Militares do 4º Grupamento PM de Meio Ambiente de Leopoldina fiscalizando os rios da região. (Foto: Arquivo 4º Grupamento PM de Meio Ambiente O período de defeso ou piracema 2015/2016, na Bacia Hidrográfica do Leste do Estado de Minas Gerais, iniciou-se no dia 1º de novembro de 2015 e terminou no dia 28 de fevereiro de 2016. A palavra piracema tem origem indígena (pira=peixe e cema=subida). Os índios, com sua sabedoria primitiva, já observam o movimento dos peixes em cardumes rio acima, para se acasalarem e reproduzirem. Eles chegam a percorrer quilômetros em um dia, e devido ao cansaço, viram presas fáceis daqueles que aproveitam desta fragilidade para pescá-los, reduzindo o estoque pesqueiro.
Por isto, este período é essencial para que as normas sejam cumpridas, sendo permitidas apenas a pesca desembarcada e a utilização de equipamentos como linha de mão com anzol, vara, caniço simples, carretilha ou molinete de pesca, com iscas naturais ou artificiais, conforme prevê a legislação.
Em entrevista ao jornal Leopoldinense, o Subtenente Paulo Henrique Lima Carpinetti (foto), do 4º Grupamento de Polícia Militar do Meio Ambiente, localizado no município de Leopoldina, informou que neste período houve a apreensão de 109 redes, totalizando 1986 metros de material de uso ilegal. Com um contingente de apenas quatro militares responsáveis pela fiscalização dos municípios de Leopoldina, Recreio e Argirita, a corporação realizou trinta e nove patrulhas embarcadas e vinte e oito desembarcadas, fiscalizando este vasto território regional.
O território do município de Leopoldina localiza-se na bacia do Rio Paraíba do Sul, sendo banhados pelos rios Pomba e Pirapetinga (afluentes do Paraíba do Sul) e dos rios Pardo e Novo (Afluentes do Pomba). Predomina na região a pesca amadora, embarcada e não embarcada, na qual os pescadores contam com diversas espécies nativas como curimbá, traíra, curimatã, bagres, carpas, piau entre outros como robalo e cascudo.
Agora, com o fim do período da Piracema, a pesca volta a ser liberada, atraindo adeptos de diversas categorias e modalidades para as lagoas, os rios principais e afluentes, canais, barragens e reservatórios de empreendimentos hidrelétricos, cachoeiras, entre outros.
O Rio Pomba, na região da Ponte Nova próxima ao município de Laranjal, é frequentado por muitos pescadores, onde são pescados até mesmo a espécie Tucunaré. Outras regiões da bacia do Rio Paraíba do Sul, como o Rio Novo - que forma a represa da Usina Maurício, no distrito de Piacatuba, também atraem pescadores de toda região.
Na região há duas colônias de pescadores que fazem da pesca a subsistência, atendendo populações ribeirinhas como no distrito de Itapiruçu, no município de Palma, próximo à Leopoldina. Lá, cerca de 60% da população, segundo a Polícia do Meio Ambiente, são pescadores. Também na região da Ponte Nova, em Laranjal, há uma população extrativista que sobrevive da pesca.
Na Piracema, os militares apreenderam 109 redes, totalizando 1986 metros de material de uso ilegal. Além da pesca extrativista e amadora, há quem exerce a atividade como esporte, como é o caso de vários leopoldinenses que fazem viagens a diversos pontos no país. Thiago Fontanella de Melo é um deles e acompanha o seu pai Celmo Ávila de Melo (Celminho) desde os 12 anos - já o seu pai, pratica a pesca esportiva nestes locais desde o ano de 1979.
Hoje, com 33 anos, Thiago se reúne anualmente com outros pescadores de Leopoldina e região para viajar a diversos destinos do país. O grupo realiza reuniões durante o ano, traçam um cronograma de viagens e saem em caravana de camionetes, conhecendo diversos locais, como o estado de Tocantins, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, entre outros.
"Essas viagens despertam nosso interesse pelo espírito aventureiro de estar em lugares que poucas pessoas estiveram", comentou Thiago.
A pesca de lazer realizada em complexos pesqueiros, conhecidos como Peque-pague é uma prática muito comum em Leopoldina, que conta com vários empreendimentos. Nos lagos artificiais são comuns encontrar as espécies como Pacu, Tambacu, Tambaqui, Carpa, Bagre e Tilápia.
Alguns sitiantes desenvolvem a atividade de piscicultura, como na região de Vista Alegre, município de Cataguases, onde é criado a espécie Pirarucu, considerado o maior peixe de água fluvial lacustre do Brasil, podendo atingir três metros e pesar até 200kg.
Em Vista Alegre existe a criação de Pirarucu. (Foto ILUSTRAÇÃO - Raimundo Caboclo, Portal Amazônia) O município de Leopoldina é privilegiado por ter um dos mais modernos empreendimentos de piscicultura do estado. Localizado na Lajinha, em sentido ao distrito de Piacatuba, a Fazenda Experimental da Epamig - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais é uma unidade modelo de piscicultura. Lá existe um trabalho de reprodução de espécies nativas da Bacia do Paraíba do Sul - principalmente daquelas com estoque reduzido ou ameaçadas de extinção, como a Piabanha, Piau-vermelho, Curimba e o Surubim do Paraíba para, para repovoamento dos rios e fomento da atividade de piscicultura da Zona da Mata.
A fazenda experiental da EPAMIG é uma unidade modelo de piscicultura. (Foto: Site da EPAMIG)