06/11/2015 às 16h30min - Atualizada em 06/11/2015 às 16h30min

Ativista de ONG de Proteção Animal denuncia envenenamento de gatos em Leopoldina

Luiz Otávio Meneghite
Fotografias de alguns gatos vítimas de envenenamento em Leopoldina

A leitora do Jornal Leopoldinense Online,  Bárbara Santos, integrante da AVAC, ONG de proteção animal da cidade, envia e-mail à Redação para denunciar que  “gatos estão sendo envenenados em diversos bairros da cidade com registros desse tipo de ocorrência no Bairro de Fátima, na Praça do Ginásio, no Vale do Sol, no São Cristovão, na Praça da Bandeira e no Centro. Esses são os relatos que temos, mas acreditamos que os envenenamentos estejam acontecendo por todo lado. Infelizmente não temos um suspeito, mas queremos alertar a população sobre a situação e alertar também as pessoas que estão fazendo isso”, escreve indignada Bárbara, que envia fotografias de alguns dos gatinhos que foram mortos. No mesmo e-mail, a nossa leitora Bárbara anexa um texto de autoria de Gabriel Coutinho Silveira, Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Viçosa e  Estagiário do Canil Municipal de Leopoldina e também voluntário da AVAC.

Diz o texto:

Sobre o envenenamento de gatos nas ruas do município de Leopoldina

Gabriel Coutinho Silveira(*)

“O que eu tenho a dizer é só um pedido de socorro, isto não pode acontecer mais, devemos ter leis efetivas para esses casos. Há um ano, trabalhando arduamente para a redução do número de animais de rua de forma consciente e eficiente, me vejo de volta ao ponto zero com essas notícias. Hoje, em nossa cidade, as pessoas não têm o mínimo de respeito com os animais e a situação está em um ponto que considero quase irrecuperável, e o pior, querem que resolvamos o problema do dia pra noite, mas não movem um palito de dente quando uma chacina dessa acontece, e acontece todo dia, e só você não vê. Há algum tempo o amigo Marcelo Felipe realizou uma chamada de emergência para o Dr. Rafael Lacerda Junqueira, quando chegamos ao local o Bob, gato do nosso amigo, já havia morrido. Na manhã seguinte, realizamos a necrópsia do animal e como havíamos suspeitado, FLUORACETATO DE SÓDIO, UM NOVO TIPO DE RATICIDA, QUE IMPEDE A COAGULAÇÃO SANGUÍNEA, BLOQUEIA A GERAÇÃO DE ENERGIA E CAUSA UM DESCONTROLE DA CONTRAÇÃO DO MÚSCULO CARDÍACO POR SEQUESTRO DE Ca+2 (cálcio), elemento importante para a cascata de coagulação e para contração do coração. Vale ressaltar que recentemente, mais precisamente esta semana, recebemos dois gatos da Tutora Valéria França, que infelizmente entraram em óbito supostamente pela mesma substância, que foi comprovado pela necrópsia e o conteúdo estomacal, foi reservado para envio e análise da mesma, e a defensora Bárbara S. Reis também teve seus dois gatos envenenados, também pela mesma substância. Visto a situação na qual a cidade se encontra, realizamos, eu e o Dr. Rafael um curso de atualização em intoxicação e hoje queríamos fornecer algumas informações importantes: O tratamento para esse tipo de intoxicação pode ser feito por meio de aplicação de gluconato de cálcio 10%, via intravenosa e outros medicamentos conforme a manifestação clínica do animal, por isso, é necessário chamar o veterinário imediatamente. Porém, sempre devemos ter água oxigenada volume 10 em nossa casa, e nesses casos após ligar para o atendimento de emergência, fornecer uma a duas colheres de sopa do produto por via oral, ou até o animal vomitar ( isso não deve ser feito se o animal apresentar síndromes neurológicas) como convulsões e crises que possam ao vomitar, aspirar o conteúdo estomacal. É de essencial importância, relatar já no primeiro contato para o veterinário que se trata de um possível envenenamento, pois isso agilizará o processo de preparação técnica para tentar salvar a vida do seu animalzinho. Os estudos em animais de companhia são escassos, porém a intoxicação por Fluoracetato no homem produz vômito, agitação, irritabilidade, dor epigástrica, dor de cabeça, náusea, dor muscular, convulsões epileptiformes, paralisia parcial, coma, depressão respiratória, além de falência cardíaca aguda e morte devido à fibrilação ventricular (McTaggart 1970, Reigart et al. 1975, Chung 1984, Chi et al. 1996). Gostaria de esclarecer que por falta de exames laboratoriais complexos, não posso afirmar com certeza que se trata de uma intoxicação por Fluoracetato de sódio, porém, com a experiência de já ter visto quase dez animais em óbito pelo produto, e pelo conteúdo estomacal encontrado em necrópsia realizada no gato do amigo Marcelo, que com quase cem por cento de certeza que se trata do mesmo.Espero ter ajudado, e espero que essa atitude acabe, e ela só acabará com o apoio de moradores e de quem gosta dos animais, denunciarem esse crime”.

(*)Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Viçosa-MG, Estagiário do Canil Municipal de Leopoldina.


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