13/03/2020 às 10h17min - Atualizada em 14/03/2020 às 19h40min

Pré-candidato a prefeito Ricardo Paf Pax concede entrevista exclusiva ao jornal Leopoldinense

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Luiz Otávio Meneghite
Ricardo Carvalho Gomes (Ricardo PafPax)
Debater os problemas do município e apontar soluções para os mesmos foi o foco da entrevista com o pré-candidato a prefeito de Leopoldina, Ricardo Carvalho Gomes, o ‘Ricardo Paf Pax’, empresário dos ramos de saúde e funerário. A entrevista foi feita a partir de questionamentos sobre alguns problemas do município, enviados diariamente ao jornal Leopoldinense pelos leitores, via facebook principalmente. Assim, os diretores do jornal acreditam estar verdadeiramente, contribuindo para o debate democrático. “Temos a convicção de que não basta se candidatar e pedir votos; é preciso mostrar ideias, apontar soluções e sustentar suas opiniões perante o eleitorado. Eis uma boa chance para falar diretamente com o eleitor e, talvez, conseguir bons votos”.

JL - Fale um pouco sobre sua trajetória pessoal como político e sua experiência como gestor público.

Ricardo - Não tenho nenhuma trajetória política, tampouco qualquer experiência como gestor público. Essa condição, aliás, é que me colocou na condição de pré-candidato. Nunca participei da política partidária. Isso foi essencial para que meu nome pudesse integrar esse novo projeto. Não basta roupagem ou o nome de novo. Tem que ser novo, realmente. Represento um grupo de amigos, das mais variadas classes de nossa sociedade, que deseja mudanças de verdade e que entende que Leopoldina necessita urgentemente de um modelo de gestão participativa, longe da política tradicional, capaz de transformar nossa cidade em um lugar melhor para que nós e nossos filhos possamos viver.

JL - Por que e para que o senhor pretende candidatar-se a prefeito de Leopoldina? Cite bons motivos para o eleitor votar no seu nome.  Qual é principal lema de sua campanha e por quê?

Ricardo - Minha pré-candidatura é fruto de um desejo coletivo.  Nosso grupo entendeu que Leopoldina merece experimentar uma gestão progressista e participativa. Os governos que até aqui se sucederam tiveram seus méritos e deram sua contribuição, mas se bem analisarmos, dentro de um contexto regional, veremos que nossa cidade ficou muito para trás, em relação às nossas vizinhas. Precisamos retomar o crescimento, melhorando nossos serviços e aumentando nossos índices de desenvolvimento, o que só pode ser alcançado através de uma gestão participativa

JL – Quais os problemas que ainda temos no setor de saúde e o que pretende fazer para melhorar a situação? O que o senhor tem planejado para a CCL?

Ricardo - De início, entendo ser necessário esclarecer quea CCL é uma instituição filantrópica PRIVADA. Feita essa consideração, achamos que é obrigação do município interceder junto aos governos estadual e federal por recursos para nosso hospital, bem comolutar pela atualização da tabela dos serviços prestado ao SUS, já que a atual sequer repõe o custo de alguns serviços prestados. Com relação ao Pronto Socorro, é necessário esclarecer que esse serviço é atribuição do município e, em nossa cidade, foi “terceirizado” à CCL. Considerando que CCL possui vasta experiência na prestação de serviços de saúde e que o município possui à sua disposição toda uma máquina administrativa, entendemos que,ao invés de “terceirizar”, o mais sensato e produtivo seria uma gestão conjunta do PS, entre CCL e Município. No que diz respeito à saúde como um todo, na esfera de competência do município, temos que reestruturar os PSF, fazendo um estudo junto às comunidades atendidas, a fim de reconhecer as demandas específicas do local, pois é fundamental manter o cidadão saudável para não ter que tratar a sua doença, o que, além de mais humano, também custa menos aos cofres públicos.

JL - Quais políticas de emprego e renda pretende implantar no município para alavancar a economia local? O senhor tem proposta para atrair novas empresas para a cidade?

Ricardo - O Município deve criar programas, em parceria com os governos estadual e federal para atração de novas indústrias, sem perder de vista as peculiares de nossa cidade e região, a fim de que novas empresas não venham aqui se instalar apenas seduzidas por incentivos temporários e depois desapareçam, como diversas vezes já presenciamos.A prioridade, entretanto, deve ser a criação de políticas de fortalecimento e ampliação das empresas locais.Podemos ainda experimentar alternativas bem sucedidas como a indústria de móveis, em Ubá e região; a de Cerâmica, em Recreio, e a de confecção, em Muriaé e Astolfo Dutra, por exemplo.

JL  – Como ajudar o pequeno agricultor e que propostas o senhor tem para o homem do campo?

Ricardo - As políticas públicas relativas às atividades no campo vêm sendo implementadas de cima para baixo, por pessoas que não têm nenhuma experiência no assunto e sem qualquer participação do agricultor. Ninguém conhece melhor os problemas do campo do que o “Homem do Campo”. É dele (ou com ele) que devemos extrair as soluções para os problemas relativos à agropecuária. Temos, em nossa cidade, a Epamig e a Emater, que podem ser grandes parceiras nessa empreitada. Apesar da crise por que atravessa o setor, em nossa cidade, com reflexos visíveis em um de nossos maiores patrimônios, que é a LAC, não há dúvidas de que nossa maior vocação está na pecuária leiteira. Há, ainda, boas alternativas e bons exemplos a serem seguidos, como a pisicultura ornamental, na região de Muriaé; a produção de frutas e sucos, em Visconde do Rio Branco e região, e a produção de mudas de plantas ornamentais e frutíferas, em Dona Euzébia.

JL - O que o senhor pretende fazer com os lixões a céu aberto em alguns pontos da cidade, os chamados “Bota Fora”? O senhor pretende melhorar a coleta do lixo na cidade?

Ricardo - Com relação à coleta do lixo, o serviço que vem sendo prestado parece ser satisfatório, na maior parte do município. Pode ser que haja alguns problemas pontuais, que precisam ser identificados, com a ajuda da sociedade. Mas, tenho certeza, o problema da coleta é o mais singelo e o de mais simples solução dentro deste complexo sistema. No que diz respeito aos lixões, a solução não pode ser outra senão o cumprimento da Lei. O Governo Federal institui, no ano de 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabeleceu o fim dos lixões a céu aberto, determinando que eles fossem substituídos pelos aterros sanitários, onde os resíduos são compactados e cobertos por terra e existe um sistema de drenagem que capta os líquidos e gases produzidos pelos resíduos orgânicos, protegendo o solo e o lençol freático de contaminação. Com relação aos lixões particulares clandestinos, o município deve fiscalizar e promover ações educativas junto às populações, oferecendo-lhes alternativas viáveis.

JL-  O que será feito para resolver o problema do esgoto que está poluindo nossos córregos?

Ricardo - Não há outra solução, senão coletar e tratar o esgoto de nossa cidade. É preciso estudar se a melhor alternativa é que esse serviço seja realizado pelo próprio município ou por  umaempresa estatal contratada, como a Copasa, por exemplo. Em qualquer caso, entretanto, não deve haver qualquer tipo de cobrança pelo serviço, até que ele possa ser plenamente acessado pela população. Resolvido o problema do esgoto, o Município deverá cuidar da revitalização das nascentes e reflorestamento das margens de nossos córregos, em áreas públicas, dando incentivo fiscal – IPTU – às iniciativas privadas.

JL -- Quais os planos para mudar a atual situação da estrada que liga Leopoldina a Providência e da estrada que liga Leopoldina a Abaíba?

Ricardo - A questão é muito séria, já que exclui os habitantes daquelas localidades do acesso a serviços essenciais, como o de saúde, por exemplo (CCL e SAMU), o que é de todo inconcebível, em pleno século XXI. Todos sabem que o problema ali é pontual, ou seja, não é a estrada toda que fica intransitável na época das chuvas, mas apenas alguns pontos isolados. Tenho certeza de que uma engenharia eficiente é capaz de resolver o problema, ainda que de forma paliativa. Após, é necessário que o gestor municipal interceda junto aos governos estadual e federal, a fim de obter recursos para a pavimentação da estrada.

JL  – Qual a opinião do senhor sobre a implantação do estacionamento rotativo no centro da cidade?

Ricardo -A questão é bastante controvertida. Poderíamos ficar um longo tempo enumerando os prós e os contras. Prefiro, no entanto, analisar a questão sob o ponto vista de sua utilidade. A implantação do estacionamento somente seria concebível se fosse capaz de trazer benefício à sociedade, não justificando sua utilização apenas para fins de arrecadação. Assim, a sociedade é que deve optar pela implantação ou não do serviço, restando ao poder público acatar a vontade do povo.

JL - Que providências serão tomadas para resolver o grande número de cães abandonados pela cidade?

Ricardo - O gestor público, sem perder de vista o seu lado humano, deve tratar o problema como de saúde pública. A questão, hoje, em nossa cidade, vem sendo suportada pela sociedade civil, por abnegados cidadãos e por associações particulares, como, por exemplo, a AVAC e a AMIGOS DA BICHARADA. Nesse contexto, penso que a municipalidade deve oferecer instalações adequadas, estrutura eficiente e profissionais especializados, como médico veterinário, para que o trabalho seja realizado em forma de parceria.

JL  – Por que importantes espaços de lazer e turismo estão abandonados, como, por exemplo, o horto florestal?

Ricardo - Por falta de interesse de seus gestores. De minha parte, vejo o lazer e o turismo como uma grande e mal aproveitada oportunidade. É que o lazer e o turismo não tem que ser, necessariamente, visto como atividade principal. Por exemplo, o proprietário de um pequeno sítio pode ter sua produção agropecuária e, nos finais de semana, alugar seu imóvel para lazer. Com relação ao horto florestal, bem como outros locais de notório potencial turístico de nossa cidade, o que falta é política pública, trabalho e divulgação.

JL– Após anos de aprovada, a Lei Municipal de Incentivo à Cultura Vitalino Duarte não foi regulamentada.  Está no plano do senhor colocá-la em prática?

Ricardo - O grande desafio de se convencer os políticos a investirem em cultura é a dificuldade de se demonstrar o retorno do investimento, mas ele existe. Quando você monta um espetáculo artístico, você acaba por movimentar um sem números de atividades e profissionais liberais, como transporte, hotéis e costureiros, por exemplo. Uma pesquisa feita pela FGV, em 2018, demonstrou que o investimento feito pela Lei Rouanet impactava em 68 atividades econômicas diferentes e que retornava para o Estado na proporção de R$1,59 para cada R$1,00 investido. Vê-se, portanto, que a cultura é um excelente investimento não só para a sociedade, mas, também, para o poder público, pelo seu retorno político, cultural e financeiro.A Lei Vitalino Duarte, por sua vez, representa, dentro de todo esse contexto, talvez o instrumento mais importante e efetivo para auxiliar o gestor municipal no desenvolvimento da cultura em nossa cidade, considerando-se a sua especificidade, por se tratar de uma lei local.

JL - Por que algumas praças em bairros estão abandonadas? Por que as calçadas e passeios das ruas da cidade não são cuidados? A prefeitura poderia fiscalizar essa parte?

Ricardo - No que diz respeito aos locais públicos, não posso responder pelo gestor público. Quanto às calçadas, propriedades particulares, embora de uso comum, penso que pode haver da municipalidade um incentivo a quem preservá-las, embelezando nossa cidade. O IPTU é um excelente mecanismo para esse fim. Desconto no imposto para quem investe em preservação das calçadas, bem como no isolamento e capina dos lotes particulares podem colher bons frutos para o município.

JL– O senhor acha que a cidade de Leopoldina atualmente está carente de políticas públicas voltadas para a juventude consequentemente para a inclusão social?

Ricardo - Sim. Mas acho que não se trata de um déficit específico.  Se investirmos em saúde, em esporte, em educação, em geração de emprego e em cultura, por exemplo, estaremos, sim, investindo no jovem e em inclusão social. Claro que os jovens têm suas demandas específicas, e elas são importantes, mas se não formos capazes de fornecer uma estrutura mínima para que elas possam frutificar, de nada vai adiantar atendê-las.

JL - Quais os problemas que ainda temos no setor de Educação e o que o senhor pretende fazer para melhorar a situação?

Ricardo - Infelizmente, a situação da Educação municipal é o reflexo da educação em nosso país: caótica. Citei várias vezes o termo prioridade e, aqui, de propósito, não vou fazê-lo, porque a questão da educação está na essência de todas as coisas, antecedendo, até mesmo, as necessidades prioritárias. Não se resolve um problema, seja ele de segurança, saúde, política ou de qualquer outra natureza, sem antes passar pela educação. Entendemos que o Gestor Municipal deva ter por meta: - Trabalhar junto ao Governo Federal na tentativa de trazer novos cursos técnicos e superiores para o CEFET. - Trabalhar junto ao Governo Estadual para a ampliação dos cursos oferecidos pela UEMG em Leopoldina, bem como para implantação de uma unidade na Fazenda Experimental da EPAMIG para oferecimento de cursos técnicos e superiores na área agropecuária. - Trabalhar junto às instituições de ensino superior privadas instaladas nesta cidade, na tentativa de trazer novos cursos técnicos e superiores. - Valorizar e capacitar os professores da rede municipal, com oferecimento de cursos de aperfeiçoamento, disponibilização de melhores condições de trabalho e pagamento de vencimento digno e justo, à altura da importância do cargo. -  Implantar um modelo de escola democrática e participativa, completamente integrada e comprometida com a comunidade e com a participação efetiva de pais e alunos em todos os níveis de sua administração.

JL – O senhor já tem nomes em mente ou pelo menos uma ideia ou perfil de quem o senhor gostaria de ter em sua equipe de governo?

Ricardo - Entendemos que a escolha de nomes para a formação de uma equipe de governo deva se dar em função do mérito. É o adeus à velha política. Todo aquele que tiver perfil e competência deve ser um candidato em potencial para assumir uma pasta no governo, sendo irrelevante o fato de ter apoiado este ou aquele candidato.

JL – Qual será a participação do vice-prefeito em seu governo?

Ricardo - Ainda não discutimos isso. Mas uma coisa eu posso adiantar, o vice-prefeito não pode receber sem trabalhar. Pensamos que deva haver uma equipe auxiliando na gestão e, nessa equipe, certamente, a presença do vice-prefeito é indispensável.

JL  – Qual a sua mensagem para nossos leitores, internautas e para o povo leopoldinense que acompanha esta entrevista como pré-candidato a prefeito de Leopoldina, através do Jornal Leopoldinense?

Ricardo - Minha mensagem é a minha proposta: renovar. Não se trata de renovar nomes ou partidos, mas atitudes. Não há mais lugar para a velha política. A participação popular deve começar nas urnas, com a mudança, e perpetuar por toda a administração. Não sou sequer candidato ainda e, por isso mesmo, estou aqui apenas para convocá-lo a participar conosco dessa proposta de transformação de nossa cidade, que poderá (deverá) ser implementada por qualquer candidato que venha a ser eleito.


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