29/09/2023 às 14h07min - Atualizada em 29/09/2023 às 14h07min

Formação de dirigentes de cooperativas é responsável por sucesso do setor

Em relançamento de Frente do Cooperativismo na ALMG, presidente da Ocemg também pede respeito ao agro brasileiro.

Ronaldo Scucato se destacou no lançamento da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Foto: Daniel Protzner)

A Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) relançou, nesta quinta-feira (28/9/23), a Frente Parlamentar do Cooperativismo, como parte dos eventos de comemoração do mês dedicado a esse setor.

O evento se deu em audiência pública requerida pelo 1º-secretário da ALMG, deputado Antonio Carlos Arantes (PL), que debateu o papel exercido pelo cooperativismo no desenvolvimento das cooperativas, dos cooperados e da economia mineira.

O presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas de Minas Gerais (Ocemg), Ronaldo Scucato, comemorou o resultado positivo obtido pelas 781 cooperativas que a entidade representa. E creditou o sucesso ao trabalho constante de treinamento e formação de dirigentes das unidades no Estado.

“Além do trabalho pedagógico interno na Ocemg, temos parceiras como a Fundação Dom Cabral. Desta, os gestores seguem para cursos em universidades em todo o mundo”, destacou. Ele lembrou de formações em universidades em Portugal, Suíça, Dinamarca, Reino Unido, entre outras. 

O executivo destacou um dos setores mais representativos do cooperativismo no Estado, o do agronegócio, e pediu “mais respeito” ao segmento. Lembrou de viagem a Bélgica em que o representante da Comunidade Europeia disse ser muito difícil reverter a imagem negativa do agro na Europa. “Por causa de um caso de vaca louca no Pará, disseram que toda nossa carne estava contaminada”, reclamou.

Por fim, criticou o fato de o agronegócio, que tanto contribui para o PIB brasileiro, ter uma participação menor na repartição da riqueza. Baseado em estudo da recente da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Scucato lamentou que o setor primário da economia só receba 11% da riqueza. Enquanto isso, 22% ficam no setor terciário e 67%, no secundário.

“Essa remuneração para o homem do campo não é justa. Qualquer construção de casa não começa pelo telhado, começa pelo capim.”
Ronaldo Scucato
Presidente do Ocemg

12,8% do PIB mineiro

Por sua vez, Alexandre Gatti, superintendente do Sistema Ocemg, apresentou dados do cooperativismo mineiro. São cerca de 2,8 milhões de cooperados associados a 781 cooperativas, que empregam 54 mil pessoas, gerando exportações de mais de US$ 1,5 bilhão (no Brasil, o total é de US$ 7 bilhões).

Em 2022, as cooperativas do Estado movimentaram R$ 118 bilhões, gerando R$ 3 bilhões em tributos, o que corresponde a 12,8% do PIB mineiro. Com relação ao PIB do agro, as cooperativas respondem por 21,9%. Cerca de 57% da produção do café em Minas provém do segmento, que contribui ainda com quase 20% da produção de leite. 

Sede apoiou cooperados de turismo e mineração

Maria Eneila Loiola, diretora de Promoção aos Pequenos Negócios e Empreendedorismo da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), afirmou que, atualmente, o cooperativismo está distribuído nos seguintes ramos: agropecuário; crédito; infraestrutura; saúde; trabalho; produção de bens e serviços; transporte; e consumo.

Entre as ações da Sede para o segmento, ela citou uma campanha realizada para levar o microcrédito ao setor de turismo, muito prejudicado pela pandemia de covid-19.

“Atuamos em todos os 44 circuitos turísticos mineiros e conseguimos um ganho de 34% na melhoria do acesso ao microcrédito.”
Maria Eneila Loiola
Diretora de Promoção aos Pequenos Negócios e Empreendedorismo da Sede

Também lembrou do trabalho com cooperativas do setor mineral. Depois de formar grupo de trabalho com universidades, órgãos federais e estaduais e outras entidades, obteve-se um diagnóstico do ramo. Com ele em mãos, a Sede e a Ocemg puderam direcionar de forma mais assertiva sua atuação junto às cooperativas do setor mineral.

Já Caio Coimbra, subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), defendeu a atuação da pasta em prol das pequenas cooperativas: “Temos tentado ajudá-las, oferecendo capacitação e acesso ao crédito, para que elas se estruturem e cresçam”.

Parlamentares destacam gargalos do setor rural 

 
 
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Deputados destacam importância de fortalecer o cooperativismo
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O deputado Antonio Carlos Arantes comemorou os números favoráveis do cooperativismo mineiro. “Temos cerca de 800 cooperativas no guarda-chuva da Ocemg, muito resistentes e consistentes, porque sabem que podem confiar na entidade”, elogiou ele, valorizando o grande volume do PIB estadual gerado pelas cooperativas. 

A 1ª vice-presidenta da ALMG, deputada Leninha (PT), posicionou-se ao lado das pequenas cooperativas, mesmo reconhecendo o valor das grandes e médias. “É uma forma de organização da produção na qual eu acredito, que acho justa”, disse ela, defendendo mudanças legislativas que reduzam a tributação sobre o setor como um todo.

Dificuldades no agro

O deputado Adriano Alvarenga (PP), produtor de leite e cooperado, afirmou que esse ramo passa por dificuldades, especialmente por falta de mão de obra e infraestrutura. “Nada melhor que as cooperativas investirem em tecnologia e transmissão de conhecimento aos cooperados para mudar esse quadro”, propôs.

Também Maria Clara Marra (PSDB) focou sua fala nos gargalos enfrentados pelo produtor rural. Cafeicultora em Patrocínio (Alto Paranaíba), reclamou que o maior problema tem sido o escoamento da produção, devido à má qualidade das estradas estaduais.

“Temos produtos de qualidade, mas falhamos para escoá-los”, apontou ela, ressaltando ainda a falta de mão de obra como outro dificultador.

O deputado Bosco (Cidadania) afirmou que o agronegócio brasileiro é pujante e salvou a economia do País na pandemia. Escolhido para coordenar esse setor na frente parlamentar, ele anunciou que uma das bandeiras será combater a concorrência desleal do leite importado da Argentina e outros países.

“Não podemos ver nossos produtores praticamente pagarem para produzir seu leite”, condenou.

Empregos e renda

Já o deputado Gil Pereira (PSD) valorizou o cooperatismo como forma de geração de oportunidades, empregos e renda para o Estado e o Brasil. Ele abordou a contribuição da energia fotovoltaica para fortalecer a atividade rural. “São cerca de 7 gigawatts de energia gerada, quase meia Itaipu, criando 186 mil empregos”, frisou.

Nomeada secretária-geral da frente parlamentar, a deputada Ana Paula Siqueira (Rede) declarou ter o compromisso com o desenvolvimento social e econômico do Estado. “Defendo modelos sustentáveis para que possamos gerar empregos e renda”, insistiu.

Vice-presidente da frente, o deputado Professor Wendel Mesquita (Solidariedade) elogiou a participação dos parlamentares e convidados nessa instância. E valorizou Belo Horizonte por ser “uma das poucas capitais brasileiras com legislaçao avançada para o cooperativismo”.

Por fim, o deputado Roberto Andrade (Patriota), presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, comemorou o relançamento da frente como forma de valorizar o cooperativismo.

 

 

 

 


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