07/09/2017 às 15h03min - Atualizada em 07/09/2017 às 15h03min

Ex-jogador do Ribeiro Junqueira e do Cruzeiro de Belo Horizonte visita Leopoldina

Dirceu Pantera o guerreiro do Ribeiro Junqueira, Cruzeiro, Botafogo, América de MG e Deportivo Itália

Foto: Luciano Baía Meneghite - 29/07/2017
O craque leopoldinense Dirceu Pantera, que além do Ribeiro Junqueira e LEL jogou pelos times do Cruzeiro, Botafogo, América/MG, Vila Nova e Deportivo Itália, da Venezuela, foi flagrado pela câmera de Luciano Baia Meneghite, durante recente visita a Leopoldina, em um bate papo na Praça do Urubu com Merquinho, Getúlio Borges, e José Eduardo Fajardo Alvim.

Dirceu Pantera o guerreiro do Ribeiro Junqueira, Cruzeiro, Botafogo, América de MG e Deportivo Itália

Por João Gabriel B. Meneghite

Dirceu Francisco nasceu em Leopoldina/MG no dia 10 de outubro de 1935. É ex-jogador de futebol (Liga Esportiva Leopoldinense, Ribeiro Junqueira, Cruzeiro, Botafogo, América/MG, Vila Nova e Deportivo Itália da Venezuela).

Com 17 anos começou a jogar no time da Liga Esportiva Leopoldinense, do Colégio Leopoldinense. Serviu ao tiro de guerra (serviço militar obrigatório), que em Leopoldina, na época, era feito em parceria com o Ginásio Leopoldinense. Trabalhou como pintor na oficina do saudoso José Ferreira Nunes, mais conhecido como Macarrão, que lhe ensinou a sua primeira profissão.

Em 1954, Dirceu entrou para o juvenil do E.C Ribeiro Junqueira e em menos de um ano foi promovido para o time profissional no qual conquistou o Bi-Campeonato da Zona da Mata em 1955, o tri em 1956 e tetra campeão da região da Zona da Mata em 1957.

Na conquista do tetra campeonato da Zona da Mata, o time do Ribeiro Junqueira contou com a participação decisiva de Dirceu numa partida disputada contra o Recreio E.C, em que o rubro-negro leopoldinense ganhou por 3x1, com dois gols de Raul e um de Dirceu. Mas essa vitória não foi fácil, conta Paulo Rubens Franzone, em artigo publicado no livro "E.C.Ribeiro Junqueira, o eterno campeão" de José CapidvilleGribel, pois um tumulto generalizado fez com que torcedores e jogadores saíssem correndo mato a fora e se escondessem atrás de morros com medo da pancadaria e até mesmo tiros, provocando aquela correria geral. Os repórteres da Rádio Leopoldina não podiam transmitir o jogo em face das ameaças de alguns torcedores recreenses, uma rivalidade acirrada Leopoldina x Recreio. Após o tumulto e com ânimos serenados, os torcedores foram separados, deram seqüência ao jogo histórico, que foi um dos últimos de Dirceu com a camisa do Ribeiro Junqueira, que era dirigido por Getúlio Subirá, marcando em sua carreira o tetra campeonato da Zona da Mata.

Em 1957, mesmo ano em que foi tetra campeão da Zona da Mata, Dirceu foi indicado pelo amigo Elmo Correa Lima para fazer testes no Cruzeiro, Elmo, que também nasceu em Leopoldina, morava no distrito de Tebas, jogou com Dirceu no Ribeiro Junqueira e fazia parte do elenco principal do time celeste.

Indicação feita, Dirceu recebeu o convite do E.C Cruzeiro para ir a Belo Horizonte fazer testes, mas para isto, precisava pedir uma licença de 15 dias ao seu patrão, o saudoso José Ferreira Nunes, mais conhecido como Macarrão.

Dirceu guarda lembranças de carinho do patrão, que lhe disse: "pode ir tranqüilo, aqui o seu lugar está garantido para quando voltar". A oficina de Macarrão ficava localizada na Avenida Getúlio Vargas, onde atualmente está instalada a Auto PeçasZangaleZaquine. Dirceu saiu de Leopoldina às 6h da manhã e chegou a Belo Horizonte às 6h da noite numa terça feira.

Naquela época, para se chegar a Belo Horizonte vindo de Leopoldina, tinha que se passar pela cidade de Juiz de Fora, e o trajeto era marcado por estradas de chão. Era uma viagem bem cansativa. Já à noite, Dirceu apresenta-se na sede do Cruzeiro e foi para o quarto dormir. No dia seguinte, o time celeste, que saiu de um campeonato, disputaria um amistoso contra o Democrata de Sete Lagoas. O time treinado por Ayrton Moreira, homem que montou a equipe do Cruzeiro conhecida como "fabulosa máquina de jogar futebol". Ayrton mandou chamar Dirceu no quarto para arrumar o seu material. O jovem leopoldinense foi surpreendido de iniciar o seu teste contra a equipe de Sete Lagoas, pois achava que ia ficar na reserva, mas recebeu a camisa número nove. Percebendo o susto de Dirceu, Ayrton Moreira disse:

— Você vai jogar! Por acaso está com medo?

— Medo de jogar eu não tenho não, mas o negócio é que eu não conheço a forma de jogar do time, cheguei ontem, disse Dirceu.

— Mas o Elmo me falou que você sabe jogar, jogue do jeito que joga em Leopoldina, finalizou o treinador.

José Ferreira Nunes, o Macarrão, não pode contar mais com o seu pintor, pois o jovem simples do interior que achava que ia fazer somente um passeio, e realizou o sonho de conhecer a cidade grande, teve destino mudado por uma bela apresentação em um jogo amistoso contra o Democrata de Sete Lagoas na Alameda, em que Cruzeiro perdeu de 4x2. O destaque foi para Dirceu, o pintor de uma oficina mecânica, que fez os dois gols do time celeste e arrebentou no jogo, conquistando um novo emprego: o de jogador de futebol profissional.

O apelido de Dirceu Pantera se deu pelo fato de no time celeste existir três jogadores com o mesmo nome, para diferenciar e facilitar a narração esportiva foi colocado o apelido de Pantera, por causa do estilo guerreiro dentro de campo, diferenciando-o assim,dos demais (Dirceu Lopes e Dirceu Trapatone). Dirceu Pantera ficou no Cruzeiro de 1957 a 1964, porém, foi emprestado ao time do Botafogo no principio do segundo turno do ano de 1961. Foi campeão pelos dois times. No Cruzeiro, o leopoldinense foi ídolo da torcida daquela época e está na galeria de craques da história do Cruzeiro, pelo qual disputou diversos campeonatos, como o Mineiro, em que foi tricampeão em 59, 60 e 61. (Fonte: Revista Cruzeiro)

No período em que esteve no Botafogo, ele atuou com os jogadores consagrados como Garrincha, Didi, Manga, Nilton Santos,Zagalo, Quarentinha, Amarildo, Campoline, Zé Maria, Rildo e outros. Na rápida passagem que teve pelo Botafogo, Dirceu era reserva do gênio alvinegro Amarildo e foi campeão carioca de 61, jogando também diversos amistosos com o time, inclusive uma turnê que fizeram por várias cidades, incluindo Leopoldina e na cidade de Cataguases.

O leopoldinense, que tinha como time de infância o Botafogo, estava no meio de grandes craques do futebol, realizando um sonho que é o de praticamente toda criança: ser jogador de futebol. Dirceu foi mais adiante! Estava no meio de grandes ídolos do futebol brasileiro e mundial. Tinha como ídolo de juventude o atacante Pirilo, do Botafogo. "Naquela região o futebol carioca era mais forte e todo domingo eu ficava ouvindo os jogos do botafogo e imaginando os gols do Pirilo, um ídolo que nunca vi jogar" Em 1962, o Cruzeiro repatriou o craque leopoldinense, ele permaneceu no time celeste até o ano de 1964 quando foi transferido para o time do Vila Nova (Nova Lima/MG), tendo uma rápida passagem.

Em 65 foi vice-campeão mineiro pelo América e logo em seguida se transferiu para o Deportivo Itália. Para o Deportivo Itália, time criado por imigrantes italianos na Venezuela, Dirceu Pantera foi indicado por seu amigo e conterrâneo Elmo Correa Lima que já fazia parte do time venezuelano e que jogou com Dirceu no Ribeiro Junqueira e Cruzeiro.

Antes de ir para a Venezuela, o Dirceu Francisco rescindiu contrato com o América Mineiro. Em 1965, com passaporte garantido para Carácas, capital da Venezuela, foi destaque no clube, sendo campeão venezuelano em 1966 e disputando os campeonatos como Copa da Venezuela e Taça Libertadores (66, 67). Lá, Dirceu jogou com o também leopoldinense Moacyr, o Cici, que não se adaptou ao país e voltou ao Brasil por saudades da família.

Em 1967, com 32 anos, Dirceu Francisco pendurou as chuteiras e se aposentou do futebol profissional. Em entrevista por telefone, o leopoldinense lembrou com carinho os tempos em que jogou no Ribeiro Junqueira e da grande rivalidade dos jogos disputados entre Atlético Mineiro x Cruzeiro onde Dirceu relembrou um jogo marcante de sua carreira no qual ele marcou um gol do meio campo, gol este que Pelé não conseguiu fazer.

Com o futebol, Dirceu não conseguiu ficar rico, mas conquistou a sua casa própria e a tranqüilidade financeira em Belo Horizonte, onde reside há mais de 40 anos com a esposa Maria da Glória. Comemorou em 2009 bodas de ouro ao lado de seus 5 filhos e de toda a família.


Esporte Clube Ribeiro Junqueira, década de 1950. Em pé: Bolinha, Heleno, Paulo Gama, Olange, Cabeção, Azeite, Barão, Vovô, Possato (técnico).Agachados: Dirceu, Oscar, Delson Paiva, Cabo Onalde, Raulzinho, Juca Buião e Foição (massagista) (Crédito: Acervo do E.C Ribeiro Junqueira)
 
 


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