01/06/2018 às 16h49min - Atualizada em 01/06/2018 às 16h49min

Horta cultivada em bairro de Leopoldina ajuda a suprir demanda de comerciantes

Apesar de pequena, a produção conseguiu atender a demanda de estabelecimentos comerciais como quitandas, restaurantes, lanchonetes e hamburguerias.

João Gabriel B. Meneghite
Toda crise deveria ser tomada como lição - assim foi feito em muitos países, que reconstruíram suas economias. A paralisação nacional dos caminhoneiros demonstrou fragilidades do Brasil, que tem um sistema de transportes que depende de sua malha rodoviária para escoar a produção. 

Com isso, assistimos o esgotamento de produtos de primeira necessidade nos supermercados, quitandas e pequenos comércios - isso porque a maioria dos produtos de hortifruti são adquiridos em grandes centros, nos denominados Ceasas.

Apesar do município de Leopoldina contar com a Feira do Produtor Rural, na crise de abastecimento, os produtos vendidos nesse espaço não foram suficientes para suprir a demanda de toda população. Com receio de serem parados pelos caminhoneiros, alguns produtores que moram na zona rural e que precisavam transportar sua produção até o centro da cidade, para serem comercializados, tiveram que fazer um grande desvio nas estradas vicinais de Leopoldina, prejudicando sua distribuição. 

Com a falta de hortaliças, comerciantes tiveram que se virar. Uma alternativa foi buscar alguns produtos em hortas, como a de um morador do bairro Maria Guimarães França (Cohab Velha), o Geovane Pimentel Oliveira, popularmente conhecido como ‘Jiló’. Ele criou uma bela horta orgânica, cujo produtos ali cultivados são vendidos para moradores do bairro e abastece as mercearias da região. 

No espaço ao lado de sua casa ele cultiva alface, couve, jiló, quiabo, rúcula, salsa, abóbora, hortelã, tomate, cebolinha e taioba. Apesar de ter uma pequena produção, ele conseguiu atender parte da demanda de pequenos estabelecimentos comerciais como quitandas, restaurantes, lanchonetes e hamburguerias. "Vendi tudo nessa crise de abastecimento e não subi os preços, pois não preciso do transporte, os próprios clientes buscam os alimentos", comentou.

O transtorno vivido pelos brasileiros deixou grandes lições, entre elas a necessidade de criar mais alternativas que valorizem o cultivo de hortas na cidade. Esse exemplo deveria existir em todos bairros e, por isso, representantes do Poder Público e a população em geral, deveriam refletir sobre a viabilidade de construírem hortas comunitárias.

É possível fazer essa parceria sem grandes gastos, basta ter força de vontade de ambas as partes. A Prefeitura Municipal de Leopoldina, por exemplo, dispõe de dois tratores que já executam serviços semelhantes para agricultores familiares, como a terraplenagem. Além disso, a parceria pode viabilizar a doação de mudas e estercos. 

Os critérios de distribuição ou venda dos produtos, podem ser discutidos pelos envolvidos, viabilizando a instalação de um ponto de água e até mesmo a aquisição de um pequeno sistema de irrigação.  

Para funcionar, é preciso de envolvimento da sociedade, sem isso, o projeto não vai adiante. Em Leopoldina, existem terrenos baldios sem utilização, com focos de dengue e presença de animais peçonhentos - um problema de saúde pública, cuja discussão é recorrente no plenário da Câmara Municipal de Leopoldina, onde foi criada a Lei Municipal nº 3.761, que obriga os donos de terrenos mantê-los limpos. No entanto, uma volta pela cidade, mostra que proprietários de terrenos não cumprem essa legislação. 

Muitos municípios brasileiros encontraram uma solução alternativa para esse problema, com a criação de um Programa de Incentivo à Implantação de Hortas Comunitárias, concedendo desconto no IPTU ou até mesmo isenção para os proprietários de terrenos que dão anuência e incentivam a implantação do projeto. O objetivo é fazer com que a propriedade cumpra a sua função social, mantendo as áreas limpas, proporcionando terapia ocupacional às pessoas, incentivando práticas sustentáveis e de respeito ao meio ambiente, criando hábitos de alimentação saudável, oportunizando a integração social entre membros da comunidade, zelando pelo uso seguro, sustentável, temporário e responsável de bens subutilizados.

Além dos terrenos particulares, as hortas comunitárias poderiam ser construídas em áreas públicas municipais, obedecendo algumas etapas de sua implantação como localização do terreno, consulta ao proprietário, em caso de terrenos particulares e oficialização da área na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, para que seja viabilizado os trâmites legais e de apoio do Município.

Seria dever das pessoas da comunidade cuidar da horta, vedando a utilização de agrotóxicos nas plantações em áreas utilizadas para o desenvolvimento deste programa. A identificação das espécies plantadas ficaria a encargo da comunidade, que poderia criar, entre outras coisas, um espaço com plantio de plantas e ervas medicinais.

Conheça um pouco da horta criada por Geovane Pimentel 



O vídeo é uma produção do Canal Leste 

A horta de Geovane fica localizada na rua Professora Maria Castanheira. Ele explicou que sempre gostou de coisas do campo, pois viveu sua infância na roça, num sítio da família localizado no distrito de Ribeiro Junqueira. Aos dez anos de idade veio morar na cidade e a paixão por coisas simples e bucólicas sempre fez parte de sua vida.

O trabalho com horta é realizado há cinco anos e para montar toda estrutura foram utilizados bambus de restos de obras. Ele ganha sacos de estercos da Fazenda Mangueira, propriedade rural de seu tio, localizada no distrito de Ribeiro Junqueira.

Segundo Geovane a ideia é disseminar o cultivo de produtos orgânicos em terrenos baldios no município, além de trabalhar com hortas pedagógicas nas escolas. O planejamento e execução do projeto consiste em entregar uma horta pronta para manutenção - que ficará sob responsabilidade dos interessados.

Mais informações podem ser obtidas através do seguinte contato: (32) 99950-7611


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