30/11/2017 às 19h55min - Atualizada em 30/11/2017 às 19h55min

Livro reconstitui a história de Volta Seca, o jovem cangaceiro do bando de Lampião que viveu em nossa região

Luciano Baía Meneghite

Nos últimos anos foram reveladas algumas histórias de cangaceiros sobreviventes, principalmente do bando de Lampião que se refugiaram e reconstruíram suas vidas em Minas Gerais. Foi assim com o casal Moreno (falecido em 2010) e Durvinha (falecida em 2008) entre outros.

 Em 1996 foi divulgada na extinta TV Cidade, uma entrevista gravada por Gilberto Pinheiro com o Sr. Antônio dos Santos, o cangaceiro “Volta Seca” quando este comemorava 78 anos de vida. Como entrevistador o empresário José Ribeiro Farage, o popular “Zé Turquinho”.  Desta entrevista participou também o professor e artista plástico Luiz Raphael Domingues Rosa.



 
A vida de Volta Seca sempre foi envolta em muitas lendas. Algumas estimuladas pelo próprio, segundo algumas fontes. Até seu nome e data de nascimento eram motivos de controvérsias.  Foi inclusive inspiração para personagem homônimo de Jorge Amado no livro “Capitães de Areia”, o que o revoltou na época.  

Foi provavelmente o cangaceiro mais documentado e entrevistado. Mesmo assim, até pela sua fama de “contador de casos” muitas dúvidas sempre permaneceram sobre sua história.

O livro recentemente lançado “As Quatro Vidas de Volta Seca” de autoria do jornalista, professor e pesquisador Robério Santos,  se propõe a esclarecer muitos pontos na trajetória do lendário personagem. Sua infância, a entrada no cangaço, a prisão e a reconstrução da vida em liberdade.

 Nascido em 13 de março de 1918 no povoado de Saco Torto em Sergipe, Antônio trabalhava na lavoura e na feira de Itabaiana. Saiu de casa aos 11 anos de idade por desentendimentos com sua madrasta. Percorreu diversas localidades, acabando sendo levado pelo bando de Lampião como ajudante, principalmente lavador de cavalos.


Volta Seca, último à direita  (Autor desconhecido/Blog do Mendes)

Em 1932 desentendeu-se com Lampião, deixando o bando. Em uma emboscada próxima a cidade de Glória-BA foi preso  e enviado a Salvador. Recebido por multidão, sua prisão foi noticiada por vários jornais e aí virou celebridade.


Junto a outros cangaceiros presos (Revista O Cruzeiro)

Acusado de vários crimes, com a maioridade foi a julgamento, sendo condenado inicialmente a 145 anos de prisão, posteriormente reduzidos a trinta anos.Passou vinte anos na cadeia. Em 1952 recebeu indulto do presidente Getúlio Vargas. Logo em seguida serviu de consultor para o filme “O Cangaceiro” de Lima Barreto, (Não teria gostado do resultado final da obra).

Em 1957 gravou o disco “Cantigas de Lampião”, eternizando  composições marcantes, entre elas “Mulher Rendeira” e “Acorda Maria Bonita”. Pouco depois veio para nossa região trabalhar como guarda freios na estrada de ferro Leopoldina Railway.  




Constituiu numerosa família. Teria morado também em Pirapetinga. Faleceu em Leopoldina em 02 de fevereiro de 1997 aos 79 anos. Seu corpo está sepultado na cidade vizinha de Estrela Dalva.


O pesquisador Robério Santos junto ao túmulo de Volta Seca na vizinha cidade de Estrela Dalva
(Foto: Facebook/Robério Santos)


Quem tiver interesse em adquirir o livro é só entrar em contato com o autor pelo e-mail: [email protected]  ou  comentando em seu canal no You Tube  “O Cangaço na Literatura”.


 


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