09/11/2015 às 08h22min - Atualizada em 09/11/2015 às 08h22min

Recuperação do centro de Leopoldina

Natania Nogueira(*)
Detalhe do Fórum, já reformado e sendo preparado para abrigar a biblioteca e o centro cultural.

A minha cidade, Leopoldina (MG), tem cedido cada vez mais ao avanço imobiliário. Algo que muitos consideram uma marca de progresso, mas que, na verdade, vem causando uma destruição lenta daquilo que podemos chamar de centro histórico da cidade.  

O que seria este centro histórico? 

Ele é composto pelos imóveis construídos entre meados do século XIX e meados do século XX. Edifícios, quase todos particulares, que marcaram a história do município nos períodos de seu maior esplendor, durante o Império e a Primeira República. Eles foram testemunhas do auge e decadência da produção cafeeira, do processo imigratório e tantos outros momentos e fatos históricos de impacto expressivo na nossa comunidade. Eram muitos, hoje restam apenas poucos que correm o risco de cederem lugar a prédios de apartamentos.

Infelizmente, não podemos impor aos proprietários desses imóveis uma consciência de preservação patrimonial, principalmente em tempos de crise econômica. Felizmente, ainda podemos interceder pela preservação do patrimônio público. É o caso de duas reivindicações recentes da comunidade de Leopoldina, que já foram temas recorrentes  em meus artigos: o Fórum e a Praça Félix Martins.

Duas vitórias que precisamos festejar. Vitória aqui no sentido de que a comunidade se organizou, reivindicou e conseguiu convencer o poder público não apenas a preservar como a investir na cultura e na preservação patrimonial. Sou a primeira a admitir que nunca antes tivéssemos tantos avanços neste sentido. Temos nosso museu funcionando ativamente; nossa biblioteca municipal, agora sendo instalada no Fórum (nosso futuro centro cultural) vai ganhar mais visibilidade e, esperamos mais visitantes; a nossa praça central começou a ser reformada; projetos de educação patrimonial foram colocados em prática nos últimos dois anos, com apoio da municipalidade. 

Tantas conquistas compensam a perda de uma parte do nosso patrimônio, que vai dar lugar a prédios de apartamentos a lojas? Não, mas significam que não estamos apáticos e que o poder público pode ser guiado pela comunidade e levado a promover ações construtivas. É bom refletir a respeito disso.

O poder público não pode ser entendido de forma simplista pela dicotomia entre bom/ ruim, bem/mal. Ele é o reflexo da comunidade que o constituiu. Se quisermos que nossos governantes atuem em benefício da comunidade, a comunidade deve se manifestar, deve deixar bem claras as suas demandas.   Comunidade apática, governo apático, Pense nisso.

Confira o início das obras!

(*)Professora, pesquisadora, escritora e membro da ALLA-Academia Leopoldinense de Letras e Artes.


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