25/03/2019 às 13h35min - Atualizada em 25/03/2019 às 13h35min

Produtores rurais e especialistas em gestão debatem métodos para o crescimento do agronegócio em Leopoldina

Evento foi organizado pela NTW Contabilidade e Gestão Empresarial e reuniu produtores rurais e representantes de entidades ligadas a cadeia produtiva

João Gabriel Baia Meneghite
A agropecuária é considerada a força motriz da economia brasileira. No município de Leopoldina, é a principal atividade econômica, gerando empregos e renda para milhares de famílias. Apesar das inúmeras dificuldades dos produtores com o mercado, elevação dos custos de produção, entre outros fatores internos e externos, o setor é responsável por manter a economia ativa neste período de crise.
 
As inovações tecnológicas e a gestão profissional são alguns dos principais desafios para os pequenos, médios e grandes produtores. É um momento de transformação para os pecuaristas, cujas propriedades passaram a ser vistas como empreendimentos, portanto, a forma de trabalhar diante do novo cenário econômico mudou, exigindo adequações dos métodos para sobreviverem no mercado.
 
Com esse intuito, a NTW Contabilidade e Gestão Empresarial promoveu um evento em parceria a Embrapa, Coopleste, Sindicato Rural de Leopoldina, Sicoob Credimata e Jetbov, tendo como público alvo agropecuaristas e empreendedores de Leopoldina e região. O objetivo foi promover reflexões para os ruralistas sobre a importância da gestão para o sucesso do negócio.
 
As palestras aconteceram na noite de quinta-feira, 21 de março de 2019, no salão de eventos da Cooperativa Agropecuária Região Leste de Minas Gerais. Estiveram presentes produtores e representantes de diversas entidades da cadeia produtiva para assistirem as palestras de Adriana Sales, consultora e diretora executiva da NTW Contabilidade e Gestão Empresarial de Leopoldina e de Paulo do Carmo Martins, diretor da Embrapa, além de uma apresentação em vídeo do engenheiro agrônomo Elder José de Mello Bruno, diretor da JETBOV.
 
'Gestão de propriedade', enfatizando estratégias de gestão contábil para alavancar ganhos nas propriedades.
 

Ao lado das sócias Gisele e Emília, a diretora executiva da NTW Contabilidade e Gestão Empresarial de Leopoldina Adriana Sales, fez uma apresentação da empresa, que é uma franquia com mais de 85 unidades em 23 estados brasileiros, além de uma unidade em Maputo, em Moçambique, na África.
 Gisele, Emília e Adriana
Ela comentou que a NTW possui mais de cinco mil clientes e atua em diversos segmentos econômicos, inclusive, o agronegócio, evidenciando o ‘know how’ da empresa, que possui profissionais multidisciplinares. Foram destacadas ainda as premiações e certificações obtidas ao longo dos anos, como a certificação ISO 9001/2008, além de ser a primeira empresa de contabilidade brasileira a receber um prêmio de destaque pela qualidade.
 
Também foram apresentadas ferramentas de apoio à tomada de decisões e gestão de propriedades, como um aplicativo e um software próprio, facilitando o cotidiano dos seus clientes.
“A NTW não é apenas um escritório contábil que envia guias para os seus clientes pagarem, somos uma empresa preocupada com a qualidade, valorizando nossos colaboradores, garantindo boas condições de trabalho, melhorando os processos de prestação de serviços, aprimorando a utilização dos recursos, desenvolvendo sistemas e soluções e ampliando a participação de mercado”, comentou.

Adriana Sales destacou ainda que a ênfase nas estratégias de gestão contábil pode alavancar ganhos nas propriedades e mencionou alguns mecanismos fundamentais cultivados pela equipe de trabalho para se chegar a esse resultado, como as reuniões periódicas para avaliação do desempenho, contabilidade consultiva e demonstrações de resultados por áreas, relatórios com indicadores de desempenho e análises, planejamento tributário e aproveitamento de incentivos fiscais, uso de sistema próprio e APP NTW, acompanhamento da gestão financeira, controle de custos, receitas e resultados, bem como a análise e redução de gastos.
 
JETBOV apresenta aplicativo para gestão da fazenda de gado de corte e bovinocultura
 
Durante o evento realizando em Leopoldina, foi exibido um vídeo do engenheiro agrônomo Elder José de Mello Bruno, diretor da JETBOV, que apresentou o software para gestão da fazenda de gado de corte e bovinocultura, por meio do qual o agricultor pode fazer toda a gestão no próprio aparelho celular.
 
Trata-se de uma plataforma simples e intuitiva, que possibilita a utilização por usuários leigos em tecnologia, facilitando as tarefas do dia a dia na Fazenda. Elder revelou que o Brasil é um dos maiores produtores de carne no mundo, mas que a produção brasileira ainda está aquém do seu potencial produtivo, sendo importante a adequação para um controle eficiente para auxiliar a gestão da fazenda e controle de resultados.

 
‘O leite será a salvação da Zona da Mata’, afirma especialista da Embrapa.
 
O diretor da Embrapa, Paulo do Carmo Martins (foto), falou sobre 'O sucesso do leite passa pela gestão', dando detalhes da gestão da pecuária leiteira. Paulo é doutor em economia aplicada pela USP e uma autoridade no assunto – já desenvolveu estudos de inteligência de mercado, competitividade e eficiência da cadeia produtiva do leite e derivados.
 
Ele ocupa o cargo de chefia da Embrapa há cinco anos e, das quatro vezes que esteve na Zona da Mata, três foram em Leopoldina, município com uma das maiores bacias leiteiras do Estado.

Recordou do ‘Fórum de Desenvolvimento Regional’, realizado em 2017, no Cefet de Leopoldina, onde ficou encantado com os trabalhos dos alunos na área de inovação. “Sou da Zona da Mata e é aqui que a transformação tem que acontecer. Esses meninos do Cefet estão fazendo coisas surpreendentes e estão loucos para ajudar os produtores. Além deles, tem o pessoal da NTW, que estão trabalhando com agricultura de precisão – eles têm uma caixa de ferramentas nas mãos e estão buscando soluções”, comentou.
 
Disse para os produtores terem visão positiva, apesar das dificuldades, abandonando o discurso negativista. Salientou que o leite é a salvação da Zona da Mata e que, em Leopoldina, há um núcleo muito sólido. Paulo informou que nos Estados Unidos se consome mais leite do que no Brasil, mas que, esse hábito de consumo em nosso país, tende a aumentar.
 
Alertou que grandes marcas como a Coca Cola, já estão comprando fábricas nacionais para produzirem leite, tanto para o consumo interno quanto para exportação - uma das alternativas, em sua visão, para estabilização do preço.
 
Falou sobre a transição para os filhos, que devem enxergar a propriedade rural como um negócio, citando casos de sucesso nos quais herdeiros, com criatividade, criaram soluções para as suas respectivas atividades.
 
“Em Leopoldina já tem gente que pensa no leite como negócio, mas é preciso envolver mais pessoas. Se um empreendedor tem poucas informações, mais risco terá e maior será a chance do seu negócio dar errado. Com mais informações, a tendência é ele se dar bem – pra isso tem que dados, caso contrário, é voo cego – grande parte dos produtores correm riscos”, revelou o 
diretor da Embrapa, Paulo do Carmo Martins.
 
E completou: “Temos que entender de gestão de propriedade, podemos fazer isso com softwares, existem várias alternativas, mas não podemos mais nos basearmos no achismo”, concluiu.

 
Representantes de cadeias produtivas falam sobre os desafios do setor.
 
O presidente da Cooperativa dos Produtores de Leite de Leopoldina, proprietária da marca LAC, o agropecuarista Marcelo Resende Vieira, comentou sobre o que ele considera um calcanhar de Aquiles da atividade leiteira – que é a dificuldade em encontrar mão de obra especializada.

“Nós aprendemos a conviver com a variação do preço do leite no mercado, há momentos que estamos num patamar favorável, mas, no outro mês, temos que nos adequar a condições desfavoráveis – isso tudo conseguimos administrar, no entanto, a parte operacional é a mais difícil”, revelou.

Vieira comentou ainda que a maioria dos produtores de leite dispõe de uma estrutura pequena. “Geralmente se enquadram na agricultura familiar. Executam um trabalho amador, no entanto, existem aqueles que estão trabalhando no sentido de investirem em tecnologias, na administração – esses são os verdadeiros empresários da atividade”.

Para Pedro Augusto Junqueira Ferraz a produção rural é viável e o município de Leopoldina tem todas as condições de alavancar sua produção. “Desde que tenhamos uma gestão correta, dedicarmos com profissionalismo, podemos encontrar soluções e ter lucros nos nossos negócios. O problema gestão está em todas as áreas: pública, comercial, industrial e também na área rural. Precisamos buscar ferramentas, novos métodos, ter transparência e conhecer aquilo o que fazemos”, comentou.

O produtor Djanir Baqueiro considera que o homem do campo deve entender a sua propriedade como uma pequena, média ou grande empresa. Ele produz genética do gado Guzerá, tanto para corte, quanto para leite. “Enxerguei na demanda do leite uma oportunidade para trabalhar com essa raça, muito parecida com o Gir, raça indiana milenar. Ela tem essa necessidade de ser explorada em nossa região. É mais comum no norte de Minas e Nordeste. Sinto que há uma carência no mercado de softwares voltados para quem é produtor de genética”, reclamou.

Djanir comentou ainda que o uso dessas ferramentas dão mais segurança para o produtor na tomada de decisões. “A partir do momento que tenho muitas informações lançadas, consigo compilar esses dados, ajudando a fazer uma avaliação melhor”, finalizou.

O presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços de Leopoldina Jairo Seoldo, comentou que o tema gestão é muito importante em todo o ramo de atividade, principalmente no setor rural.

Ele reconheceu que o produtor rural teve muitas dificuldades em sobreviver durante muito tempo e destacou o período pujante da economia de Leopoldina no passado, onde se produzia café, leite, arroz e milho.

“Os familiares que tinham propriedades antigamente, deixaram de incentivar os seus sucessores e essa questão também passa pelo processo de aprendizagem da gestão, fazendo com que os negócios progridam”, explicou.


 


Ao final do evento, foram sorteados cursos e brindes. 


Brindes do Café Caramelo
 



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