O antigo Fórum de Leopoldina foi cedido à municipalidade para que seja transformado em um espaço cultural.O antigo Fórum de Leopoldina foi cedido à municipalidade para que seja transformado em um espaço cultural. Um presente para cidade! Uma iniciativa que, com certeza, eleva o nível da nossa Secretaria de Cultura. Para prédio será transferida, por exemplo, a Biblioteca Municipal, que ganhará mais espaço. A cidade passará a contar, também, um auditório para palestras e apresentações teatrais, uma gibiteca e espaço para várias outras atividades culturais e educacionais. Só temos o que comemorar, claro.
Mas não podemos nos esquecer que o edifício possui uma trajetória, uma memória que precisa ser contada e preservada. Ele, por si só, merece atenção especial. Já está correndo um processo de tombamento, tornando ainda mais importante a atenção da comunidade. Devemos ter em mente que a preservação vai muito além da reforma. Temos que nos lembrar que este patrimônio precisa ser valorizado e preservado por todos.
Daí insisto, como sempre, na participação e no interesse da comunidade que irá usufruir futuramente do espaço. É essa participação, este interesse que vai fazer a diferença, como indicativo do grau de consciência patrimonial que a cidade possui. É neste movimento que iremos perceber se a educação patrimonial está sendo eficiente, se ela está rendendo frutos.
Não pensem que isso não é necessário ou que não faz diferença. Governos vêm e vão, mas a comunidade permanece e seus interesses, também. Surgem novas demandas, é claro, mas não podemos esquecer daquilo que nos fortalece: nossa história, nossa memória.
Até que ponto estamos dando o devido valor ao que é nosso?
É preciso criar hábitos e, claro, oportunidades. Hábitos saudáveis de incentivo às mais diversas manifestações culturais.
No fim de semana passado eu fui a Petrópolis e me admirei, ao ver muitos jovens reunidos numa praça central. Num coreto havia um grupo com instrumentos musicais executando obras clássicas; em outro lado da praça havia jovens ensaiando passos de street dance; mais adiante um palhaço divertia crianças. Não pude deixar de imaginar exatamente isto para Leopoldina.
Nossa Praça Félix Martins revitalizada, pronta para receber as mais diversas manifestações culturais. Nela, mães com seus filhos, brincando em um parque adequado e seguro, podendo assistir grupos de dança executando seus passos e alunos do nosso conservatório ensaiando no coreto. Bem á frente, o nosso centro cultural fervilhando, com pessoas de todas as idades podendo dispor não apenas de espaço, mas de atividades lúdicas das mais variadas. Um casamento perfeito!
Venho aqui convidar as escolas e os professores a debaterem o tema.
- O que nossos alunos esperam deste novo espaço cultural?
- Qual o impacto que a criação deste espaço pode ter sobre nossa cidade, sobre nossa gente?
- O quão democrático e inclusivo ele poder ser?
Professores, convidem seus alunos para conversarem sobre os rumos que a cidade está tomando, levantando questões como a preservação patrimonial e o incentivo à cultura. E procurem fugir da velha desculpa que já estamos cansados de ouvir, a de que em Leopoldina as coisas não vão para frente. Conversa de preguiçoso! Afinal, onde, neste país, não é necessária a implantação de projetos de educação patrimonial?
Se arregaçarmos as mangas e cobrarmos políticas públicas de incentivo à cultura, elas vão aparecer. A isto se chama participação e não é apenas um direito, mas um dever de todos aqueles que procuram melhorar as condições de vida de uma comunidade. E viver bem não é apenas ter calçamento e água encanada, mas, sobretudo, investir no aprimoramento cultural e educacional do ser humano.
O que estamos esperando para fazer isso?
(*)Natania Nogueira, é professora das redes particular e pública de ensino de Leopoldina, pesquisadora e historiadora, membro da ALLA-Academia Leopoldinense de Letras e Artes
