17/04/2021 às 11h41min - Atualizada em 17/04/2021 às 11h41min

Empresário alerta que o transporte coletivo urbano vai parar em Leopoldina

Empresa apresenta prejuízo mensal de R$150.000,00 e solução seria a concessão de uma subvenção, reajuste da tarifa e recadastramento para gratuidade no transporte.

Waldir Antonio Teixeira é proprietário da Viação Leopoldinense (Fotos: Câmara Municipal e arquivo jornal Leopoldinense)
“O transporte vai parar”. Esse alerta foi feito pelo empresário Waldir Antônio Teixeira, diretor da Viação Leopoldinense, responsável pelo transporte coletivo urbano em Leopoldina, em recente sessão ordinária da Câmara Municipal, realizada no dia 05 de abril de 2021.

Atendendo a um convite formulado através do Requerimento nº 16/2021, de autoria do vereador Rogério Campos Machado (PSC), o empresário explanou sobre a situação atual do transporte coletivo em Leopoldina. Segundo ele, esse serviço já apresentava deficiências há algum tempo e a pandemia agravou o problema, deixando as empresas sem condições de manter seus ônibus circulando diariamente.

Waldir Teixeira informou que também estava falando em nome das empresas Leopoldina Turismo e Bassamar. Ele salientou que um dos problemas do transporte no município é a emissão pelo CRAS das carteirinhas de transporte gratuito para tratamento médico, pois muitos beneficiados fazem uso indevido do documento.  

O empresário afirmou que as dificuldades com o transporte estão ocorrendo em várias cidades, em algumas o serviço já foi paralisado e mais de 300 empresas foram colocadas à venda, sem aparecer nenhum interessado. Ele citou a cidade de Conselheiro Lafayete, onde o transporte está parado, além de Ubá, Cataguases e Muriaé que estão prestes a suspender o serviço.

O convidado reclamou do grande número de carros que fazem o transporte clandestino de passageiros e que não têm a obrigação de respeitar a gratuidade. Ele informou que a tarifa atual é de R$2,45, enquanto que, em Cataguases, o valor é de R$2,70 e está sendo reajustado para R$2,90 e, em Ubá, a tarifa é R$3,80 e será reajustada para R$5,00 ou R$6,00. O empresário informou que, nos últimos sete meses, sua empresa transportou 34 mil passageiros pagantes e 19 mil gratuitos, totalizando 53 mil passageiros, resultando num faturamento de R$83.390.65.

Waldir Teixeira afirmou que gasta R$60.000,00 com combustíveis, R$77.000,00 com folha de pagamento, além das despesas com contador, médico, advogado, escritório, pneus e peças.

Ele reclamou que os reajustes nas tarifas nunca foram nos índices adequados, causando sempre o aumento na defasagem e um desequilíbrio financeiro muito grande. O empresário destacou que a tarifa não é reajustada desde 2019 e hoje ela deveria ter o valor de R$4,94. Segundo ele, a intenção é sempre baixar a tarifa, mas atualmente é inviável em virtude de impostos e outros gastos.  

Waldir Teixeira lamentou que atualmente está pagando para trabalhar e frisou não saber até que dia manterá em atividades o transporte coletivo. Para justificar sua previsão pessimista, ele informou que naquele dia (05/04), pela manhã, seus ônibus transportaram 636 passageiros, sendo 411 pagantes e 226 gratuitos, gerando um faturamento de R$1.006,95 e que gastou cerca de R$800,00 com óleo diesel. Também foram apresentados números de um final de semana que registrou 1842 passageiros pagantes, 822 gratuitos e um faturamento de R$4.512,00, mas com um consumo de 400 litros de óleo diesel por dia.

O empresário ainda apontou um outro problema: a diminuição na venda de vale-transporte para os funcionários da Prefeitura Municipal e de várias empresas, além da suspensão da aquisição dos passes escolares.  Ele informou que está negociando com a Prefeitura a aquisição do vale-transporte em troca da quitação de uma dívida da empresa com o Poder Público.

Questionado pelos vereadores, Waldir Teixeira apontou como solução algumas alternativas, tais como adiantar a compra de vale-transporte ou passe escolar, conceder uma subvenção, reavaliar a emissão das carteiras de gratuidade no transporte através de um urgente cadastramento, reajustar a tarifa e adquirir vale transporte para as pessoas mais necessitadas.

O empresário afirmou que, se nada for feito, poderá demitir cerca de 40 funcionários e informou que atualmente está com os salários atrasados. Segundo ele, o prejuízo mensal é de R$150.000,00. Mesmo reconhecendo as dificuldades enfrentadas pelo governo municipal, desde a gestão passada, foi taxativo ao afirmar que, mantida a situação atual, não há como manter o transporte coletivo funcionando e reafirmou que, a qualquer dia, a cidade pode ficar sem ônibus.

Sem seguida, após o empresário responder aos questionamentos feitos pelos parlamentares, o Presidente da Câmara, vereador José Augusto Cabral, antes de concluir os trabalhos, agradeceu a presença do convidado e salientou a seriedade e o tratamento ético que ele dedica aos meios de comunicação de Leopoldina, com respostas rápidas às reclamações e reivindicações.

Fonte> Portal da Câmara Municipal de Leopoldina


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