O Projeto de Apoio às Feiras Livres da Agricultura Familiar (Aqui tem Feira!), desenvolvido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda), tem contribuído para ampliar a renda da agricultura familiar.
Só neste ano o Governo de Minas Gerais distribuiu para associação de agricultores familiares cerca de 150 kits de feira livre, com investimentos que chegam a R$ 1,5 milhão. A previsão é que até o fim do ano, os recursos cheguem a R$ 2 milhões. Cada kit feira é composto por 10 barracas, 20 jalecos, 60 caixas plásticas e duas balanças de precisão.
“O programa tem avançado e indica que o Estado enxerga a ação como um ponto de partida para a valorização dos feirantes da agricultura familiar”, afirmou o coordenador do Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV), Valmir Soares, durante abertura em Araçuaí do VIII Seminário de Feiras Livres e Políticas Públicas do Vale do Jequitinhonha.
A realização do evento, em parceria com o Núcleo de Apoio à Agricultura Familiar Justino Obers (Núcleo PPJ), integra um conjunto de ações realizadas pelo CAV com o apoio da Seda. Representantes de associações de cerca de 40 municípios das regiões do Vales do Mucuri e do Vale do Jequitinhonha participaram do seminário.
Suporte técnico
O subsecretário de Agricultura Familiar da Seda, Luiz Ronaldo Baku, destacou o trabalho do CAV no acompanhamento das feiras livres. Para ele, o suporte técnico é fundamental para agregar valor aos produtos e oferecer cada vez mais produtos mais saudáveis e sem agrotóxicos.
“Não basta distribuir os kits feira. Temos que fazer o acompanhamento da ação e o trabalho do CAV é muito importante para suprir a demanda por suporte técnico”, disse. Atualmente, o CAV faz o acompanhamento de feiras livres em seis municípios do Vale do Jequitinhonha: Turmalina, Veredinha, Minas Novas, Chapada do Norte, Berilo e Leme do Prado.
Segundo diagnóstico da entidade, 70% dos produtos comercializados são hortaliças. O restante se divide entre frutas, legumes, derivados da cana, do mel, do leite e da mandioca, além de proteína animal.
“A feira livre é o principal canal para que os agricultores familiares vendam seus produtos. Além de ser uma alavanca para o desenvolvimento econômico local, porque o dinheiro gira no próprio município, a feira também é também um dos principais eventos sociocultural da região”, disse Valmir Soares.
Apenas em Turmalina, segundo o CAV, a feira movimenta, por mês, de R$ 140 mil a R$ 200 mil.
Da construção civil para feira
Um exemplo da importância da feira livre para a agricultura familiar é a experiência do agricultor familiar Edmar Rodrigues Souza. Casado e pai de três filhos, há oito meses ele deixou de lado o trabalho de servente de pedreiro na construção civil para investir na agricultura familiar.
Graças a um projeto de irrigação desenvolvido em parceria com a CAV, Edmar cultiva hortaliças, cenoura e beterraba em seu terreno, a 10 quilômetros de Veredinha. Todos os sábados ele ocupa uma das barracas doadas pela Seda à Associação dos Feirantes de Veredinha (Afave), para realização da feira na Praça do Cruzeiro, no centro da cidade.