24/05/2018 às 22h06min - Atualizada em 24/05/2018 às 22h06min

Caminhoneiros agradecem solidariedade da população de Leopoldina

A categoria ganhou apoio da sociedade, que abraçou a causa daqueles que vivem nas estradas e são sacrificados com os altos custos para manter os seus veículos circulando.

João Gabriel B. Meneghite
,"Sem eles, o Brasil para" é a principal frase de efeito utilizada por muitos para demonstrar a importância dos caminhoneiros para o Brasil, que depende da malha rodoviária para transportar tudo que abastece as cidades. Com o bloqueio das rodovias em todo o país como forma de protesto ao preço do diesel, serviços essenciais ficaram prejudicados em virtude da falta de combustíveis nos postos de abastecimento. Nesta quinta-feira, 24 de maio, quarto dia da greve, apenas dois postos abasteciam os veículos em Leopoldina. 
 
Nos supermercados houve falta de produtos menos duráveis como frutas, verduras e legumes. A Prefeitura Municipal de Leopoldina divulgou uma nota informando que a circulação dos veículos da frota municipal será interrompida em sua totalidade na segunda-feira (28/05), caso o abastecimento não se regularize, prejudicando o transporte escolar e de pacientes para fora do município e ainda daqueles que dependem dos carros da prefeitura para realizarem hemodiálises. (Confira a íntegra da Nota Oficial clicando aqui). 
 
Apesar dos constrangimentos, a categoria ganhou apoio da sociedade, que abraçou a causa daqueles que vivem nas estradas e estão sendo sacrificados com os altos custos para manter os seus veículos circulando. A principal reivindicação é pela queda do preço do óleo diesel, além de outros pedidos que inclui o estabelecimento de regras para os reajustes do produto, cujo preço flutua de acordo com o valor do petróleo no mercado internacional e a cotação do dólar. 
 
Em Leopoldina, há dois pontos onde os caminhoneiros estão concentrados: Na BR116, nas imediações do Posto de Fiscalização da PRF - Polícia Rodoviária Federal e na MG120, próximo a unidade fabril da Pif Paf.  José Eli Monteiro Carraro (foto) é um dos voluntários que está à frente do movimento em Leopoldina. Em entrevista ao jornal Leopoldinense ele comentou que cerca de 600 veículos estão parados na cidade, com estimativa de 1000 pessoas participando da mobilização. "Os caminhoneiros sempre foram marginalizados, taxados como irresponsáveis, mas na verdade são pais de famílias, trabalhadores e pessoas que saem de suas casas em busca do sustento dos seus familiares. Quero agradecer a população e os empresários da cidade que estão doando produtos de higiene, cobertores, alimentos, entre outros", comentou.
 
Para Rimenez Conte (foto), a população passou a reconhecer o sofrimento da classe. "Hoje a população está vendo o que passa um caminhoneiro. É o meio que transportamos de tudo, levando emprego em todos os lugares. Já participei de manifestações em muitos locais. Acredito que é a primeira na história de Leopoldina e está dando tudo certo", comentou. Ele informou também que estão trafegando normalmente os veículos de passeio, ambulâncias, ônibus, caminhões transportando remédios e oxigênio que abastece o hospital, entre outros. "Agradeço toda força policial, seja ela Rodoviária Federal, Polícia Militar e Polícia Civil pelo apoio dado ao movimento, além de toda população que está nos ajudando, de voluntários de diversas instituições e principalmente do setor empresarial de Leopoldina, que abraçou a causa".
 
Francisco Barreto (foto) tem sessenta e oito anos de idade e quarenta e três anos como caminhoneiro. Ele, que é do Estado do Sergipe e há muitos anos passa por Leopoldina, falou sobre a acolhida da população: "Desde 1986 que rodo aqui, para mim, essa solidariedade que estamos tendo aqui não é surpresa, pois o povo mineiro é muito acolhedor. Todo mundo precisava do jeito de vocês, calmos, tranquilos. Estamos em Leopoldina desde segunda-feira e essa turma não deixou faltar nada para nós. Os empresários da cidade estão nos ajudando e merecem todo o nosso respeito. Sofremos muitas críticas, mas as pessoas devem analisar com calma essa situação. Tudo depende dos caminhoneiros, independente do transporte aéreo, ferroviário e marítimo pois, para a carga chegar lá, o caminhão que leva. Tenho dois filhos também caminhoneiros que estão neste momento em Curitibanos, no sul do país. Estão enfrentando um frio três graus, mas estão na luta. Portanto, as pessoas devem ter mais consideração", comentou.
 
Como forma de retribuição, pela solidariedade da população, muitos caminhoneiros se dirigiram ao Posto Avançado de Coleta Externa (PACE) da Fundação Hemominas em Leopoldina para doar sangue. Túlio Chiconelli é proprietário de uma van e se prontificou a fazer várias viagens para transportar os caminhoneiros. "É preciso mostrar a contribuição que eles estão deixando", comentou. 











Caminhoneiros sendo levados para doar sangue




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