O empresário e pecuarista Evandro do Carmo Guimarães, disse em entrevista concedida à Imprensa, que o país com a quantidade de terras que possui, pode e deve enfrentar a crise, produzindo muito leite. E fez uma sinopse da situação vivenciada no Brasil, com as principais dificuldades enfrentadas na atividade, e possíveis soluções.
“O Brasil tem milhares de pessoas que são referências no chamado agronegócio, especialmente na pecuária. Nós temos uma das principais pecuárias do mundo, e a pecuária bovino é conhecida no mundo inteiro como de desenvolvimento rápido, em 30 anos o Brasil chegou à 210 milhões de cabeças de gado, a maior parte são animais de corte, mas se destacam o nelore e os cruzamentos. Na área leiteira, o Brasil tem várias vias de excelência em todas as raças, no Holandês, no Jersey, no Guzerá, no Girolando, no Gir Leiteiro e etc. Eu ocupo um nicho no mercado de seleção, que é ter uma grade de doadoras Gir Leiteiro com foco em leite, para fazer o Meio Sangue F1. Existem outras fazendas de Gir Leiteiro com desenvolvimento de mais de 50 anos da raça. Nós temos foco, somos uma fazenda que se dispõe a ter uma grande quantidade de vacas Gir Leiteiro de alta lactação, de genética muito diversificada, por que achamos que não se deve colocar todos os ovos numa mesma cesta, isso também vale em genética. Para produzir para diversos parceiros e clientes, embriões que façam especificamente um Meio Sangue de vacas leiteiras, porque achamos que este é um diferencial, é uma novidade, uma invenção brasileira, que está fazendo muito sucesso no Brasil, e na América Latina, exceto Argentina, Chile e Uruguai, que são países de clima temperado.
Nesta fazenda aqui em Muriaé, mantemos as receptoras - barriga de aluguel, temos a área receptora de animais Gir Leiteiro, que não entraram na seleção, (pois estão crescendo e aguardando se tornarem doadoras), também mantemos aqui, o quarentenário dos animais Girolando, que recebemos nas parcerias. O Girolando de alta qualidade que produzimos nas Fazendas do BASA, é resultado do acasalamento de mães muito boas, com touros holandeses muito bons (há milhares deles disponíveis, até com um custo bastante razoável). Essa invenção realmente deu muito certo na América Latina por uma razão que não acontece no Brasil, pois todos os países do mundo, que estão com problemas de emprego e renda, elegem a produção de leite como prioridade absoluta. Sejam países pequenos como a Guatemala, República Dominicana e Equador, porque criar emprego na produção de leite é muito barato. Um emprego na indústria custa para o país, investimento de 25 a $30000, enquanto o emprego na produção leiteira, custa 10 x menos, e esses países, estavam acostumados a importar produtos e se despreocupavam com a segurança alimentar, e com a questão do aproveitamento dessa atividade para gerar emprego e renda.
No Brasil, o leite ainda não é uma questão de Estado, não tem uma Política Pública generosa e ampla, infelizmente. Nós estamos avançando, pelo fato de que o gado está melhorando muito, ao invés de tirar leite de 100 vacas, tiramos de 50, e produzimos a mesma quantidade, utilizando a Genética, uma condição indispensável. A nossa produção bruta total, também vai aumentar bastante, então nós precisamos exportar, já que o mercado interno, não vai dar conta desse aumento da produção, que é derivado da nossa disponibilidade de terras e genética de muita qualidade ” , destacou o pecuarista.