09/02/2021 às 10h37min - Atualizada em 09/02/2021 às 10h37min

Marco de fundação da Rio-Bahia é reencontrado e será restaurado

Objetivo é reinstala-lo em lugar de destaque na mesma rua onde foi assentado em 24 de outubro de 1939

Luiz Otávio Meneghite
Victor Guilherme e Sarom Durães com o marco reencontrado (Foto: João Gabriel Baía Meneghite)
Ao longo dos últimos anos o Jornal Leopoldinense publicou várias matérias a respeito do marco de fundação da Rio-Bahia que foi assentado numa rotatória existente em frente a uma revenda de veículos multimarcas e ao Vila Fonte, na Rua José Peres. Feita em granito, a peça foi retirada dali para dar lugar a um espaço publicitário particular, com a devida autorização na época do Poder Executivo Municipal, e jogada à margem do córrego Três Cruzes onde permaneceu abandonada por muitos anos. Como acreditamos no dito popular ‘Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura’ tocamos no assunto várias vezes e ganhamos a atenção de alguns vereadores como Ivan  Martins Nogueira e Sebastião Geraldo Valentim (Tião Três Cruzes) que se manifestaram a respeito no exercício do Poder Legislativo, infelizmente sem sucesso. Na última vez que o tema foi abordado pelo Jornal Leopoldinense, descobrimos que o marco de granito mudou de lugar. Do abandono à margem de um córrego ele foi transportado para os fundos de uma oficina da Prefeitura onde foi encontrado há poucos dias pelo atual Secretário Municipal de Esportes, Lazer e Turismo, Victor Guilherme Pereira Fernandes que por telefone nos comunicou o encontro da peça histórica que marcou a visita do então presidente da República Getúlio Dorneles Vargas a Leopoldina, no longínquo dia 24 de outubro de 1939 para inaugurar um trecho da Rio- Bahia e dar a ordem de serviço para a sua sequência. Então, resolvemos entrevistar o Secretário e ele nos conta os próximos passos que serão dados em relação à peça histórica.

A foto cedida gentilmente pelo Dr. Antônio Márcio Junqueira Lisboa registra a chegada da comitiva de Getulio Vargas a Leopoldina no dia 24  de outubro de 1939 para inspecionar as obras da Rio-Bahia e autorizar a sua sequência. Vê-se à esquerda a Escola Ribeiro Junqueira(Grupo Velho) e ao fundo um cafezal da Chácara do Desengano.Em primeiro plano a laje do antigo Posto V8.



A foto, de autor desconhecido, pertencente ao acervo do Jornal Leopoldinense, registra o então Presidente da República Getúlio Vargas, caminhando por um trecho da então BR4(atual BR116) Rio Bahia, em Leopoldina-MG ao lado do antigo Grupo Escolar Ribeiro Junqueira, atual Escola Municipal Ribeiro Junqueira.   Transcorria o ano de 1939 e na ocasião foi assentado um marco de granito numa rotatória existente na atual rua José Peres, onde hoje existe um grande painel publicitário em frente à uma revenda de automóveis multimarcas.


 
Entrevista:
 
Victor Guilherme Pereira Fernandes - Secretário de Esportes, Lazer e Turismo

 
Jornal Leopoldinense: Todos nós sabemos da importância da Rio-Bahia para o desenvolvimento de Leopoldina. Como empresário e como agente público qual a visão que o senhor tem da rodovia?
 
Victor Guilherme: Obrigado pelo espaço, Luiz, fico agradecido pela oportunidade de responder aos seus leitores, ainda mais ao tratarmos de um tema tão relevante para nossa história e nossa cultura, e, consequentemente, para a melhor constituição de Leopoldina como produto turístico. Bem, vejo a BR-116 como tendo sido responsável por inserir definitivamente a nossa cidade no mapa do Brasil. A rodovia agregou grande relevância geográfica e logística para nossa cidade, possibilitando a vinda de empresas e o desenvolvimento econômico do município. Penso, contudo, que ainda nem arranhamos o potencial econômico que a BR-116 pode proporcionar ao município.  
 
Jornal Leopoldinense: Em 24 de outubro de 1939, o então presidente da República Getúlio Vargas veio a Leopoldina para inspecionar as obras. Para marcar a data foi assentado um marco de granito que mais tarde foi retirado do local para dar lugar a um espaço publicitário. Como o senhor vê esse comportamento?
 
Victor Guilherme: Completamente desmedida e mal pensada essa intervenção, que varreu para debaixo do tapete um grande marco histórico referencial para Leopoldina a troco da instalação de um totem publicitário de gosto duvidoso e que serve ao interesse privado. Um equívoco que eu gostaria muito que fosse remediado.
 
Jornal Leopoldinense:Após várias matérias denunciando que o granito estava jogado à margem de um córrego, resolveram mudá-lo de lugar e recentemente ele foi encontrado numa oficina da prefeitura. O que o senhor pretende fazer com ele?
 
Victor Guilherme: Assumo por escrito com você, seus leitores e toda a comunidade de Leopoldina o compromisso de restaurar este artefato histórico e devolver o verdadeiro valor simbólico que ele representa. Ele representa um momento chave na história da cidade. E, num país de memória curta como o nosso, são estes símbolos que ajudam a ancorar nosso senso de pertencimento e a nos reconhecermos como cidadãos. É do maior interesse não só da SECULTUR, como do Prefeito Pedro Augusto que esse marco seja recuperado. Queria registrar aqui a minha gratidão à ex superintendente de cultura Amanda de Oliveira Almeida que foi incansável em me auxiliar na busca por esse patrimônio.
 
Jornal Leopoldinense: Nele existia uma placa que registrou a visita a Leopoldina do então Presidente da República. O senhor considera importante refazer esse simbolismo?
 
Victor Guilherme: Correto, amigo. Essa placa deve ser restabelecida e passar a constar no inventário do patrimônio histórico municipal, sendo inclusive um artefato passível de tombamento o que geraria inúmeros ganhos junto às políticas públicas de ICMS patrimonial e turístico para nosso município. É algo que recompõe a relevância cultural da cidade. Gostaria de contar com a ajuda do Jornal e da imprensa leopoldinense para tentarmos recuperar o texto original contido na placa.
 
Jornal Leopoldinense: Na nossa opinião, não se trata apenas de um pedaço de pedra, como alguns a ele já se referiram, e sim de um símbolo que representa a existência de Leopoldina à margem de uma das maiores rodovias do país, em cujas margens, em nosso território, hoje estão instaladas importantes empresas que movimentam a economia local, além de ser um facilitador do acesso ao turismo municipal. O senhor concorda?
 
Victor Guilherme: É exatamente isso, nobre amigo. Ao longo dos anos, Leopoldina vem se desfazendo de seu patrimônio histórico em favor da especulação imobiliária, ou da ignorância de gestores que enxergam a cultura como algo supérfluo para uma sociedade. Esteja certo que o foco de nossa gestão sob o comando do Prefeito Pedro Augusto é justo ao contrário. Por isso, uma de nossas primeiras grandes realizações à frente da pasta foi a produção de um mini documentário junto à Diocese para registrarmos os depoimentos do Monsenhor Chamel e do Bispo Dom Edson, a respeito de São Sebastião e a relação histórica de nossa comunidade com nosso santo padroeiro. Bem como a live de transmissão do encontro de Folia de Reis, símbolo centenário de nossa comunidade. Nossa missão, minha e do meu superintendente de cultura, Sarom Durães, e em consonância com o ideal do Sr Pedro Augusto, é resgatar todos os principais símbolos que ordenam as insígnias culturais de Leopoldina, refundando a relação entre o cidadão e o município, resgatando o senso de pertencimento e o nosso lugar na história, a fim de devolver a autoestima e o orgulho de ser leopoldinense para todos.   


O marco registrado pelo jornal Leopoldinense quando ainda estava à margem do córrego das Três Cruzes (Foto: Luciano Baía Meneghite)

A foto foi registrada na década de 1960 e cedida à seção Memória Leopoldinense pelo saudoso funcionário aposentado do Banco do Brasil, Jadir Nogueira, na época estudante do Ginásio Leopoldinense. Jadir aparece ao centro da foto junto a um grupo de alunos em registro feito pelo fotógrafo, Antonio Geraldo Pereira da Silva (Jarbinhas) junto ao marco de inauguração da antiga BR 4(atual BR116), a Rio-Bahia, em frente a antiga revendedora Ford, atual Vila Fonte.



 


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