRO “ . [ “ / Um homem também chora / Menina morena / Também deseja colo / Palavras amenas / Precisa de carinho / Precisa de ternura / Precisa de um abraço / Da própria candura / Guerreiros são pessoas / São fortes, são frágeis / Guerreiros são meninos / No fundo do peito / Precisam de um descanso / Precisam de um remanso / Precisam de um sonho / Que os tornem perfeitos / É triste ver este homem / Guerreiro menino / Com a barra de seu tempo / Por sobre seus ombros / Eu vejo que ele berra / Eu vejo que ele sangra / A dor que traz no peito / Pois ama e ama / Um homem se humilha / Se castram seu sonho / Seu sonho é sua vida / E a vida é o trabalho / E sem o seu trabalho / Um homem não tem honra / E sem a sua honra / Se morre, se mata / Não dá pra ser feliz / (3X) / .]. .
Iniciaremos agora uma exposição de algumas pérolas musicais de DJAVAN . Djavan Caetano Viana , nasceu em Maceió , no dia 27 de janeiro de 1949 , é um cantor , compositor , produtor musical e violonista brasileiro.As músicas de Djavan são conhecidas pelas suas "cores". Ele retrata muito bem em suas composições a riqueza das cores do dia a dia e se utiliza de seus elementos em construções metafóricas de maneira distinta dos demais compositores. As músicas são amplas, confortáveis chegando ao requinte de um luxo acessível a todos. Até hoje é conhecido mundialmente pela sua tradição e o ritmo da música cantada. Por sua originalidade e polinização de suas canções, a única coisa que se pode prever a cada novo trabalho de Djavan é sua versatilidade de tons. Em 1973 foi para o Rio de Janeiro onde teve ajuda do radialista Edson Mauro, que o apresentou a Adelzon Alves, que o levou para o produtor da Som Livre, João Mello que lhe deu a oportunidade de gravar músicas de outros artistas . O reconhecimento aconteceu mesmo em 1975 quando participou do Festival Abertura e conquistou o segundo lugar com a música "Fato consumado".
Apresentaremos agora, neste espaço, algumas maravilhosas canções que foram sucessos e estão fixadas musicalmente na memória dos que curtem belas músicas . Iniciaremos com uma linda canção que fez e faz um enorme sucesso e que especularam sobre o que inspirou Djavan a compor esta pérola musical com o fato de que perdera uma filha no parto da mulher , o que em entrevista fora desmentido pelo autor . Trata-se de uma poesia que inspira grande tristeza pela perda de um grande amor que cria uma grande ilusão , entregando seu coração para mulher amada , consequentemente não consegue ser raiz da “ FLOR DE LIS “ .[ “ / Valei-me, Deus! / É o fim do nosso amor / Perdoa, por favor / Eu sei que o erro aconteceu / Mas não sei o que fez / Tudo mudar de vez / Onde foi que eu errei? / Eu só sei que amei, / Que amei, que amei, que amei / Será talvez / Que minha ilusão / Foi dar meu coração / Com toda força / Pra essa moça / Me fazer feliz / E o destino não quis / Me ver como raiz / De uma flor de lis / E foi assim que eu vi / Nosso amor na poeira, / Poeira / Morto na beleza fria de Maria / E o meu jardim da vida / Ressecou, morreu / Do pé que brotou Maria / Nem margarida nasceu. / (BIS) / “ ] .
Djavan com uma simples canção descreve em pequenos versos a visão do amor perfeito que resulta em grande sofrimento demonstrado em uma linha poética traduzida em “ MEU BEM-QUERER “ . [ “ / Meu bem-querer / É segredo, é sagrado / Está sacramentado / Em meu coração / Meu bem-querer / Tem um "quê" de pecado / Acariciado pela emoção / Meu bem-querer, meu encanto / Tô sofrendo tanto / Amor / E o que é o sofrer / Para mim que estou / Jurado pra morrer de amor? / . “ ] .
Dar mais vida aos fenômenos da natureza em recursos metafóricos é o eixo semântico desta bela canção em que singelamente Djavan associa todos os fenômenos às emoções por ele sentida em uma coloração “ LILÁS “ . [ “ / Amanhã / Outro dia / Lua sai / Ventania abraça / Uma nuvem que passa no ar / Beija / Brinca / E deixa passar / E no ar / De outro dia / Meu olhar / Surgia nas pontas / De estrelas perdidas no mar / Pra chover de emoção / Trovejar... / Raio se libertou / Clareou / Muito mais / Se encantou / Pela cor lilás / Prata na luz do amor / Céu azul / Eu quero ver / O pôr do sol / Lindo como ele só / E gente pra ver / E viajar / No seu mar / De raio / . “ ] .
Há nesta canção um enorme desejo de retornar às suas raízes , depois de uma retirada do espaço que motiva uma imensa saudade de grandes momentos de felicidade sentida pelo seu “ SERRADO “ . [ “ / Se o Senhor me for louvado / Eu vou voltar pro meu serrado / Por ali ficou quem temperou / O meu amor e semeou em mim / Essa incrível saudade / Se é por vontade de Deus / Valei, valei / Se pedir a Deus pelo meu prazer / Não for pecado, vou rezar / Pra quando eu voltar a rever / Todas as brincadeiras do passado / Cortejar meu serrado / Em dia, feriado / Viva o cordão azul e encarnado / Eu sei, serei feliz de novo / Meu povo, deixa eu chorar com você / Serei feliz de novo / Meu povo, deixa eu chorar com você / Serei feliz de novo / Meu povo, deixa eu chorar / . “ ] .
Com enorme emoção, Djavan recita , e não canta , versos maravilhosos comparando o amor com várias circunstâncias da vida na tentativa de conceituar todo sentimento amoroso numa explanação de causa e efeito concluindo , através de seus sentimentos, que está “ FALTANDO UM PEDAÇO “ . [ “ / O amor é um grande laço, um passo pr'uma armadilha / Um lobo correndo em círculos pra alimentar a matilha / Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha / Tanto engorda quanto mata feito desgosto de filha / O amor é como um raio galopando em desafio / Abre fendas cobre vales, revolta as águas dos rios / Quem tentar seguir seu rastro se perderá no caminho / Na pureza de um limão ou na solidão do espinho / O amor e a agonia cerraram fogo no espaço / Brigando horas a fio, o cio vence o cansaço / E o coração de quem ama fica faltando um pedaço / Que nem a lua minguando, que nem o meu nos seus braços / . “ ] .
Encerrando esta pequena demonstração de uma imensa coletânea musical de Djavan , o “ Cantinho Musical “ selecionou uma bela canção que versa sobre os efeitos causados pelo enorme sofrimento da paixão expresso em cada estrofe onde o amor é o motivo que faz padecer a pessoa amada , tornando- a, metaforicamente , verdadeiro servo de um “ SAMURAI “ .[ “ /Ai / Quanto querer / Cabe em meu coração / Ai / Me faz sofrer / Faz que me mata / E se não mata, fere / Vai / Sem me dizer / Na casa da paixão / Sai / Quando bem quer / Traz uma praga / E me afaga a pele / Crescei, luar / Pra iluminar as trevas / Fundas da paixão / Eu quis lutar / Contra o poder do amor / Caí nos pés do vencedor / Para ser o serviçal / De um samurai / Mas eu tô tão feliz! /Dizem que o amor atrai / .” ] .
“ QUANTO MAIS SE CRISTALIZA UMA VOZ , TANTO MAIS SE ENRIQUECEM AS BELAS CANÇÕES QUE SÃO FIXADAS NA MEMÓRIA DOS OUVINTES DAS BOAS MÚSICAS . FAGNER E DJAVAN TÊM, EM SEUS CANTOS , AS ESSÊNCIAS DO CRISTAL , CONSERVANDO, CADA UM, AS SUAS BRILHANTES CARACTERÍSTICAS MUSICAIS ! “