12/08/2021 às 09h10min - Atualizada em 12/08/2021 às 09h10min

Movimento contra a intolerância mostra a cara em Leopoldina

Luciano Baía Meneghite
Um movimento intitulado #Eu Respeito, encabeçado pela leopoldinense radicada na França Roberta Braga Lima tem arregimentado bastante apoio através das redes sociais. Tal movimento é uma reação a falas e atos preconceituosos, de discriminação contra religiões afro-brasileiras, homofobia entre outras questões. Uma das razões que motivaram o movimento, foi uma fala em vídeo de um comunicador, que gerou muita revolta e forte reação entre grupos sociais, vereadores e partidos políticos que emitiram notas de repúdio.   O autor acabou se desculpando, alegando que estava fora de si e que nunca discriminou ninguém.

O movimento #Eu Respeito defende o boicote a empresas que promovam ou patrocinem qualquer tipo de ato discriminatório.

Dias depois uma charge de minha autoria, publicada aqui no jornal Leopoldinense criticando a marcha de tanques em Brasília, provocou a ira de uma minoria barulhenta nas redes sociais, não com simples críticas, o que seria aceitável em uma democracia, mas com ataques ao jornal por publicá-la. Ignorando completamente a liberdade de expressão. A maioria dos leitores, no entanto, defendeu o direito de manifestação do chargista.

São apenas dois exemplos de que ao contrário do que alguns pensam, Leopoldina não está imune ao clima de intolerância hoje presente em praticamente todo o planeta. O que chamou a atenção desta vez foi a positiva reação de centenas de pessoas contra qualquer tipo de discriminação e censura.   

O filósofo Karl Popper na década de 40 já falava sobre o paradoxo da tolerância:

“Tolerância ilimitada levará ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos tolerância ilimitada até àqueles que são intolerantes, se não estamos preparados para defender a sociedade tolerante contra o ataque dos intolerantes, então os tolerantes serão destruídos, juntamente com a tolerância. Nesta formulação não pretendo dizer que devamos sempre suprimir a verbalização de filosofias intolerantes; conquanto que possamos contradizê-las através de discurso racional e combatê-las na opinião pública, censurá-las seria extremamente insensato. Mas devemos reservar o direito de suprimi-las, mesmo através de força; porque poderá facilmente acontecer que os intolerantes se recusem a ter uma discussão racional, ou pior, renunciarem a racionalidade, proibindo os seus seguidores de ouvir argumentos racionais, porque são traiçoeiros, e responder a argumentos com punhos e pistolas”.

Devemos, pois, reservar o direito, em nome da tolerância, de não tolerar os intolerantes. Devemos afirmar que qualquer movimento que prega a intolerância está fora da lei, e considerar criminoso o incitamento à intolerância e perseguição, da mesma forma que é criminoso o incitamento ao homicídio, ao rapto ou ao reavivar da escravatura.”


Parece que há um esgotamento da sociedade com tanta intolerância aqui e lá fora.
Isso é muito positivo.


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