17/01/2015 às 12h46min - Atualizada em 19/01/2015 às 12h53min

População gostaria de ver a PM ocupar o Centro Social urbano

O Centro Social Urbano de Leopoldina encontra-se num estado de abandono tal, que choca quem conheceu aquelas instalações a partir de sua inauguração há 36 anos.

Luiz Otávio Meneghite
Centro Social Urbano abandonado

O Centro Social Urbano de Leopoldina encontra-se num estado de abandono tal, que choca quem conheceu aquelas instalações a partir de sua inauguração há 36 anos. Projetado em 1977 e construído entre 1978/79 para o Governo do Estado pelo escritório do arquiteto Joel Campolina - até o ano passado presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Minas Gerais - o Centro Social Urbano de Leopoldina está localizado numa área de 11.000 metros quadrados quase ao final da avenida dos Expedicionários, numa região altamente valorizada.

 

Apesar de ter sido construído com recursos do Estado de Minas Gerais, sua administração foi entregue desde o princípio à Prefeitura de Leopoldina, que mantinha lá os funcionários para o seu pleno funcionamento. Segundo o atual Secretário Municipal de Desenvolvimento, Valter Carlos Gonçalves de Mattos, o Centro Social Urbano funcionou até o ano de 2008 quando eram mantidos lá, entre outras atividades, cursos de formação de costureiras.

O casal Valtinho e Dilza, proprietários de um hortifruti no centro da cidade, ambos nascidos e criados na região do Bela Vista, recordam com saudosismo do Projeto Recriança,  criado no início dos anos 80, que atraia meninos e meninas, evitando que eles perambulassem pelas ruas dos bairros daquela região.

O CSU foi projetado pelo arquiteto e urbanista Joel Campolina em 1977    

Croqui do Centro Social Urbano

 

Valtinho e Dilza eram vizinhos quando pré-adolescentes e falam das virtudes do Centro Social Urbano onde as crianças se mantinham ocupadas com aulas de alfabetização, momentos de dança e música, cuidados com a higiene pessoal e saúde, cuidados odontológicos e principalmente o diálogo aberto com os monitores com os quais partilhavam suas dificuldades, e também refeições preparadas por funcionárias da Prefeitura de Leopoldina. A amizade dos tempos de criança virou um relacionamento mais sério e hoje,  casados e bem sucedidos na vida, os dois acham que o ideal seria o Centro Social Urbano voltar ao que era antes para dar oportunidades às crianças saírem  das ruas e dos riscos que elas oferecem.

A construção- O trabalho foi o primeiro projeto construído pelo arquiteto Joel Campolina com a preocupação em adequar a "fisionomia" do Centro Social Urbano ao contexto do bairro Bela Vista. O edifício procurou incorporar características consolidadas na região, como o agrupamento linear de funções urbanas ao longo de ruas. Um eixo central de conexão, pensado como prolongamento da rua interrompida em frente do terreno, organizando os diversos conteúdos funcionais do edifício. No meio do percurso, abre-se um pracinha interna de convívio, onde fica situado o "boteco".

Uma malha modular baseada nas dimensões do bloco de concreto, principal componente construtivo utilizado (produzido por uma fábrica pré-existente na ocasião, nas vizinhanças do canteiro da obra), ordena os dimensionamentos dos setores funcionais protegidos por uma cobertura independente que promove a renovação do ar aquecido pela temperatura local elevada nos verões, estimulando o fluxo da ventilação cruzada e estabelece o sombreamento adequado para equilíbrio térmico-ambiental desejado.

Governo do Estado teve conhecimento da situação e nada fez

No dia 28/08/2009, o município de Leopoldina recebeu a visita do então Secretário de Estado de Desenvolvimento Social, Agostinho Patrus Filho, oportunidade em que o ilustre secretário encontrou-se com autoridades locais e recebeu a solicitação de revitalização do Centro Social Urbano.

Em entrevista à Rádio Jornal, o secretário destacou que a qualidade da relação entre a SEDESE e o município de Leopoldina era excelente: "As portas da SEDESE estão sempre abertas a Leopoldina e essa é a determinação do Governador Aécio Neves".  Durante a entrevista, Agostinho Patrus confirmou ter recebido o pleito do Governo Municipal e, assim que possível, estaria atendendo por considerar Leopoldina uma cidade importante para a região e para o estado.

Agostinho Patrus disse na ocasião que, "mesmo com a crise, o governador Aécio Neves garantiu os investimentos, não fez um corte sequer e serão 11 bilhões de reais em investimentos em todo o estado.(A avaliação da revitalização do Centro Social girava em torno de R$400 mil). Com certeza, Leopoldina será muito beneficiada pelo Governo de Minas. A determinação do governador é de sempre tratar de forma diferenciada a região de Leopoldina que merece toda a atenção do Governo do Estado", finalizou Patrus.

Mais de cinco anos se passaram desde a visita do Secretário e a situação do Centro Social Urbano chegou ao ponto de abandono. A promessa do Secretário de Estado ficou só no discurso. O propagado prestígio dos governantes municipais da época não foi confirmado. O tratamento diferenciado recomendado pelo então Governador Aécio Neves não valeu.

Toma que o filho é seu

O Jornal Leopoldinense Online apurou que o atual estado de abandono veio ocorrendo gradativamente nos últimos anos até que foi desativado por falta de condições de uso e de recursos repassados pelo Estado. Consultada pelo jornal Leopoldinense, a atual administração municipal revelou que tem interesse em continuar com a parceria feita em 1979 com o Governo do Estado, desde que sejam viabilizados recursos que possibilitem a continuidade de seu funcionamento e não apenas com a reforma, uma vez que o dinheiro municipal é insuficiente.

Com recursos escassos, o município já tentou devolver ao Estado a administração do CSU. Tanto é que, durante o ano de 2012, aventaram a possibilidade de ceder aquelas instalações para o funcionamento da 6ª Companhia Independente de Polícia Militar, cuja sede funciona no antigo prédio do laboratório de análises de solo do extinto DNER, na avenida Getulio Vargas, edificação esta cedida  à PMMG pelo atual prefeito José Roberto de Oliveira.

A ida da Polícia Militar para o Centro Social Urbano talvez representasse uma solução, não só para a Corporação como também mais segurança para as comunidades que integram a região do Bela Vista onde estão situados os bairros Thomé Nogueira, São Sebastião, Jardim Bela Vista, Nova Leopoldina, São Cristóvão, Imperador, Fortaleza e Três Cruzes.

A enorme área pertencente ao Centro Social Urbano é dotada de instalações esportivas como quadra de esportes e campo de futebol society, o que por si só resolveria o problema de treinamento físico dos membros da PMMG em Leopoldina, que hoje utilizam dependências cedidas uma vez por semana pelo Centro de Atividades do Trabalhador Jair de Oliveira, pertencente ao SESI e funcionando em parceria com a Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços de Leopoldina-ACIL.

Teoricamente, a ida dos Militares para o CSU resolveria o problema. Falta combinar com quem tem a chave do cofre para liberar os recursos para a reforma. Com a palavra as autoridades competentes.

A julgar pelo resultado da enquete promovida pelo jornal Leopoldinense, no período de 2 a 9 de janeiro de 2015, também a população concorda com a utilização daquelas instalações pela 6ª Cia de Polícia Militar. Vejam o resultado:

Qual a destinação ideal para o Centro Social Urbano?

Sede da 6ª Cia de Polícia Militar

34,6%

Funcionamento dos cursos do Pronatec

23,1%

Voltar ao que era antes

21,2%

Funcionar como clube recreativo da comunidade

19,2%

Sede das associações de moradores da região

1,9%

Devolver ao governo do Estado

0%

Participaram da enquete: 241 leitores

 


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