Em seu segundo título, a Coleção De Versos abre espaço para um novo autor, o mineiro Luiz Roberto Pereira, que lança, no próximo dia 27, sábado, em Belo Horizonte, o livro De tudo o que foi dito, uma coletânea de sua extensa obra. Para ele, a poesia tem um duplo sentido, pois é a arte dos silêncios, dos introspectos, das reservas e das esperas.
Mas é também, segundo ele, a arte de embates entre o homem e o mundo que ele habita com seus dessemelhantes. E quando toma esta forma, a poesia pode, de acordo com Luiz Roberto, prescindir dos silêncios que a gestaram e tornar-se arte ruidosa, à procura de outros que possam ouvi-la e assim conseguir despertar o humano que adormeceu dentro deles.
Esse caráter ruidoso aparece, por exemplo, em “Medeia”: Respeite os inocentes / que não pediram para estar presentes / nada sabiam dos fatos passados / não conheciam as regras do jogo / nem mesmo que elas poderiam mudar / Respeite os inocentes / pelo pouco tempo de vida / pelo olhar assustado e reticente / pois não sabiam da tua ferida / nem são culpados por ela sangrar.
Em outro poema, Luiz Roberto Pereira reflete sobre questões de natureza filosófica, como em “Tempo”: O tempo é um ébrio / e te constrange todos os anos / na mesa do bar. / O mesmo bar, / de todos os anos. / É o tempo quem navega / a todo pano. / E quando tua nave soçobra / ao final deste oceano, / ainda assim é o tempo, / quem te constrói um ossuário e reverencia a data, / feliz data, / do teu aniversário.
Luiz Roberto de Oliveira Pereira nasceu no Rio de Janeiro, em 1956, e foi criado em Leopoldina, onde passou a infância e a adolescência, indo morar em Belo Horizonte em 1977, aos 20 anos. É funcionário de carreira do BDMG, com mestrado em Administração. Foi professor universitário por 13 anos em várias faculdades.
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