16/06/2020 às 10h34min - Atualizada em 16/06/2020 às 17h34min

Pré-candidata a prefeita Claudia Conte concede entrevista exclusiva ao jornal Leopoldinense

Luiz Otávio Meneghite
Debater os problemas do município e apontar soluções para os mesmos foi o foco da entrevista com a pré-candidata do Partidos dos Trabalhadores  a prefeita de Leopoldina, Claudia Conte. A entrevista foi feita a partir de questionamentos sobre alguns problemas do município, enviados diariamente ao jornal Leopoldinense pelos leitores, via facebook principalmente. Assim, os diretores do jornal acreditam estar verdadeiramente, contribuindo para o debate democrático. “Temos a convicção de que não basta se candidatar e pedir votos; é preciso mostrar ideias, apontar soluções e sustentar suas opiniões perante o eleitorado. Eis uma boa chance para falar diretamente com o eleitor e, talvez, conseguir bons votos”.
 
JL -Fale um pouco sobre sua trajetória pessoal como política e sua experiência como gestora pública.

Claudia Conte: Sou uma mulher de 54 anos, com raízes no município, casada, mãe de uma filha, dois filhos e uma neta. Resido no Bairro São Cristóvão. Desde muito cedo já integrava movimentos políticos, sociais, culturais e educacionais. Em 35 anos na Educação venho atuando na Rede Pública, na APAE, no Conservatório Lia Salgado, na Licenciatura em Música, em cursos de Especialização e na Superintendência Regional de Ensino, como Diretora Educacional. Atualmente estou como Diretora da Escola Estadual "Enéas França", no Bairro Bela Vista. Presidi o Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes (CMDCA) de Leopoldina, quando fundamos o Conselho Tutelar e a Casa Lar de Apoio a Criança e ao Adolescente. Tenho Mestrado Profissional em "Gestão e Avaliação da Educação Pública”, formação em Pedagogia/Supervisão Escolar, Especialização em Educação Inclusiva e em Religiosidades Afro-Brasileiras e Técnico em Música e Educação Artística.
 
JL -Por que e para que a senhora pretende candidatar-se a prefeita de Leopoldina? Cite bons motivos para o eleitor votar no seu nome.  Qual é seu principal lema de campanha e por quê?

Claudia Conte: Sou Mulher, Educadora e minha trajetória de vida sempre foi no setor público e a experiência que acumulei na educação, como gestora pública, em movimentos sociais e culturais, na busca de aperfeiçoamento, me conduziram a diversas frentes colaborativas para o bem comum. Quando construímos uma trajetória significativa é dever nosso contribuir para a sociedade. Esta é uma proposta de representação coletiva, para uma gestão participativa, em prol de uma cidade melhor, para o maior número de pessoas. Acreditamos no potencial do Município e das pessoas.
 
JL –Quais os problemas que ainda temos no setor de Saúde e o que pretende fazer para melhorar a situação? O que a senhora tem planejado para a Casa de Caridade Leopoldinense?

Claudia Conte: A Saúde é um dos campos mais desafiadores da administração porque sua gestão não depende exclusivamente do município, as ações e serviços de saúde são organizados hierarquicamente em níveis de complexidade. Propomos: (I) diagnóstico do aparelhamento da saúde que dispomos, estrutura físicas, manutenção, pessoal; (II) fortalecimento da Atenção Básica; (III) capacitação permanente dos profissionais e fortalecimento do vínculo com a população do território; (IV)descentralização da gestão, valorizando as equipes; (V)no nível regional, articulação com os municípios que atendem nos serviços mais complexos; (VI) interlocução com a Gerência Regional de Saúde, na regulação e encaminhamento dos pacientes que necessitarem de atendimento fora; (VII) consórcios intermunicipais de saúde, para atendimentos em áreas específicas e exames; (VIII) constante canal de comunicação com nossos Deputados, na garantia de recursos via emendas parlamentares; (IX) relação de parceria e cooperação, em diálogo permanente com a direção da Casa de Caridade Leopoldinense, que é um importante prestador de serviços ao SUS, em serviços ambulatoriais e única na modalidade hospitalar – seu fortalecimento é estratégico, quanto mais serviços prestar e em variadas especialidades e complexidades, menos os pacientes precisarão ir para fora.
 
JL –Quais políticas de emprego e renda pretende implantar no município para alavancar a economia local? A senhora tem alguma proposta para atrair novas empresas para a cidade?

Claudia Conte: (I) amplo diagnóstico das áreas de empregabilidade e necessidade de qualificação; (II) criação de um Centro Municipal de Desenvolvimento de Produção e Geração de Renda, para promoção de diversos cursos de qualificação profissional independentes e em parceria com o Sistema S, com Associação Comercial, Associação de Produtores, Cooperativas, Sindicatos; assessoria aos empreendedores autônomos; (III) projetos de incubadoras de empresas, em parceria com Instituições de Ensino Superior; (IV) formação de diferentes cooperativas, viabilizando produção e comercialização aos produtores.No caso de atrair empresas de fora, podemos acionar dispositivos legais de incentivo fiscal e atrativos que o município possua. Mas reconhecemos que a prioridade é valorizar as empresas que já temos, como por exemplo, as mais de mil e quatrocentas propriedades rurais (cada uma pode ser uma empresa produzindo alimentos e/ou turismo). Com bons resultados locais, regras claras, investimento social, mão de obra qualificada e circulação de dinheiro na cidade, as empresas de fora virão naturalmente.
 
JL -Como ajudar o pequeno agricultor e que propostas a senhora tem para o homem do campo?

Claudia Conte: Leopoldina totaliza 942 km de área, é a 2ª maior área da Zona da Mata mineira, temos mais de 1.400 propriedades rurais, com aproximadamente 890 famílias agricultoras, considerando que a produção rural do município rende aproximadamente por ano mais de 100 milhões, podemos inferir que é base da nossa economia. Nossas condições de solo, relevo e climáticas, são favoráveis para vários tipos de produção. Com tantas possibilidades, uma das ações primordiais é garantir a estrutura para o funcionamento de uma Secretaria de Agricultura com técnicos habilitados, para em parceria com os diversos órgãos e instituições como: Emater, IEF, EPAMIG, IMA, Sindicatos e Associações Rurais, Cooperativas, garantir equipamentos, transporte, prover apoio prioritário ao pequeno produtor, agricultores familiares; disponibilizar maquinário e desenvolver programas de recuperação de solo, pastagens e outros. Na comercialização, revitalização da feira popular, Mercado do Produtor, Balcão de Negócios Rurais (a nível regional); valorização da agricultura familiar na merenda escolar. Na formação e qualificação rural, convênios com Instituições de Ensino e EPAMIG para uma Escola agrícola, com cursos de qualificação, em nível técnico, tecnológico e superior. Destaca-se o trabalho conjunto entre Agricultura e Meio-Ambiente, para um desenvolvimento e economia sustentável.
 
JL –O que a senhora pretende fazer com os lixões a céu aberto em alguns pontos da cidade, os chamados ‘Bota Fora’? A senhora pretende melhorar a coleta de lixo na cidade?

Claudia Conte: O descarte é parte integrante do consumo, quando escolhemos consumir algo, já temos que pensar no seu descarte. A limpeza e manutenção urbana precisam estar atrelados com a Secretaria de Meio Ambiente e a Educação Ambiental é primordial. Destacamos: (I) Estimular a formação e manutenção de associações de catadores e o ciclo de produção da reciclagem; (II) Direcionar os resíduos recicláveis de toda prefeitura para associação dos catadores de recicláveis (ASCAMARE); (III) Instalação de ECOPONTOS em pontos estratégicos do município; (IV) rotas de coleta do lixo e instalação de containers de recolhimento; (V) “Bota Fora” definir junto as associações de bairro, agenda de recolhimento dos descartes e disponibilizar caçambas de coleta; (VI) desenvolvimento de aplicativos para agendamento de coleta dos materiais nas residências; (VII) formação de uma equipe de Educadores/Agentes Ambientais para trabalho específico nas escolas e junto as equipes do PSF; (VIII) promoção de gincanas da limpeza nos bairros; (IX) projeto de jardins e hortas escolares e comunitárias pra aproveitamento de resíduos orgânicos.
 
JL -O que será feito para resolver o problema do esgoto que está poluindo nossos córregos?

Claudia Conte: Temos uma obra no município já em fase de final, que é a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) prevista para receber o esgoto despejado nos Córregos Jacareacanga e Três Cruzes, resolvendo o esgotamento sanitário de uma parte da cidade (Três Cruzes, Bela Vista, São Cristóvão e adjacências). Para a outra parte do município, necessário é garantir a continuidade da obra e retirar o despejo do Córrego Feijão Cru e a construção de mais uma ETE, despoluindo todos os córregos. Na Zona Rural, assessoramento e auxílio na construção de fossas biodigestoras, que não comprometam as nascentes.
 
JL -Quais os planos para mudar a atual situação das estradas que ligam Leopoldina a Providência e da estrada que liga Leopoldina a Abaiba?

Claudia Conte: Além de garantir uma agenda de manutenção regular e preventiva, é necessário um estudo de viabilidade sobre o melhor tipo de pavimentação e buscar recursos junto a demais instâncias governamentais. Cada estrada tem suas peculiaridades o que requer um estudo mais detalhado e específico.
 
JL -Qual a opinião da senhora sobre a implantação do estacionamento rotativo no centro da cidade?

Claudia Conte: Pesquisando outras cidades que implantaram essa estratégia a avaliação é positiva. Mas essa é uma proposta que deve ser discutida com representantes do comércio e da população, para chegarmos a uma proposta que melhor atenda a realidade e rotina da nossa cidade.
 
JL -Que providências serão tomadas para resolver o grande número de cães abandonados pela cidade?

Claudia Conte: Temos na cidade ONGs e pessoas que atuam e se interessam com muito zelo por esta causa, acreditamos ser possível firmar convênio com essas organizações, incluindo:(I) gestão compartilhada do Canil Municipal, com garantia de recursos; (II)programas de castração e de adoção consciente, com ampla divulgação e campanhas de prevenção aos maus tratos contra animais; (III) implantação de um Centro de Zoonoses, em articulação com a Saúde, Agricultura e Meio Ambiente.
 
JL - Por que importantes espaços de lazer e turismo estão abandonados, como por exemplo, o Horto Florestal?

Claudia Conte: Carecemos de investimentos nestes espaços para que sejam pontos de encontro da população e turistas. Defendemos parcerias com a iniciativa privada para revitalização e divulgação dos espaços. Temos muitos lugares de referência e fazemos parte do Circuito Turístico Serras e Cacheiras. O Horto Florestal, além de ser um espaço de lazer é uma área de preservação ambiental, podendo ser utilizada para projetos na Educação Ambiental e ser referência para o Ecoturismo, é necessário ampliar seu reflorestamento, conectando com as florestas já existentes no Município, formando corredores de Mata Atlântica.
 
JL –Após anos de aprovada a Lei Municipal de Incentivo à Cultura Vitalino Duarte não foi regulamentada.  Está nos planos da senhora colocá-la em prática?

Claudia Conte: A Lei já está regulamentada, possui o fundo (regulamentado pelo Decreto Municipal nº 4.269/2017), existe o Conselho e seu primeiro edital está atualmente em andamento. Ela foi fruto de uma intensa atuação de artistas locais e agentes culturais e em funcionamento pode trazer muitos benefícios aos profissionais da área. Colocá-la em prática é um dever. Precisamos também construir democraticamente um sistema cultural local, que fomente a área, como geradora de emprego e renda, profissionalização dos agentes culturais, artistas e técnicos, que envolva educação patrimonial, apreciação e produção artística/cultural.
 
JL - Por que algumas praças em bairros estão abandonadas? Por que as calçadas e passeios das ruas da cidade não são cuidados? A prefeitura poderia fiscalizar essa parte?

Claudia Conte: A Cidade cresceu e continua crescendo sem um planejamento e, com um código de postura desatualizados e a necessidade de implantação do Plano Diretor, a fiscalização é um grande desafio. Temos leis que regulamentam sobre as calçadas e terrenos, mas além de uma fiscalização que resulte em ações efetivas, precisamos de um projeto de cidade acessível para todas as pessoas; que proporcione bem estar e vontade de cuidar da sua rua.A implantação do Orçamento Participativo é ação chave, em que as pessoas têm a oportunidade de apontar as prioridades de investimento e uso dos recursos, criando um compromisso mútuo entre administração e população.
 
JL - A senhora acha que a cidade de Leopoldina atualmente está carente de políticas públicas voltadas para a juventude e consequentemente para a inclusão social?

Claudia Conte: Num panorama geral, os municípios investem pouco nessa área. É necessário: (I) termos um setor específico para a juventude e o Conselho Municipal de Juventude; (II) estruturar um Centro da Juventude, oferecendo apoio à jovens, acesso ao trabalho, capacitações, incentivo à jovens empreendedores, vivências artísticas, culturais; (III) projeto Vozes da Periferia, programas de esporte, corredores culturais, incentivo a criação de coletivos; (IV) estágio de alunos de escolas públicas do Ensino Médio em órgãos públicos da administração direta e indireta (bolsa aprendizagem); (V) apoiar iniciativas como o Parlamento Jovem; (VI) garantir programas de saúde e prevenção para a população jovem.
 
JL - Quais os problemas que ainda temos no setor de Educação e o que a senhora pretende fazer para melhorar a situação?

Claudia Conte: Precisamos de propostas inovadoras que dinamizem e valorizem a educação no município, garantindo uma gestão democrática, participativa e transparente, que otimize a utilização dos recursos na área. Destacamos: (I) dinamizar a intersetorialidade, conectando a Educação com  as demais Secretarias; (II) parcerias com as Instituições de Ensino Superior do município em Projetos de Extensão, para alunos e professores epara Cursos de Pós-graduação, Especialização, Mestrado e Doutorado, para os profissionais; (III) estreitar o diálogo entre a SME e seus profissionais; (IV) criação da “Casa do Professor”; (V) implementação de processo democrático de escolha dos diretores das Escolas Municipais; (VI) revisão nas legislações da carreira; (VII) formação específica para os gestores escolares; (VIII) manutenção periódica dos prédios escolares, com melhoria das salas de aula, Bibliotecas, laboratórios de informática e de ciências; (IX) ampliação do atendimento em Tempo Integral, articulado com a Secretaria de Assistência Social; (X) promoção de eventos na área da Educação; (XI) equipes multidisciplinares itinerantes; (XII) Centro de Atendimento Psicopedagógico e Clínico, articulado com a Saúde.
 
JL - A senhora já tem nomes em mente ou pelo menos uma ideia ou perfil de quem a senhora gostaria de ter em sua equipe de governo, caso eleita?

Claudia Conte: Esta é uma proposta de construção coletiva, assim como foram as ideias aqui destacadas e assim também será para a definição de uma equipe de governo, tendo como parâmetro a experiência na área em que vai representar, a formação técnica e a valorização de servidores de carreira. É fundamental para uma boa equipe de gestão a disposição para aprender, inovar e disponibilidade para o trabalho colaborativo.
 
JL – Qual será a participação do vice-prefeito em seu governo?

Claudia Conte: Entendemos que esta função é parte integrante da Equipe de Gestão, nas decisões, com atuação efetiva na organização administrativa, podendo inclusive ocupar uma secretaria em área que tenha experiência e/ou formação. Isso já otimiza recurso público e valoriza a pessoa.
 
JL - Qual a sua mensagem para nossos leitores, internautas e para o povo leopoldinense que acompanha esta entrevista como candidata a prefeita de Leopoldina através do Jornal Leopoldinense?

Claudia Conte: Temos pensado uma proposta de cidade que tenha viabilidade e contamos com o apoio de Deputados Estaduais e Federais do PT, que além de manifestarem publicamente o apoio a esta proposta, já destinaram recursos para Leopoldina no valor de mais 3 milhões e meio nos últimos anos. Podemos construir coletivamente uma cidade melhor para todos nós e em compromisso mútuo, buscarmos melhores condições para todas e todos, em que Mulheres, Homens, Jovens, Idosos, Negras e Negros, população LGBTQI+, seja na periferia, no campo, na cidade, tenham voz e vez, em ações democráticas, participativas, para uma cidade mais feliz, boa de viver, ativa, ainda mais bonita, “como um sorriso de mulher”.


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