03/09/2015 às 09h21min - Atualizada em 03/09/2015 às 09h21min

Maioria dos leitores prefere asfalto na pavimentação de ruas de Leopoldina

Conheça a seguir as vantagens e desvantagens do asfalto, do paralelepípedo e do bloquete.

Luiz Otávio Meneghite
O bloquete desta avenida está assim há muitos anos.(Foto: João Gabriel B. Meneghite)

Nas ruas de Leopoldina não existe um padrão estético de pavimentação. Existem ruas calçadas com paralelepípedos, outras com bloquetes de cimento intertravados, algumas asfaltadas e muitas com os dois tipos de pavimentação formando uma verdadeira colcha de retalhos. Infelizmente, ainda existem ruas sem qualquer tipo de pavimentação.

Antigamente, as nossas ruas eram pavimentadas exclusivamente com pedras lascadas conhecidas como ‘pés de moleque’ ou com a utilização de paralelepípedos assentados por mãos habilidosas de calceteiros liderados por empreiteiros como Antonio Custódio, Geraldo Malaquias e mais recentemente, Antonio Mateus. Infelizmente, isso já faz parte do passado, embora algumas ruas calçadas com paralelepípedos ainda exibam traços como se fossem assinaturas de seus autores. Quem passar pela confluência das ruas Barão de Cotegipe e Travessa Dom Pedro II e se dispuser a olhar atentamente como foram assentados os paralelepípedos naquele trecho ficará admirado com o desenho, uma verdadeira obra de arte!

Por outro lado, com as dificuldades impostas pela legislação ambiental para a extração de paralelepípedos, estes vêm sendo substituídos pelos bloquetes intertravados. Todavia, devido à carência de bons calceteiros no mercado de trabalho, talvez devido ao baixo salário oferecido a este tipo de profissional, muito serviços dessa natureza em Leopoldina foram feitos a toque de caixa e o resultado não é nada admirável. Basta dar uma olhada na avenida Acácio Serpa, nas imediações de um posto de gasolina ali existente e constatar o serviço mal feito por uma empreiteira contratada pela Prefeitura.

 

Mais à frente, próximo ao viaduto do Bela Vista, fizeram travessias de pedestres com utilização de bloquetes intertravados. Em pouco menos de três meses de sua execução os bloquetes estão se esfarinhando. Qual a causa? Material de baixa qualidade ou uso inadequado para local de trânsito intenso e pesado?

Travessia de pedestres próximo ao viaduto do Bela Vista (Foto: João Gabriel B. Meneghite)

Recentemente, a Prefeitura montou uma usina de asfalto o que veio agilizar as operações tapa buracos e o asfaltamento de novas ruas, algumas delas abandonadas há muitos anos pelo Poder Público. Mas, parece que o asfalto passou a ser utilizado de qualquer forma proporcionando imagens de mau gosto em várias vias públicas de Leopoldina. Esse tipo de ação provocou críticas enviadas à Redação do Jornal Leopoldinense que culminaram com uma matéria escrita por Luciano Baia Meneghite, intitulada:

Improviso na pavimentação das ruas de Leopoldina

 

  Diz o texto de Luciano: “Qualquer pessoa que ande pelas ruas de Leopoldina percebe a má qualidade do calçamento de paralelepípedos que é feito, seja em novas pavimentações ou em pequenos reparos. Com algumas exceções, o que se vê são pedras que não se encaixam perfeitamente. A folga entre elas, preenchida com areia, na primeira chuva causa novo deslocamento dos paralelos. Alguns pontos, principalmente em declive, são refeitos mais de uma vez ao ano trazendo transtorno e prejuízos ao município.

Na falta da boa técnica de antigos calceteiros, tem-se optado por cobrir defeitos no calçamento com massa asfáltica. Uma idéia que além de não resolver o problema enfeia a cidade. Curiosamente, o asfalto que é gasto nessas operações “tapa buracos” falta em algumas faixas de pedestres que estão se desfazendo antes de receberem pintura”.

Com a grande repercussão do texto acima, ilustrado por fotos de vários pontos da cidade, optamos por colocar à disposição dos nossos leitores durante a semana compreendida de 14 a 21 de agosto, uma enquete intitulada: Qual a pavimentação ideal para as vias públicas de Leopoldina? 165 leitores participaram com seu voto. Vejam o resultado:

As vantagens e desvantagens do asfalto, do paralelepípedo e do bloquete

Como se percebe, a grande maioria dos leitores prefere o asfalto que outras alternativas de pavimentação para as ruas de Leopoldina. O asfalto oferece mais conforto, não resta dúvida quanto a isso. Conforto e fluidez são prioridades, principalmente onde haja trânsito intenso e especialmente circulação de veículos pesados comerciais, assim como ônibus e caminhões. Mas, mesmo que a prefeitura estivesse capacitada a fazer um serviço de primeira qualidade, será que vale a pena o asfalto simplesmente pelo conforto que oferece? O questionamento que fazemos tem origem na própria natureza da pavimentação asfáltica que tem uma característica de deteriorar-se em pouco tempo. A escolha dos leitores pode ser justificada em função de que o asfalto aumenta o conforto e diminui o consumo de combustível dos veículos. Para isso ele deveria ser contínuo e não intercalado com pavimentação em paralelepípedos e bloquetes como acontece em Leopoldina. Claro que uma drenagem pluvial mal projetada ou executada piora o problema dos buracos, tanto quanto uma base mal feita. Em resumo, mesmo em condições ideais de projeto, execução e uso, as ruas asfaltadas precisam ser recapeadas, quando não inteiramente refeitas com bastante freqüência. Observem bem onde ruas foram asfaltadas nos bairros há alguns anos e o estado em que se encontram.

Bloquete intertravado

Bloquetes são caros para instalar e caros para manter, apesar do argumento de que é só substituir o bloco quebrado, e a própria viabilidade da sua manutenção é questionável, já que se trata de modelos comerciais que podem sair de linha ou estar indisponíveis quando mais se precisa deles. Além disso, na medida em que os blocos intertravados geralmente dependem da aderência mecânica de uns com os outros, eles estão também vulneráveis à ruptura por dilatação térmica e à propagação de tensões que fazem com que os danos sejam sempre mais extensos do que um só bloco quebrado. O uso de blocos intertravados só é recomendável em estacionamentos ou vias residenciais com volume de trânsito pequeno.

Paralelepípedos

Paralelepípedos são de pedra e é certo que a pedra também é um recurso não-renovável e que pedreiras degradam o meio ambiente. No entanto, apesar de não renovável, é pouco industrializada e pode na maioria dos casos ser extraída a pouca distância da cidade e dura uma eternidade. Por sua natureza, o calçamento de paralelepípedo não oferece tanta suavidade nem tanta aderência aos veículos o que significa menos conforto para o motorista e  passageiros, principalmente os que andam em alta velocidade. Então, o calçamento com paralelepípedos é mais adequado sempre que a intenção for aumentar a segurança do pedestre, restringindo a velocidade dos carros, desestimulando a direção perigosa, bem como desviar o tráfego de longa distância e de veículos pesados para outras áreas da cidade. Também é preferível o calçamento com paralelepípedos sempre que não houver previsão de monitoramento constante do estado de conservação da pista, como é o caso na maioria das ruas da cidade, já que a durabilidade dos paralelepípedos é incomparavelmente maior. O paralelepípedo tem aderência mecânica com a base, geralmente de areia, e não com o paralelepípedo vizinho.

Conclusão

Em resumo, apesar do asfalto ter sido a opção de preferência dos leitores na enquete em tela, vindo em segundo lugar os bloquetes intertravados, os dois materiais: betume de asfalto e cimento do concreto, além de não renováveis têm uma durabilidade muito pequena e dependem de um processo de industrialização de alto impacto ambiental. Isso sem falar que ambos são de materiais altamente industrializados, cuja fabricação é muito poluente e dependente de recursos não-renováveis. Enfim, a enquete retrata o que pensam os leitores, mas vale a pena refletir sobre isso.


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