11/12/2022 às 21h10min - Atualizada em 11/12/2022 às 21h10min

Feijão Cru corta a cidade exalando mau cheiro, resultado de décadas de poluição

Nos seus 18 quilômetros de extensão o ribeirão é formado por mais esgoto sanitário do que água propriamente dita.

Luiz Otávio Meneghite
Feijão Cru visto da ponte do Seminário (Foto: Luciano Baía Meneghite /Arquivo jornal Leopoldinense)
Quem tem a oportunidade de passar a pé pela ponte da Avenida Getúlio Vargas e olhar para baixo não vê mais o ribeirão Feijão Cru, apenas um filete d’água escura, já poluída pelo esgoto sanitário que vai se avolumando à medida em que ele avança exalando mau cheiro e mostrando um aspecto de puro esgoto, que só melhora nesta época do ano, quando chove bastante.

O Feijão Cru tem no total 18 quilômetros de extensão da nascente à foz, atravessando toda a área urbanizada de Leopoldina, tendo como afluentes pequenos cursos d’água que nascem na Pinguda, no Cruzeiro, na Mina da Taboquinha e o córrego da Onça. Na zona rural o seu principal afluente é o ribeirão do Banco e 6 quilômetros abaixo ele deságua no Rio Pomba.


Percurso de 18 quilômetros do Feijão da nascente até sua foz no Rio Pomba (Google Earth)


Em alguns pontos é inevitável passar sobre as pontes sem tapar o nariz devido ao mau cheiro insuportável. Não dá para imaginar o sofrimento dos moradores nas imediações do córrego. Talvez até tenham se acostumado!? Difícil acreditar.

Tem que se levar em conta também a desvalorização imobiliária nas margens do ribeirão que no século XIX chegou a dar nome ao lugarejo de onde surgiu depois Leopoldina, como registrou o saudoso Jair Guerra em samba de enredo composto para a Escola de Samba da Vila: “ Feijão Cru, era denominação, era um lugarejo, tudo era sertão”....

O córrego Feijão Cru também foi lembrado no mural de Funchal Garcia instalado na Praça Félix Martins e no monumento instalado no início da avenida Jehú Pinto de Faria no local conhecido como ‘Gato Preto’.


Mural de Funchal Garcia e monumento ao Feijão Cru
(Arquivo Jornal Leopoldinense)

De cima das pontes nas ruas Francisco Andrade Bastos, José Dário Sodré (antiga Sindicato Têxtil), Marechal Deodoro, João Neto, Joaquim Guedes Machado, Padre José Domingues Gomes e na ligação do Seminário com o Jardim dos Bandeirantes relacionadas na ordem seqüencial do avanço do córrego na zona urbana, o mau cheiro e a poluição aumentam.

A verdade é que se sabe que o Município não tem recursos financeiros para bancar a despoluição e depende do Governo Federal, o que dificulta muito todo o processo que chegou a ser iniciado em 2011, lá se vão 11 anos.



Tratar o esgoto deve ser prioridade da gestão municipal, disse Pedro Augusto.

Durante a campanha eleitoral de 2020, que culminou com a sua chegada ao cargo de prefeito de Leopoldina, Pedro Augusto Junqueira Ferraz concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Leopoldinense e naquela oportunidade, vejam o que ele respondeu à pergunta: O que será feito para resolver o problema do esgoto que está poluindo nossos córregos?

“O esgoto em nossa cidade corre a céu aberto. É uma vergonha! Nossa cidade precisa ter esgoto tratado. Somos uma cidade de 50 mil habitantes que não tem tratamento de esgoto. Um dos grandes problemas brasileiros de saneamento básico e até mesmo de saúde pública é a falta de esgoto tratado. Isso é um crime e faz com que aumente o número de doenças.  Tratar o esgoto deve ser prioridade das gestões municipais”, pontuou. Na véspera de iniciar o terceiro ano de seu mandato, que ações foram empreendidas pelo prefeito para solucionar o problema? O espaço está aberto para respostas.

Fontes> Arquivo Jornal Leopoldinense  e Google Earth

 


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