03/11/2014 às 09h08min - Atualizada em 04/11/2014 às 09h49min

EMATER-MG constata uma das maiores secas ocorridas na região.

Por Cimar Onofre Barbosa. - Extensionista da EMATER

Leopoldina, assim como todos os municípios da região, vem sofrendo irreparáveis prejuízos econômicos, principalmente no setor agropecuário, devido a longa estiagem ocorrida nos últimos meses. A seca que castiga Minas Gerais e que foi se agravando enquanto não regulariza o período chuvoso, já provocou grandes mudanças na rotina de muitas cidades da região como: Viçosa, Juiz de Fora, Recreio, entre outras, necessitando para tal, a realização do rodízio no fornecimento de água para a população urbana. Na zona rural do nosso Município, a produção de leite foi significativamente reduzida, devido à falta de capacidade de suporte forrageiro das pastagens, bem com, em muitas propriedades, constata-se falta de água para a manutenção do rebanho. Muitos produtores estão adquirindo cana-de-açúcar em outros municípios, como Campos no Estado do Rio de Janeiro, para manter alimentado o rebanho bovino, e não diminuir de forma mais drástica a produção de leite.

A aquisição dessa cana-de-açúcar de fora do município, por valores muito acima dos praticados normalmente no mercado, além do aumento do fornecimento de rações e suplementos para os animais vem contribuindo para elevar o custo de produção do leite das propriedades.

Outro setor da agricultura que também foi atingido, é a produção de hortaliças, frutas e cereais, devido a diminuição das vazões de córregos e açudes, comprometendo a produção, já que, os produtores ficam impossibilitados de suprir as necessidades das lavouras com uma irrigação adequada.

O Município de Leopoldina, devido a sua posição geográfica, sempre teve um regime de chuvas regulares, com uma média de 1.564 mm anuais, porém, nos últimos três anos, as precipitações pluviométricas foram insuficientes para a manutenção dos mananciais do município. Dados coletados de pluviômetro instalado na sede do município (Chácara do Desengano) demonstram que o ano de 2012, teve uma precipitação de 1.128,78 mm, em 2013, durante todo o ano, choveu 927,20 mm e em 2014, até o mês de outubro, 292,60 mm ( Ver Gráfico).

  
  

Fonte: Chácara do Desengano  | Organização de dados e gráficos: Jornal Leopoldinense

Clique aqui e veja a tabela e gráficos dos Índices Pluviométricos de Leopoldina/MG

Todo esse déficit hídrico ocorrido nestes últimos três anos, contribuíram para o rebaixamento do lençol freático da região, tendo com consequência o secamento ou diminuição de nascentes nas propriedades rurais. Para que o processo de recomposição destes mananciais ocorra de forma satisfatória, certamente, será necessária uma ocorrência de chuvas regulares, nos próximos dois a três anos.

 

Recomendações da EMATER-MG, sobre praticas de Conservação do Solo e da Água.

 

1- Evitar o uso de queimadas.

2- Proteger ou recompor as matas ciliares da propriedade.

3- Evitar a prática de aração e gradagem de solo em áreas com muito declive. Recomenda-se a construção de terraços ou faixas de retenção, quando o solo for removido. A não observância dessa medida tem ocasionado o assoreamento de nossos córregos, açudes e nascentes, além das voçorocas causadas pelas enxurradas.

4- Proteger as nascentes. A recomposição é obrigatória no raio mínimo de 15 metros.

5- Manter a vegetação natural nos topos de morro, contribuindo para a recarga do lençol d'água (aquífero freático).

6- Ter disponível na propriedade, reservas de alimento com canaviais, capineiras, principalmente no período da seca, além do uso da silagem

7- Fazer o manejo correto das pastagens. (divisão em piquetes).

8- Realizar a correção e adubação das pastagens, de acordo com os resultados da análise do solo.

           

A maioria das áreas com pastagens no município, apresentam elevados níveis de degradação, devido, principalmente pela falta de manejo, excesso de pisoteio e falta de correção e adubação.

 

Todos estes procedimentos têm como objetivo dotar as propriedades rurais de uma melhor infraestrutura , visando a prevenção, caso ocorra novas adversidades climáticas na região.

 

EMATER-MG de Leopoldina estará iniciando um trabalho de incentivo na construção de Bacias de Captação de Enxurradas, também chamadas de barraginhas.

 

O QUE SÃO BACIAS DE CAPTAÇÃO DE ENXURRADAS

São estruturas construídas no terreno, em forma de bacia/caixa ou terraço, utilizadas no controle de enxurradas e da erosão do solo.

FUNÇÃO

A função desse sistema é captar as enxurradas, propiciando a infiltração da água acumulada no pequeno lago formado pela bacia e a retenção dos sedimentos para lá carreados.

BENEFÍCIOS

Além de evitar que as enxurradas provoquem danos no terreno, as bacias promovem a recarga do lençol d'água (aquífero freático) e a manutenção de nascentes e demais corpos d'água Esse proporciona a elevação do nível d'água no solo, o que pode ser percebido visivelmente pelo nível de água das cisternas, pelo umedecimento das baixadas e também pelo ressurgimento de minadouros. Por outro lado, ao conterem sedimentos e outras substâncias carreadas nas enxurradas (terra, adubo, agrotóxicos, estercos e outros), as bacias de captação protegem os corpos d'água do assoreamento e da contaminação.

O objetivo da construção das bacias é, portanto, aproveitar racionalmente as águas das chuvas, reduzindo ao mínimo suas perdas por enxurradas e, ao mesmo tempo, dar às áreas trabalhadas a segurança de sua conservação permanente.

Tais bacias são também muito úteis na conservação das estradas, pois, além dos benefícios já citados, elas contribuem para a retenção do cascalho carreado pelas enxurradas, o qual poderá ser reaproveitado.

LOCALIZAÇÃO

As bacias de captação as áreas onde ocorrem enxurradas, podem ser construídas ás margens de estradas vicinais e de carreadores, ao longo e no final de terraços e a montante de nascentes.O primeiro passo para a localização de um levantamento sobre a áreas em questão, especialmente quanto ao relevo e tipo de solo existente.

As bacias são locadas e dimensionadas tanto em número quanto em tamanho, em função do volume da enxurrada o qual é determinado pela área de contribuição ou área de drenagem a montante e do declive do terreno.

Processo de construção das barraginhas:

 

Barraginha recebendo água escoada de estradas vicinais

 

Água acumulada, em processo de infiltração para repor o lençol freático 

 

 

Agradecimentos: Aos diretores da Chácara do Desengano pelo fornecimento dos dados.

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