O Cantinho Musical , seguindo na publicação dos sambas-enredo das escolas do grupo elite do Rio de Janeiro , acoplará em um só espaço duas agremiações que compõem , com muito desempenho juntamente com outras escolas , o quadro magnífico que embeleza a avenida nos desfiles das grandes Escolas de Samba do Grupo Especial : “ A Mocidade Independente de Padre Miguel “ e “ Imperatriz Leopoldinense“ .
“MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL" “ Lá vem a bateria da Mocidade Independente /Não existe mais quente “ “Alô meu povão de Padre Miguel , a hora é essa ......"
Iniciaremos nossa apresentação com a “ Mocidade Independente de Padre Miguel “ , expondo um quadro histórico da agremiação e as maravilhas de seus sambas que se tornaram conhecidos no mundo dos sambista .
A Mocidade Independente de Padre Miguel foi fundada em 10 de novembro de 1955. Dois anos depois, desfilou oficialmente como escola de samba, na Praça Onze, ficando em quinto lugar no Grupo de Acesso . Em 1958, foi campeã do grupo, com “Apoteose do samba”. O desfile ficou marcado pela famosa paradinha da bateria, que Mestre André executou à perfeição em frente a comissão julgadora. O primeiro título na elite do carnaval carioca só viria em 1979, com “O Descobrimento do Brasil”, de Arlindo Rodrigues. Em 1985, já sob o comando de Fernando Pinto, arrebatou a Sapucaí com o enredo futurista “Ziriguidum 2001”. Nos anos 90, a escola conquistaria mais três títulos com o carnavalesco Renato Lage e os enredos “Vira, virou, a Mocidade chegou” e “Chué... chuá... As águas vão rolar”, respectivamente. Em 1996, Lage foi vencedor novamente, com “Criador e criatura”. Em meio a polêmica, a escola de Padre Miguel voltaria a conquistar o título principal do carnaval carioca em 2017.
Agora daremos início à apresentação dos sambas-enredo que marcaram o rótulo luzente da Mocidade . Em 1979 , com um desfile perfeito , sagrou-se campeã em seu primeiro título na elite do carnaval , com um samba-enredo composto por Toco e Djalma Crill que narra, em uma bela cadência, toda a trajetória história , convidando o Brasil a participar da festa magnífica quando exporá um lindo quadro , através de versos , sobre “ O Descobrimento do Brasil “ . [ “ / A musa do poeta / E a lira do compositor / Estão aqui de novo / Convocando o povo / Para entoar um poema de amor / Brasil, Brasil, avante meu Brasil / Vem participar do festival / Que a Mocidade Independente / Apresenta neste Carnaval / De peito aberto é que eu falo / Ao mundo inteiro / Eu me orgulho de ser brasileiro / Partiu de Portugal com destino às Índias / Cabral comandando as caravelas / Ia fazer a transação / Com o cravo e a canela / Mas de repente o mar / Transformou-se em calmaria / Mas deus Netuno apareceu / Dando aquele toque de magia / E uma nova terra Cabral descobria / Vera Cruz, Santa Cruz / Aquele navegante descobriu (descobriu) / E depois se transformou / Nesse gigante que hoje se chama Brasil / . “ ] .
Em 1990, ainda com tema histórico , chegou a vez de descrever sua própria história no carnaval carioca , citando seus sambas campeões e seus feitos na passarela nos desfiles do Grupo Especial , com o samba-enredo composto por Toco, Jorginho Medeiros e Tiãozinho , anunciando a sua triunfal chegada para uma brilhante apresentação: “ VIRA VIROU, A MOCIDADE CHEGOU “ [ “ / A luz, / Oh, divina luz / que me ilumina é uma estrela / Da aurora ao arrebol, arrebol / Eu em paz no verde da esperança / Tive sonhos de criança / Comecei no futebol / Agora, que me tornei realidade / Vou encontrar o meu futuro por aí / Curtindo a minha Mocidade / E a paradinha de / outros carnavais / Sei que ninguém pode esquecer jamais / Sou independente, sou raiz também / Sou Padre Miguel, sou Vila Vintém / Apoteose ao samba, todo mundo aplaudiu / Com as bênçãos ao Divino aconteceu / O Descobrimento do Brasil / Quem não se lembra / Do lindo cantar do Uirapuru / Quando gorjeava, parecia que falava / Como era verde o meu Xingu / Meu ziriguidum fez brilhar no céu / A estrela-guia de Padre Miguel / Ah, vira virou, vira virou / A Mocidade chegou, chegou / Virando nas viradas dessa vida / Um elo, uma canção de amor / . “ ] .
Em 1985 , com a proposta de um enredo futurista , já prevendo a aproximação de um novo milênio com suas descobertas científicas , a Mocidade , com um samba-enredo composto por Gibi, Arsênio e Tiãozinho , apresenta um tema em que desfrutará de toda tecnologia do milênio através das conquistas do espaço sideral regadas com muitos sambas no “ ZIRIGUIDUM 2001, CARNAVAL NAS ESTRELAS “ . [ “ / Desse mundo louco / De tudo um pouco / Eu vou levar pra 2001 / Avançar no tempo / E nas estrelas fazer meu / Ziriguidum / (meu Ziriguidum) / Nos meus devaneios / Quero viajar / Sou a Mocidade / Sou Independente / Vou a qualquer lugar (bis) / Vou à Lua, vou ao Sol / Vai a nave ao som do samba / Caminhando pelo tempo / Em busca de outros bambas (bis) / Quero ver no céu minha estrela brilhar / Escrever meus versos à luz do luar / Vou fazer todo o universo sambar! / Até os astros irradiam mais fulgor / A própria vida de alegria se enfeitou Está em festa o espaço sideral / Vibra o universo hoje é carnaval / Quero ser a pioneira / A erguer minha bandeira / E plantar minha raiz (bis) / . “ ] .
Toco, Jorginho Medeiros e Tiãozinho compuseram um samba-enredo , em 1991 que versava sobre a simbologia das águas em verdadeiros milagres da vida como fonte de energia onde o verde e branco da Mocidade mergulha em busca da felicidade e alegria sobre o som de suas águas : “ CHUÊ CHUÁ, AS ÁGUAS VÃO ROLAR “. [ “ / naveguei, naveguei, no afã de encontrar / Um jeito novo de fazer meu povo delirar / Uma overdose de alegria / Num dilúvio de felicidade (iluminado) / Iluminado mergulhei / O verde e branco mar da Mocidade / Aieieu mamãe oxum / Iemanjá mamãe sereia / Salve as águas de oxalá / Uma estrela me clareia / É no chuê chuê / É no chuê chuá / Não quero nem saber / As águas vão rolar / É no chuê chuê / É no chuê chuá / Pois a tristeza já deixei pra lá / Na vida sou a fonte de energia / Sou chuva, cachoeira, rio e mar / Sou gota de orvalho, sou encanto / E qualquer sede eu posso saciar / Quem dera, um mar de rosas nesta vida / Lavando as mentes poluídas / Taí o nosso carnaval / Eu tô em todas, eu tô no ar, eu tô aí / Eu tô até na liquidez do abacaxi / (naveguei) / . “ ] .
Encerrando a pequena apresentação dos sambas-enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel , selecionamos um samba composto por Paulinho Mocidade, Dico da Viola e Moleque Silveira, em 1992 que manifesta um estado onírico causado pelo amor e pelo carnaval em uma bela viagem na ilusão de lindos sonhos na tentativa de torná-los realidade conduzidos por uma brilhante estrela para os braços do infinito . “ SONHAR NÃO CUSTA NADA, OU QUASE NADA “ . [ “ / Sonhar não custa nada / o meu sonho é tão real / Mergulhei nessa magia / era tudo que eu queria / Para esse carnaval / Deixe a sua mente vagar / Não custa nada sonhar / Viajar nos braços do infinito / Onde tudo é mais bonito / Nesse mundo de ilusão / Transformar o sonho em realidade / E sonhar com a Mocidade / E sonhar com o pé no chão / Estrela de luz / Que me conduz / Estrela que me faz sonhar / Amor, sonhe com os anjos (não se paga) / Não se paga pra sonhar / Eu sou a noite mais bela / que encanta o teu sonho / Te alucina por te amar (amar, amar) / Eu, sou a lua de mel / A estrela no céu / Vem me querer / Delírio sensual / Arco-Íris de prazer / Amor, eu vou te anoitecer / Eu vejo a lua no céu / A Mocidade a sorrir / De verde e branco na Sapucaí / . “ ] .
“IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE " “O MEU SONHO DE SER FELIZ VEM DE LÁ SOU IMPERATRIZ"
Completando o artigo , o Cantinho Musical apresentará uma visão histórica e cultural da Imperatriz Leopoldinense e alguns de seus sambas-enredo que se perpetuaram na memórias daqueles que curtem os desfiles das escolas do Grupo Especial .
A Imperatriz Leopoldinense foi fundada em 6 de março de 1959. Em seu primeiro carnaval, em 1960, no Grupo 3, ficou em sexto lugar, com o enredo “Homenagem à Academia de Letras”. No ano seguinte, levou o título, com o desfile “Riquezas e maravilhas do Brasil”. No Grupo Especial, a escola é oito vezes campeã: duas com Arlindo Rodrigues, uma com Max Lopes e cinco com Rosa Magalhães. Na elite do carnaval, o primeiro título veio pelas mãos de Arlindo Rodrigues, em 1980, com o enredo “O que a Bahia tem”. No ano seguinte, o repeteco, desta vez com “O teu cabelo não nega”. Ainda nos anos 80, a Imperatriz seria campeã com “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”, de Max Lopes. Na era Rosa Magalhães, a escola consagrou sua fama de fazer desfiles certinhos, de olho nos jurados , saindo-se vencedora em vários carnavais . Ramos é o berço da Imperatriz Leopoldinense. O bairro compõe a denominada “ zona da Leopoldina , na zona norte do Rio de Janeiro . Região de forte tradição no cenário cultural suburbano carioca, onde foram fundados vários blocos carnavalescos e a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense. Iniciaremos agora a apresentação de alguns sambas-enredo que fizeram sucesso na passarela do samba nos desfiles do Grupo Especial .
Com um lindo samba-enredo composto por Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir , em 1989, o carnavalesco Max Lopes conquistou mais um título para a escola de Ramos, O enredo comemorava o centenário da Proclamação da República do Brasil. O título do enredo é uma intertextualidade e faz uma alusão ao Hino da República .. O desfile começava no fim da monarquia brasileira, passando pela Guerra do Paraguai, a chegada de imigrantes ao país, a assinatura da Lei Áurea, e terminava com a instauração da República. “ LIBERDADE, LIBERDADE! ABRE AS ASAS SOBRE NÓS! [ “ / Liberdade!, Liberdade! / Abre as asas sobre nós / E que a voz da igualdade / Seja sempre a nossa voz, mas eu digo que vem / Vem, vem reviver comigo amor / O centenário em poesia / Nesta pátria mãe querida / O império decadente, muito rico incoerente / Era fidalguia e por isso que surgem / Surgem os tamborins, vem emoção / A bateria vem, no pique da canção / E a nobreza enfeita o luxo do salão, vem viver / Vem viver o sonho que sonhei / Ao longe faz-se ouvir / Tem verde e branco por aí / Brilhando na Sapucaí e da guerra / Da guerra nunca mais / Esqueceremos do patrono, o duque imortal / A imigração floriu, de cultura o Brasil / A música encanta, e o povo canta assim e da princesa / Pra Isabel a heroína, que assinou a lei divina / Negro dançou, comemorou, o fim da sina / Na noite quinze e reluzente / Com a bravura, finalmente / O Marechal que proclamou foi presidente / Liberdade!, Liberdade! / Abre as asas sobre nós / E que a voz da igualdade / Seja sempre a nossa voz, / Liberdade!, Liberdade! / Abre as asas sobre nós / E que a voz da igualdade / Seja sempre a nossa voz/. “ ] .
Se uma tradição carnavalesca se conserva como patrimônio cultural , devemos em parte a Lamartine Babo com suas marchinhas que agitavam e agitam os salões durante o período de Momo . Em 1981 , a Imperatriz presta uma bela homenagem a esse que foi um ícone do nosso carnaval , desfilando com um samba-enredo composto por Gibi, Serjão e Zé Catimba empolgando todo público presente no grande desfile com a cadência de “ O TEU CABELO NÃO NEGA (SÓ DÁ LALÁ) “ . [ “ / Neste palco iluminado / Só dá lalá (bis) / És presente imortal / Só dá lalá / Nossa escola se encanta / O povão se agiganta / É dono do carnaval / Lá lá lalá Lamartine / Lá lá lalá Lamartine / Em teu cabelo não nega / Um grande amor se apega / Musa divinal / Eu vou embora / Vou no trem da alegria (bis) / Ser feliz um dia / Todo dia é dia / Linda morena / Com serpentinas enrolando foliões / Dominós e colombinas / Envolvendo corações / Quem dera / Que a vida fosse assim / Sonhar, sorrir / Cantar, sambar / E nunca mais ter fim / . “ ] .
Em 1980 veio o 1º. Título , quando a Imperatriz faz uma homenagem à Bahia com um samba-enredo composto por Darcy do Nascimento e Dominguinhos do Estácio que cadencia todo desfile citando em cada verso as tradições baianas com suas crenças religiosas , demonstrando especificamente “ O QUE QUE A BAHIA TEM “ . [ “ / Reluzente como a luz do dia / Bela e formosa como as ondas do mar / Encantadora e feliz / Chega a Imperatriz / Fazendo o povo vibrar / Ê Bahia / Vou cantá-la nos meus versos (vou cantar) / Teu passado glorioso / Teu presente já famoso / E o futuro Deus dirá / Pega na barra da saia / Vamos rodar / Lá, laiá, lá, laiá, lá, laia / Lá, laiá, lá, laiá, laia / (Ê Bahia...) / Bahia terra da magia / Da feitiçaria e do candomblé / Caô, meu pai Caô / Caô, meu pai Xangô (bis) / Que coisa linda ver / O ritual do lava-pés / A lavagem do átrio e as catedrais / E o pregoeiro a dizer: / Quem vai querer? / Quem vai querer? (bis) / Fubá de castanha / Pé-de-moleque, dendê / . “ ] .
Com demonstração temática de galhardia , bravura e grandeza na formação da nação brasileira com a contribuição dos povos que ajudaram a construir esse gigante que se chama Brasil , em 1972 , a Imperatriz explorou esse tema , desfilando com um samba-enredo composto por Zé Catimba e Gibi onde traça , em cada verso , uma manifestação cultural dotada de uma grande interjeição expressa em “ MARTIM CERERÊ “ . [ “ / Vem cá, Brasil / Deixa eu ler a sua mão, menino / Que grande destino / Reservaram pra você / Lá lá lá lá lauê / Fala Martim Cererê (bis) / Tudo era dia / O índio deu a terra grande / O negro trouxe a noite na cor / O branco a galhardia / E todos traziam amor / Tinham encontro marcado / Pra fazer uma nação / E o Brasil cresceu tanto / Que virou interjeição / Lá lá lá lá lauê / Fala Martim Cererê (bis) / Gigante pra frente a evoluir (laiá laiá) / Milhões de gigantes a construir (laiá laiá laiá) (bis) / . “ ] .
Encerrando esta pequena amostra de inesquecíveis sambas-enredo da Imperatriz , optamos pelo tema que , em 1979 com um samba composto por Gibi, Darcy do Nascimento e Dominguinhos do Estácio , descreve basicamente em um quadro cênico uma tradição de acordo com a visão religiosa do Candomblé sobre a lenda do Arco-Íris como um fenômeno que ilumina e enfeita com sua própria natureza a passarela do samba ; “ OXUMARÉ - A LENDA DO ARCO-ÍRIS “ . [ “ / O arco-íris / Colorindo a passarela / Para Oxumaré passar / Os orixás estão em festa / Oi deixa a gira girar / Bata palma mãe pequena / Batam palmas Iaôs (bis) / Firma ponto meu Ogan / No rufar do seu tambor / Olha lá o arco-íris / Fazendo a natureza chorar / Menino vira menina / Quando por baixo passar / Diz a crendice popular / O rei ficou ciente / De tudo que aconteceu / Porque foi que os rios secaram / E o céu escureceu / E os negros africanos / Com a sua tradição / Quando veem o arco-íris Fazem esta louvação / Arrobóboia, oxumarê / Arrobóboia, oxumarê, oxumarê (bis) / . “ ] .
O Cantinho Musical pede desculpa às duas Agremiações do Samba por ter acoplado em um só artigo a nossa homenagem a essas duas escolas de samba maravilhosas que contribuíram e contribuem para o êxito de nossos desfiles na passarela durante a apresentação de todas coirmãs pertencentes ao Grupo Especial . Obrigado por não doar somente 50 % de suas belezas em nosso carnaval !
A GRANDE VANTAGEM EM UNIR NO MESMO ARTIGO DUAS BELAS ESCOLAS DE SAMBA COM SEUS RESPECTIVOS SAMBAS-ENREDO É QUE O LEITOR PODE EXPRESSAR GRANDES ADMIRAÇÕES AO MATERIAL APRESENTADO , PORQUE “ MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL “ E “ IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE NOS PROPORCIONAM SEMPRE AQUELE IMENSO PRAZER DE ASSISTIR A SEUS DESFILES E OUVIR SEUS SAMBAS QUE CANTAM E ENCANTAM O GRANDE PÚBLICO !!!!