10/04/2017 às 17h47min - Atualizada em 10/04/2017 às 17h47min

Clube do Moinho terá Workshop de percussão com Mestre Riko

O projeto tem parceria com o Conservatório de Música Lia Salgado, de Leopoldina.

Márcia Vaz Barbosa
Será realizado em Leopoldina um Workshop de percussão, apresentado por Mestre Riko e assistentes da bateria Fina Batucada, da Escola de Música Villa Lobos do Rio de Janeiro, uma das escolas de música mais conceituadas do País. Este projeto tem   parceria com o Conservatório de Música Lia Salgado, de Leopoldina e conta com o apoio cultural do Clube do Moinho, onde será realizado o workshop. Será um curso intensivo, uma oficina de curta duração em que técnicas, habilidades, saberes, artes etc. são demonstrados e aplicados. O público-alvo são os musicistas de Leopoldina e região e também os amantes de percussão. Este primeiro momento será o Módulo I, para iniciantes, sendo que o próximo módulo acontecerá ainda este ano, no segundo semestre.

“Eu quero dar aula de percussão pra todo mundo”(Mestre Riko)-Foto Pedro Soares

O evento:

Será realizado nos dias 27, 28, 29 de abril, no Clube do Moinho e a apresentação final será na Praça Felix Martins, no dia 30. Nos dias 27 e 28 a aula será das 19 às 22 horas e nos dias 29 e 30 das 14 às 17 horas. O valor da inscrição será de R$80,00 ( oitenta reais) para não-sócios do Clube do Moinho e R$ 50,00 (cinquenta reais) para sócios. Os interessados poderão se inscrever na secretaria do Clube. O pagamento poderá ser em dinheiro, cheque ou cartão de crédito /débito.Para quem não mora em Leopoldina, a ficha de inscrição poderá ser solicitada pelo email [email protected] 
Maiores informações (32)98803-2163, com a jornalista Marcia Vaz, que é a produtora do evento.

Sobre Mestre Riko:

O pandeiro ecoa pelo corredor da Escola de Música Villa-Lobos, como se ditasse o ritmo de todo prédio. A fila de crianças o segue e ecoa alto as finas vozes da turma de iniciação musical. Obedientes, estampam um sorriso no rosto, satisfeitas com mais uma contagiante aula de percussão do Mestre Riko.

Não é difícil encontrá-lo pela Escola. Seu pandeiro é um cartão de boas-vindas, e a forma como recebe a todos o torna um verdadeiro anfitrião. Não seria diferente, afinal, Mestre Riko tem uma íntima ligação com a Escola de Música Villa-Lobos por ter deixado dois importantes legados, para a instituição e para a música brasileira em geral: além de ser fundador do curso de percussão popular da Escola de Música Villa-Lobos, ele criou a bateria Fina Batucada, a primeira constituída somente por mulheres.

Não são apenas crianças os alunos de Mestre Riko. Professor do Curso Formação Musical, possui turmas de todas as idades, adolescentes, adultos, e alunos de terceira idade. Talvez por ter nascido no dia 12 de outubro, tenha um carinho especial pelos pequenos, demonstrado num incontido jeito pueril de ser.

O contato com a percussão surgiu cedo, quando Mestre Riko costumava ajudar os ensaios do tio dançarino, um dos mestres-salas da Unidos da Tijuca. Enquanto o sobrinho tamborilava os dedos na mesa, o tio exercitava os passos e enchia o menino de orgulho e admiração.

Morava numa rua a 313 degraus do asfalto, entre as comunidades do Morro do Borel e Morro da Casa Branca, na Zona Norte do Rio. As crianças pegavam latas velhas, cobriam-nas com papelão e as transformavam em tambores para os cortejos de Folia de Reis. As vassouras serviam de porta-estandartes. A riqueza do samba no bairro dava-lhe um cardápio farto de opções. Havia, além da Unidos da Tijuca, o Império da Tijuca, o Salgueiro, a Flor da Mina do Andaraí, sem contar os blocos carnavalescos, os bares e as esquinas por onde o samba sempre pulsou.

Nesta época, rodas de samba eram para adultos, e os mais jovens observavam de longe. A música ainda não dava o tom na vida de Mestre Riko, e seu sonho era ser um profissional liberal com formação em eletrônica. Conseguiu profissionalizar-se na área, tornou-se eletrotécnico, técnico hidráulico, operador de áudio, atuou também na construção civil e como marceneiro. Serviu o Exército, onde, na banda militar, a percussão foi uma obrigação tirada de letra. Ao mesmo tempo, começava a ganhar prestígio nas baterias das escolas de samba, em particular na Acadêmicos do Salgueiro, onde ficaria por 30 anos.

Na Escola de Música Villa-Lobos, começou como aluno de um dos maiores nomes da percussão sinfônica nacional, Edgar Nunes Rocca, o Mestre Bituca, autor pioneiro de literatura específica para percussão. O pupilo então levava para as aulas toda sua vivência com o samba, acabando também por se tornar mestre, o que lhe permitiu conviver com outros grandes nomes que transformaram a Escola de Música Villa-Lobos, como o ex-diretor Marcos Nogueira e o compositor Leopoldo Carelli Touza.

Como referência de ensino de música brasileira, a Escola de Música Villa-Lobos sempre recebeu visitas de músicos estrangeiros, e Mestre Riko reparava que eles sentiam falta de algo mais representativo da cultura brasileira.

“Só existia percussão sinfônica, e os gringos vinham para ouvir atabaques, mas só havia tímpanos.”

Surgiu então a ideia de se criar a percussão popular na Escola. Mestre Riko passou a levar seu pandeiro para as aulas, introduzindo assim os diversos ritmos brasileiros.

“Tem que ter o samba, o maculelê, a capoeira, o ilê-ayê, o afoxé, tem que ter todos estes ritmos.”

Certo dia, quando a Escola era visitada por cinegrafistas britânicos que buscavam ritmos mundiais, o pandeirista chamou-lhes a atenção. Aquele pandeiro bem tocado parecia reunir dezenas de instrumentos percussivos. Eles convidaram-no para participar do documentário como representante dos ritmos brasileiros. O filme, intitulado “Ritmos do mundo”, produzido pelo canal inglês BBC em 1998, contou com depoimentos de grandes nomes da música, como Stevie Wonder, Brian May e Celine Dion, e teve a direção assinada por nada menos que George Martin, o mesmo que produziu os Beatles.

Mas o grande legado do qual Mestre Riko se orgulha mais é a Bateria Fina Batucada. Antes, as baterias de escolas de samba eram formadas majoritariamente por homens, e as mulheres ficavam relegadas a determinados instrumentos. O professor então reuniu suas alunas e apresentou-lhes a todos os instrumentos de percussão. No dia 12 de outubro de 1998, data escolhida especialmente para Mestre Riko, nascia a Fina Batucada. Os ensaios logo se transformaram em desfiles, e o desempenho das alunas conquistou rapidamente a simpatia e o reconhecimento do público nos blocos de carnaval. Em 2002, o grupo recebeu o prêmio de melhor bateria de Escola de Samba (Grupo Mirim). No ano seguinte, com a aprovação dos críticos dos desfiles de escolas de samba, Haroldo Costa, Fernando Pamplona e Sérgio Cabral, ganhou o Estandarte de Ouro do Jornal O Globo. Para finalizar a coroação, surge o convite oficial da Prefeitura do Rio para abrir o desfile das escolas campeãs na Marquês de Sapucaí. De desfiles e blocos carnavalescos, a Fina Batucada excursionou pelo país afora e fora do país, sendo um momento marcante quando, junto com o Mestre Paulinho da Beija-Flor, Mestre Riko reuniu 1.700 ritmistas, todas mulheres, na abertura dos Jogos Pan Americanos de 2007 no Maracanã. Atualmente a Fina Batucada realiza diversas apresentações como Grupo Representativo da Escola de Música Villa-Lobos.

Em 2017 a Fina Batucada  abriu o carnaval carioca , na Sapucaí, com 230 componentes .

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