Há algum tempo atrás, numa época em que não havia automóveis, na cocheira de um famoso palácio real, um "BURRINHO" de carga curtia imensa amargura por causa dos deboches e zombarias dos seus companheiros. E reparando-lhe o pêlo maltratado, as fundas cicatrizes do lombo e a face tristonha e humilde, aproximou-se formoso cavalo árabe que era ganhador de muitos prêmios e disse todo orgulhoso para o BURRINHO:
- Triste sina a sua. Você é um simples BURRINHO de carga, sem nenhuma posição social. Eu não, eu sou acariciado por mãos de princesas.
Aí, um outro cavalo de origem inglesa, aproxima-se do BURRINHO e fala:
- Você BURRINHO, com certeza tem inveja de mim, pudera, eu tenho o brilho das apostas e o gosto da caça...exclamou o cavalo de fina origem inglesa.
Outro soberbo cavalo, de procedência húngara, entrou no assunto e comentou:
- Esse BURRINHO é animal fraco, inútil, não sabe viver senão sob pesadas disciplinas. Desconhece o amor próprio e aceita deveres sem dar sequer um coice. Eu não, disse o soberbo cavalo húngaro, eu recuso-me à obediência, pinoteio e sou capaz até de matar.
E o BURRINHO escutava tudo e se calava, resignadamente.
De repente, o Rei entra na cocheira do seu palácio, na companhia do chefe da cavalaria e diz:
- Preciso de um animal para serviço de grande responsabilidade, informa o Rei. Quero um animal dócil, educado e que mereça absoluta confiança.
O chefe da cavalaria começa então a mostrar os cavalos:
- Quer o árabe Majestade?
- Não, não...responde o Rei. O árabe é muito altivo e só serve para corridas em festejos oficiais sem muita importância.
- E o potro inglês?
- De modo algum, muito inquieto e não vai além das extravagâncias da caça e das apostas.
- E o cavalo húngaro?
- Não, ele é bravo e sem qualquer educação. Tudo é motivo pra ele pinotear e dar coice.
E de repente... o Rei aponta para o BURRINHO:
- Quero esse, meu BURRINHO de carga! Ele é dócil, obediente, educado e cumpridor dos seus deveres.
E o próprio Rei o puxa carinhosamente para fora do estábulo, coloca as roupas no BURRINHO da Cavalaria Real e lhe confia o filho, que na época era ainda criança, para uma viagem longa a um reino distante.
E a dica da "ANJA DOURADA" desse texto é: Vamos também aprender à servir com humildade? Somente prestam serviço de "utilidade real" aqueles que aprenderam à servir com renúncia de si mesmos. A sabedoria está com os humildes e a humildade com os sábios!