17/04/2014 às 09h00min - Atualizada em 17/04/2014 às 09h00min

A Rua é o Palco

Tipos Folclóricos de Leopoldina

Luciano Baía Meneghite
Luciano Baía Meneghite


  Ao contrário de outros personagens que frequentam nossas ruas, eles não são totalmente ignorados. Talvez não sejam tratados sempre com o devido respeito, mas são apontados, comentados e até imitados. Em que pese não terem um comportamento dito “normal” pela sociedade, em sua maioria não fazem mal a ninguém, ao contrário, alguns são até muito prestativos, atenciosos e inteligentes. Escolheram ou foram escolhidos pelo destino, se é que isso existe, para serem como são. A maioria é de classe social mais baixa, tem casa e família, mas a rua é seu palco.

  Em qualquer lugar do mundo eles existem. Cada qual com suas características e manias. Leopoldina não é exceção e sempre contou com suas presenças. Até o Geraldo Viramundo do escritor Fernando Sabino passou pela cidade. No passado, lá pelo início do século eram o Ferreira Carneiro, o Valdevino, Zé Relógio, Evaristo, Lourenço, Chico Doce, Joaquim Cabeludo.Todos registrados por Luis Eugênio Botelho em seu Livro “Leopoldina de Outrora”. Depois vieram o Natalino, Floriano, Pagé, Tute-Pneu-Balão, Funchal, Paná, Nestor Explosivo, entre outros, também relembrados em crônicas pelo Antônio Valentim. Nos últimos tempos tínhamos o Podre, Vitalino, Maria Angu, Maria Cavaquinho, Maria Cemitério, Nélio Boca, Nitinha Camburão, Beto Carne-seca Joaninha Torresmim, Janiro entre outros. Mas engana-se quem diz que essas personagens folclóricas desapareceram. Foram substituídas por outras. Hoje atendem por Expedito Pé-de-Pano ou Pepe Toquinha, Quinca, Chico Doido, Maciota, Criatura, Passo Longo, Xô, Cutia, Zé do Caixão, Hélio, Geraldinho Djavan, Sô Boneco, Peixeiro, Juliano, entre tantos outros.

  Talvez nem eles saibam o quanto são marcantes na vida da cidade. Não que tenham necessariamente realizado algum grande feito, mas pelo simples fato de existirem, de “provocarem” essa sociedade em grande parte preconceituosa e indiferente. Não se trata de endeusar essas pessoas. Elas também erram, mas de reconhecê-las como cidadãs. É tão forte a presença dessas pessoas que é como se fizessem parte do cenário ou da paisagem da cidade e quando alguma desaparece apaga-se uma parte do cenário. Elas fazem parte da memória leopoldinense.


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