25/09/2019 às 17h52min - Atualizada em 25/09/2019 às 17h52min

Paulo Lisboa

Arquivo Jornal Leopoldinense
Nascido em 03 de maio de 1915, filho de Luiz do Amaral Lisboa e de Maria da Conceição Lisboa.
 
Era casado com Da. Lilía Lisboa, já falecida, com quem teve os filhos Paulo Roberto Lisboa, artista plástico e José Fernando, engenheiro, também falecido. Era irmão do Dr. Moacyr do Amaral Lisboa, famoso professor de mineralogia e botânica da Universidade Federal de Ouro Preto, entidade educacional da qual foi também reitor; de Pedro Lisboa; de Da. Carmosa, esposa de Francisco Resende; e de Da. Júlia, esposa de Pedro Pacheco.
 
Como Secretário do velho Colégio Leopoldinense (Atual Escola Estadual Professor Botelho Reis) desde os tempos em que o Botelho Reis pertencia à Diocese de Leopoldina, Paulo Lisboa passou por várias gerações de professores e alunos do nosso tradicional educandário, até aposentar-se em 1983. Tal o amor e a dedicação de Paulo pelo Colégio que, mesmo aposentado, jamais se desligou da escola. Continuou, a saber, de todos os problemas, de tudo dando conta e por lá aparecendo com a maior solicitude sempre que necessário.
 
Segundo o Professor e ex-Diretor do Colégio, Geraldo Bertocchi, Paulo Lisboa foi um servidor de inigualável integridade e insuperável dedicação ao trabalho. Como Secretário de instituição, era o encarregado de fazer os pagamentos a funcionários e professores. Houve ocasião. Lembra o Prof. Bertocchi - que já estando com o numerário nas mãos para o pagamento da folha no dia seguinte, Paulo, diante da necessidade urgente de uma pequena quantia, pediu-a emprestada ao Diretor, que lhe ponderou: Ora, Paulo, você já não tem em mãos o dinheiro do pagamento mensal que fará a todos, e a si mesmo, amanhã? Por que não assina o próprio recibo hoje, adiantando em um dia seu próprio pagamento? Ao que Paulo retrucou:
 
- De maneira nenhuma. O dia do meu pagamento é amanhã...
 
E conclui o Prof. Geraldo:
 
- Paulo era intransigentemente honesto!
 
Faleceu em 05 de agosto de 2007 aos 92 anos. Seu corpo foi velado na Secretaria da Escola Estadual professor Botelho Reis “Ginásio”. Deixou além do filho Paulo Lisboa, os netos Felipe, Rodolfo e Thiago.
 
(JCR- atualizado por Luciano Baía Meneghite em set de 2019)


Paulo Lisboa – Por Sérgio Domingues França
 
O amanhecer torna-se mais claro, mais sorridente, mais alegre, com a luz da noite, período em que os monólogos se transformam em diálogos que servirão como guias para as novas caminhadas, novas descobertas.
 
No encontro com o professor Marcelo Domingues e o jovem Kalon Moraes, em uma manhã, no desabrochar de setembro, percebemos que naqueles corações nascia o desejo de homenagens, de referências de gratidão ao sr. Paulo Lisboa, falecido em 5 de agosto, tendo seu corpo sido velado em um de seus templos: Escola Estadual Professor Botelho Reis.
 
Nós também sustentamos tal idéia. Assim, nestas conjugações de forças, partimos para a tentativa de desarquivar fatos da memória. É possível que muitos, no mundo em que viveram ao lado do sr. Paulo, não tenham aberto algumas páginas de sua história. Vimos, em parte, com os próprios olhos, um outro lado da vida de Paulo Lisboa, que antecedem à sua chegada às funções de Secretário do Botelho Reis.
 
Assistimos suas proezas como goleiro de futebol, na época goal-keeper, no gramado do Esporte Clube Ribeiro Junqueira. Estádio da Linha Férrea. Foi considerado na época o melhor entre os melhores.
 
Além desta vocação, confirmada por longo período, utilizando aquelas mãos, obrou, ainda, como pintor. Quis o destino que, com o virar dos calendários, ele chegasse a uma casa que está pintada nos melhores quadros da História de Leopoldina: O Colégio Estadual Professor Botelho Reis. É certo que Paulo Lisboa nunca inspirou-se em outro sentimento que não fosse o interesse da promoção do ser humano, principalmente dos jovens.
 
Nas funções de Secretário apresentou-se sempre magnífico de espírito e conhecimento. Conquistou o terreno onde estabeleceu as fundações de suas atividades, avançando nas diversas linhas que o levariam a seus objetivos maiores.
 
Pelo exemplo de sua conduta, discreta e firme, inspirou a confiança de todos, mesmo daquelesque não tinham o dia a dia sob a proteção de suas atividades, de seu trabalho. Foi um estudioso. As reforma do Ensino, que iam acontecendo, exigindo contínuas reciclagens, eram por ele filtradas, permitindo sua participação ativa em reuniões pedagógico-administrativas promovidas pelo MEC-Ministério da Educação e Cultura, sob a direção do professor Manoel Lamas de Andrade ou Secretaria de Estado da Educação. Sua palavra, suas orientações, traziam tranqüilidade em momentos que as novas legislações precisavam encontrar os próprios caminhos operacionais para as devidas aplicações e adaptações. Quando realmente tinha dúvidas, não fugia da humildade. Solicitava um pequeno prazo de tempo, para definir conscientemente a linha da autenticidade.
 
Senhor Paulo, como era tratado por todos que gozavam do privilégio daquela aproximação, sempre fazia modificar a posição de seus óculos, fazendo-os subir verticalmente para apoiá-lo na cabeça, antes de trazer seu parecer, de encontrar a solução para as questões mais confusas. Eram autênticos pareceres que exteriorizavam a tranqüilidade operacional embasada no saber da legislação do ensino, que exigia profundos estudos para atenderem às reformulações que iam acontecendo.

Aqueles que se apossaram de sua amizade, que dele se aproximaram, que a ele consultaram e ouviram, percebiam, de imediato, sua lucidez mental. Uma palavra simples que, como acentuaria o poeta, era como uma onda mansa que espumava, de quando em quando, sem ferir as pedras, ornamentando a linha infinita de areia, ao longo de um interminável litoral.
 
Era bom procurar o Senhor Paulo e perceber suas reações. Foi bom ser agasalhado por sua amizade e por sua sabedoria. Foi bom vê-lo como esposo, pai, sogro e chefe de família. Foi bom vê-lo matinalmente em suas caminhadas com rápidas paradas para um ligeiro bate papo. É bom ter a convicção de que o sr. Paulo está junto a Deus.
 
Obrigado sr. Paulo. Muito
 
Obrigado!
 
(*)Ex-professor do Colégio
Estadual Professor Botelho
Reis

 
Paulo, o secretário
Por Marcelo Barroso Domingues,
ex-diretor do Ginásio e da CNEC

 
Durante muitos anos trabalhei com ele no Ginásio(EscolaEstadual Professor Botelho Reis) e na CNEC (Escola da Comunidade Coronel Luiz Salgado). Convivíamos diariamente por, no mínimo, três turnos ou doze horas de trabalho, período em que pude observá-lo e em que aprendi a admirá-lo. Funcionário exemplar, jamais pautou sua jornada de trabalho pelo relógio. A solidariedade e dedicação remetiam-no às altas horas,madrugada afora, quando se tratava de atender os interesses e necessidades da escola, dos professores ou dos alunos.
 
Esfalfava-se na corrida contra os intempestivos prazos fatais emanados da burrocracia. reinante, exasperadora! Sempre conseguia! Afável, discreto e gentil, não raramente, reagia com a indignação dos competentes, às tentativas de ferir a legislação ou de desvirtuar sua ação profissional. Com notável domínio dos fundamentos regimentais e legais que norteiam a organização escolar, imprimiu segurança e solidez estrutural ao Ginásio e à CNEC, conferindo-lhes o rótulo de escolas referência, padrão maior de qualidade.
 
Metódico, responsável, com certeza, de há muito, cumprida sua missão, estoicamente, planejou e acertou com Quem de direito, a data de sua morte para uma madrugada de domingo, a fim de não atrapalhar o expediente e alterar a rotina diária dos que o cercavam.
 
Assim era o Paulo, além de honesto, franco, prestativo e amigo! A ele muito deve a comunidade leopoldinense pelos relevantes serviços prestados aos ideais de nossa educação.
 
(Textos publicados no jornal Leopoldinense de 15 de setembro de 2007)

 


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