“Noca da Portela e de Todos os Sambas, de Leopoldina à Sapucaí”. Este é o título do enredo elaborado pelo carnavalesco juiz-forano Cássio Carvalho da Unidos do Cabuçu para homenagear o compositor mineiro no carnaval carioca de 2023. Em 2019 o professor Marcelo Braz já havia lançado a biografia "Noca da Portela e de todos os sambas".
Nascido em Leopoldina a 12 de dezembro de 1932, filho de Ernesto Domingos Araujo e Feliciana Alves Pereira, o menino Oswaldo Alves Pereira ainda em nossa cidade tomou contato com a música através de seu pai professor de violão. Quando tinha pouco mais de cinco anos de idade, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Na então Capital Federal, apesar de certa contrariedade inicial do pai, acabou se envolvendo profundamente com a música.
De feirante e militante do Partido Comunista a compositor respeitado. Emplacou diversos sucessos nacionais como “Virada”, música composta em parceria com "Gilper", pseudônimo de seu filho Noquinha e que gravada por Beth Carvalho se tornou símbolo da campanha das Diretas Já, “Vendaval da Vida” (Com Délcio Carvalho) sucesso com Alcione, “É preciso Muito Amor”(Com Tião de Miracema) sucesso em 1979 com Chico da Silva e regravada por Zeca Pagodinho, “Peregrino” (Com Toninho Nascimento) gravação de Paulinho da Viola, “Mil Réis”(Com Candeia) gravada por Candeia e Marquinhos Sathan, “Eu Sou Favela” (Com Sérgio Mosca) gravada por Bezerra da Silva entre outras. A lista de grandes nomes que o gravaram é extensa e inclui Elza Soares, Nelson Gonçalves, Clara Nunes, MPB-4, Fundo de Quintal, Originais do Samba, Maria Bethania, Seu Jorge, Martinho da Vila e muitos outros.
Começou a compor aos 14 anos na Escola de Samba Irmãos Unidos do Catete, ganhando o primeiro samba-enredo “O Grito do Ipiranga”. Participou da fundação do G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti em 1958 e em 1966, quando integrava o Trio ABC com Colombo e Picolino, recebeu o convite de Paulinho da Viola para ingressar na ala de compositores da Portela. Na azul e branco de Madureira tornou-se o maior campeão de sambas-enredo da escola, emplacando sete composições. Entre eles os marcantes “O Homem do Pacoval” de 1976 (com Colombo e Edir), “Gosto Que Me Enrosco” de 1995 (Com Colombo e Gelson) e “Os Olhos da Noite” de 1998 (Com Celino Dias, Colombo,Darcy Maravilha e J. Rocha). Compôs também para os blocos Cacique de Ramos (É dele o sucesso “Caciqueando”) Barbas e Simpatia é Quase Amor.
Foi produtor musical da RCA Victor e secretário estadual de cultura do Rio de Janeiro em 2006.
Artista consciente de seu papel como cidadão, Noca é das figuras mais admiradas do mundo do samba. Entre as muitas homenagens que recebeu está a Medalha do Mérito Leopoldinense, por sugestão dos jornalistas José Geraldo Soares “Daada” e Luiz Otávio Meneghite e indicação dos vereadores José Dimas de Souza e Iolanda Cangussú André. A honraria foi lhe entregue na Feira da Paz em 1998. Este foi um reencontro com a terra natal depois de décadas e de lá pra cá Noca retornou a Leopoldina para apresentações e compôs inclusive música em homenagem a cidade.
A Cabuçu, hoje no Grupo B, divulgou a escolha do enredo em seus canais oficiais:
COM NOCA DA PORTELA, NOSSO ENREDO 2023 É PURA POESIA E RESISTÊNCIA
A nossa azul e branco irá levar para a Passarela do Samba um enredo certamente comovente e apetecido de muita EMOÇÃO, o poeta portelense de Leopoldina, Minas Gerais, de nome NOCA DA PORTELA será o homenageado dessa história extremamente linda.
O cara é poesia pura e também muita resistência, é amor nas veias da nossa brasilidade e um pilar enorme para a construção desse ritmo das favelas brasileiras.
Em 2023, nós vamos trazer na nossa identidade todas as características desse ser humano gigantesco para a cultura brasileira.
E assim, a UNIDOS DO CABUÇU convida a todos para esta viagem maravilhosa, nas asas da ÁGUIA DE MADUREIRA, no axé enorme da PORTELA.
VAMOS JUNTOS EMOCIONAR COM ESSE NOSSO CARNAVAL!
Noca no anúncio do enredo (Divulgação SERES Unidos do Cabuçu-Facebook)
Divulgação Unidos do Cabuçu
