01/03/2018 às 20h24min - Atualizada em 01/03/2018 às 20h24min

Duas mariolas e um cigarro Iolanda

Luciano Baía Meneghite
Lira Primeiro de Maio é uma das corporações musicais que deveria ser mais valorizada. (Foto Luciano Baía Meneghite/Arquivo)
“Tocar na banda pra ganhar o quê? Duas mariolas e um cigarro Iolanda...” cantou Adoniran Barbosa há décadas. E muita gente talentosa continua "... nos bailes da vida ou num bar em troca de pão...” como cantou Milton Nascimento. Grandes instrumentistas, intérpretes ou compositores a implorar espaço e valorização. E a grande máquina de fabricar loucura segue vomitando Anittas, Pablos e outras coisas do tipo.

E Leopoldina vai nessa onda, afinal aqui também é Brasil. Babam ovo de ídolos descartáveis e exploram artistas locais. Claro que temos também tranqueiras. O Expedito Pé de Pano ou o Bizulino cantam melhor que alguns que por aqui se acham.   

Coincidência ou não, após nossa crítica na última edição, um projeto de lei, de autoria da vereadora Kélvia Raquel pretende agora reservar espaço a artistas locais para abrir shows contratados pelo poder público. Não conheço detalhes do projeto, mas tomara que não seja apenas paliativo. Não adianta encher a burra de uma banda de fora e dar esmola a outra da cidade. Cada um com seu devido valor com fiscalização dos gastos.   

Mas o que revolta mesmo é ver uma Lira Primeiro de Maio, que formou centenas de músicos, mendigar ajuda sem ser ouvida. Segundo seu maestro Bruno Cruz, há mais de cinco anos a prefeitura não repassa a subvenção de cerca de dois mil reais anuais que a banda recebia como “ajuda”.   

Revolta é ver que o Conservatório Estadual de Música Lia Salgado, após a promessa eleitoreira do ex-governador Anastasia de construir sua sede própria, permanece funcionando graças aos funcionários, mas sem condições mais adequadas.  

 E é tanta coisa pra falar que seria melhor cantar.

 Só que eu não sei nem assoviar


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