04/05/2022 às 18h55min - Atualizada em 04/05/2022 às 18h55min

Confira em vídeo a procissão da Santa Cruz Queimada de Piacatuba

Reprodução vídeo de João Gabriel Baía Meneghite
A Paróquia Nossa Senhora da Piedade celebrou entre os dias 29 de abril e 03 de maio a sua tradicional Festa da Santa Cruz Queimada, reunindo fiéis de várias regiões do país no distrito de Piacatuba, em Leopoldina (MG).

Dom Edson Oriolo, bispo de Leopoldina, presidiu uma Santa Missa de abertura, na noite de 29 de abril, administrando o Sacramento da Confirmação, crismando jovens e adultos da comunidade.

As festividades incluíram ainda palestra, cavalgada, leilão de animais, bingo e almoço, além das festas sociais com barraquinhas durante todos os dias. 

A procissão da Santa Cruz Queimada de Piacatuba em imagens de João Gabriel Baía Meneghite




 
Conheça a lenda da Santa Cruz Queimada
 
Os desbravadores, enfrentando animais ferozes e todas as dificuldades, rasgando florestas virgens, chegaram a este recanto de Minas. E com estes primeiros homens mais ou menos civilizados, também chegaram as primeiras lutas e guerrilhas pelas posses de terrenos ainda um tanto virgens. Entre duas famílias tiveram início as dúvidas que foram causadoras do terrível e horrendo sacrilégio que adiante iremos tentar descrever. A luta desenvolveu-se em torno da posse dos terrenos situados nas vertentes da bacia do Rio Pardo, calculada em 33 alqueires, e na qual se acha situada a localidade hoje denominada Piacatuba, antigamente Piedade de Leopoldina. As divergências não teriam ficado restritas aos que pretendiam a posse das terras, tendo se espalhado entre escravos e feitores dos confrontantes. Ainda assim, foi feita a doação do terreno onde deveria ser localizada uma povoação, cuja Padroeira seria Nossa Senhora da Piedade.

Era uma manhã de sol brilhante, o feitor e outras pessoas levantaram de seus leitos improvisados em cabanas cobertas de folhas de sapé, e foram iniciar a sua tarefa, que era fincar o marco dos terrenos de Nossa Senhora da Piedade. Um velho escravo escolheu uma madeira de lei que se chamava “tapinoã” e em pouco tempo se ouvia o eco do machado que lavrava o pau para fazer um cruzeiro. O sol já descambava para o horizonte, quando o velho escravo, auxiliado por outros, juntou os dois pedaços de madeira mal lavrada e formou uma cruz. Outros escravos cavaram a terra e furaram dois metros mais ou menos em um alto arenoso, que fica nas proximidades do açude, para o lado da povoação atual. Todos se juntaram e levantaram o madeiro em cruz, regulando 5 a 6 metros de altura. A noite cobriu com seu manto negro a solidão das matas, mas o homem construía em seu cérebro uma desforra e esta não tardou. Os homens não se conformavam de forma alguma em ficar sem aquelas terras que tanto ambicionavam, e que no seu modo de entender lhes pertenciam. Acompanhados de seus escravos e servidores, rumaram para o local em que foram informados se erguia uma cruz, marco da sesmaria doada a Nossa Senhora da Piedade.

O fazendeiro cheio de ódio e irritado mandou que os seus escravos escavassem ao pé da cruz. Mas embora em terreno arenoso, depois de longo trabalho não conseguiram. Fizeram força e a cruz não se desprendia da terra, e mal conseguiram tombá-la. O homem encolerizou-se e mandou que a cortassem e fizessem em pedaços. Mas os machados, embora manejados pelas mãos fortes dos escravos, nada conseguiram. Ao tocar a madeira, não cortavam, simplesmente amassavam a madeira onde a lâmina afiada do machado tocava. O homem começou a desconfiar de que qualquer coisa de anormal estava acontecendo. Mas não desanimou e, espumando de raiva, mandou os escravos juntarem grande quantidade de lenha em uma pequena derrubada que fizeram para uma plantação de milho, e colocassem em redor da cruz até que ela desaparecesse. No meio da lenharia seca, colocou então algumas taquaras secas e lançou fogo àquela montanha de madeira. Satisfeito, regressou à sua fazenda. Durante toda a noite o fogo crepitou terrível e altas labaredas iluminavam sinistramente a floresta.

Até que a madrugada aparecesse novamente e um novo dia raiou. Com ele a faina diária na fazenda. Um dos escravos que tinha ajudado nos trabalhos da véspera para tentarem arrancar a cruz, deu por falta de sua foice e lembrou-se que a havia esquecido junto ao lugar em que fizeram a fogueira na véspera. Logo veio procurá-la e, ao se aproximar do local que fizeram a fogueira, lá estava um braseiro ardente, e a cruz imponente e majestosa continuava de pé sem que o fogo conseguisse destruí-la. Simplesmente chamuscada, tomou uma cor escura como se vestisse de luto pela impiedade dos homens. E o símbolo da redenção triunfando das chamas ardentes, proporcionou aos nossos antepassados um grandioso milagre.

O Padre Raymundo Nonato Fernandes de Araújo foi o arquiteto do monumento da Torre da Cruz Queimada, cuja construção iniciou-se aos 18 de julho de 1924, concluindo-se os trabalhos aos 20 de abril de 1928. Joaquim Fajardo de Mello Campos, com sua esposa Guilhermina Balbina Henriques Soares Fajardo, foram os idealizadores e benfeitores da construção do monumento.

(informações disponíveis em https://cantoni.pro.br/1999/04/18/historia-da-cruz-queimada/)

 Com informações da Diocese de Leopoldina
 


Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »