07/06/2015 às 12h22min - Atualizada em 07/06/2015 às 12h22min

Leitores acham que a PM deveria ser mais rigorosa na fiscalização do trânsito em Leopoldina

Pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas desrespeitam as leis com freqüências sem punição.

Luiz Otávio Meneghite
Desobediência à sinalização é constante.

Há alguns anos eu presenciei um diálogo entre um policial em serviço e um motorista que havia estacionado seu veículo de forma irregular no centro de Leopoldina. Advertido que estava errado, o condutor admitiu o erro e tentou transferir a culpa para a sinalização deficiente no local. O policial concordou e fez uma revelação: “a sinalização da cidade não nos permite trabalhar eficazmente. Ela é insuficiente e a que existe é deficiente, precisando de substituição e, em alguns locais, é encoberta por galhos de árvores”. Daquele dia até hoje se passaram pelo menos uns 5 anos e é visível que a sinalização melhorou substancialmente. No entanto, a fiscalização da Polícia Militar, a julgar pelo número de irregularidades praticadas a toda hora por motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres não se tornou mais eficaz e causa a impressão de que é seletiva.

A foto que ilustra esta matéria foi tirada de uma das vias mais movimentadas da cidade e a irregularidade que ela retrata foi cometida nas proximidades da residência de um oficial da PMMG. Tal irregularidade pode ser vista todos os dias no mesmo local, nem sempre pelos mesmos veículos. Ali está localizado um dos mais movimentados pontos de ônibus urbanos e intermunicipais e o estacionamento é permitido dos dois lados da via e o fluxo ainda é contido por um semáforo pouco à frente. Resultado: congestionamento local em boa parte do dia.

Prevaricação

Também há alguns anos, fui testemunha de uma cena inusitada, onde um oficial da Polícia Militar advertia alguns cidadãos pela irregularidade cometida pelo grupo que estava usando bebidas alcoólicas num boteco, em um dia de eleições, o que era proibido por lei. Os advertidos tentaram convencer o policial que era só uma cervejinha e que aquilo não criaria nenhum problema. A resposta do oficial foi dura e objetiva: “Se eu não aplicar a lei, estarei prevaricando e eu não vou fazer isso”, disse decisivo.

Mas, o que tem a ver a explanação acima com tema central desta matéria? É exatamente a falta de maior rigor policial que a população manifestou na enquete sob análise. Para quem não sabe o que é prevaricar, vamos ao que ensina o dicionário: Prevaricar: Não cumprir com as suas obrigações; saber o que tem que ser feito, mas por má fé ou interesses próprios não fazer; adulterar. Fazer mau uso de um cargo (público ou não) ou profissão. Exemplo: Policial que não cumpre suas obrigações. Ele prevarica contra a lei e a ordem estabelecida na Constituição, como ensinou o oficial mencionado acima. É apenas um exemplo.

As irregularidades mais freqüentes no trânsito de Leopoldina

Não é preciso mais do que uma volta pela cidade para presenciar as irregularidades no trânsito de Leopoldina. Pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas desrespeitam as leis com freqüência.  O jornal Leopoldinense percorreu alguns locais, não só no centro, mas também nos bairros da cidade e registrou que a sinalização do trânsito melhorou consideravelmente, nas ruas mais movimentadas, mas ainda é falha nos bairros. O número de veículos, principalmente automóveis e motocicletas, aumentou consideravelmente e com eles o número de irregularidades e de imprudências. A freqüência dos problemas são em  horários de pico no início e final da manhã e começo e final da tarde.

Os casos mais freqüentes observados pela reportagem foram ciclistas se arriscando na contramão e em locais onde a travessia é complicada e o fluxo de veículos é intenso, carros estacionados obstruindo visibilidade em cruzamentos, motociclistas  passando em meio aos carros, motoristas que não param na faixa de pedestres, pedestres que não utilizam a faixa de segurança, paradas em fila dupla, carros parados em pontos de ônibus ou em local proibido obstruindo o fluxo de veículos, veículos parados sobre a faixa de pedestres e ultrapassando em sinal vermelho antes dele se abrir.

O centro é um típico exemplo de um convívio nada saudável resultante de uma combinação perigosa: a disputa de espaço por parte dos veículos nas várias interrupções do cruzamento, a impaciência de motoristas, a imprudência de pedestres e ciclistas que cruzam pelo meio do cruzamento e circulam na contramão como se não fossem também submetidos à legislação de trânsito, e a falta ainda de algumas medidas que organizem todo esse fluxo pela prefeitura. Nos horários de pico, o tráfego é um caos.

Há um desrespeito muito grande às leis de trânsito. Nosso intuito, com a sucessão de matérias veiculadas neste jornal, é fazer com que as pessoas e os veículos existentes em Leopoldina convivam com mais harmonia. Se todos respeitarem as normas teremos um trânsito mais seguro. O objetivo desta matéria não é apontar os culpados, mas lembrar que, mais do que veículos, o trânsito é feito por pessoas. Daí, a importância de cada um fazer a sua parte para termos um trânsito mais organizado com reduzido número de acidentes.

Infelizmente, muitas pessoas só corrigem seus erros quando mexem nos seus bolsos e é ai que entra o desejo da maioria dos leitores que votaram na enquete, de que a PM deveria ser mais rigorosa na fiscalização do trânsito em Leopoldina.

Faixa de pedestre deve conter pintura zebrada, alerta advogado.

O advogado e professor Claudio Réche Iennaco, membro do Conselho Municipal de Trânsito de Leopoldina, sempre atento às matérias que são veiculadas neste jornal a respeito do trânsito local, tece elogios às que abordaram temas referentes às dificuldades de acessibilidade das vias da cidade. Porém, esclarece um detalhe sobre uma foto ilustrativa de matéria veiculada na página 4, da edição nº 279, mostrando um veiculo estacionado ‘supostamente em situação irregular’ quase na esquina da rua Presidente Carlos Luz com Travessa Dom Pedro II:  “lá não há faixa de travessia de pedestres, somente existe um trecho pavimentado de asfalto. A faixa de pedestre deve conter pintura zebrada conforme o CONTRAN”, alerta.

Após o alerta do advogado, a reportagem contabilizou dezenas de faixas de asfalto semelhantes que foram assentadas no final de 2012, na mesma época que instalaram rotatórias também de asfalto, em vários pontos da cidade, como se fossem travessias de pedestres, todas sem a pintura zebrada determinada pelo Conselho Nacional de Trânsito. Ou seja, um serviço incompleto que traz a falsa sensação de segurança ao pedestre, pois o motorista ou motociclista não pode nem ser punido por um acidente no local, nem o policial pode punir por infração de trânsito nesses pontos. Enfim, mais uma vez, o jornal cumpre o seu papel junto a sociedade, com a esperança que outros segmentos que a compõem façam o que lhes cabe.

Você acha que a Polícia Militar deveria ser mais rigorosa na fiscalização do trânsito?

 

Total de votantes: 119

 


Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »