02/01/2017 às 08h40min - Atualizada em 02/01/2017 às 08h40min

Leopoldinense produz documentário sobre a relação entre a literatura infantil e a ditadura

Monique Rangel é estudante da PUC e teve o seu trabalho divulgado pela Revista Veja

João Gabriel B. Meneghite
Formandos do curso de Cinema da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) estão produzindo um documentário sobre o Engajamento de livros infantis contra o regime militar. Max Gleiser, de 23 anos e a leopoldinense Monique Rangel, 27, entrevistaram a escritora carioca Ana Maria Machado, imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ela falou de Bento que Bento É o Frade, lançado em 1977, protagonizado por uma menina que se recusava a obedecer a ordens — tema um tanto arriscado naquele contexto ditatorial.

O tema despertou a atenção da imprensa, sendo publicada uma matéria na Revista Veja RIO, pelo jornalista Lula Branco Martins. Em contato com o jornal LEOPOLDINENSE, Monique revelou que o filme está com uma campanha de financiamento coletivo em cartase.me/euv e está na fase de captação de recursos. “Só precisamos finalizar e lançar em algum festival. O plano de distribuição em festivais cobre quase todo o Brasil, além de exibições fechadas em Leopoldina e Cataguases”, revelou a leopoldinense.

Fonte: Revista Veja RIO

ERA UMA VEZ NOS TEMPOS DA DITADURA

Documentário em curta-metragem para exibição em festivais, TV fechada e escolas.

SINOPSE: Como a literatura infantil conseguiu driblar a censura do governo militar sem consequência? Durante os vinte e um anos em que o Brasil viveu sob o crivo dos militares, jornais, livros, músicas ou ideias que ameaçassem o regime eram censuradas. Nesses tempos sombrios, escritores de livros infantis, como Ana Maria Machado, Ziraldo e Ruth Rocha, desafiavam a ditadura ao mostrar as consequências de regimes autoritários.

PROPOSTA: O imaginário como ferramenta de educação e cidadania foi usado através dos tempos. O mesmo acontece durante a ditadura militar. O filme investiga  as consequências da liberdade de escritores e a intenção que tinham ao publicarem, em plenos anos de censura e repressão, histórias como:

*Flicts (1969). O livro narra a tentativa de uma cor "descolorida" de encaixar em uma sociedade que não a aceita.
Ziraldo escreveu Flicts em 1969. (Foto: Divulgação)

* O reizinho mandão (1978). O novo rei inventa regras e mais regras. Antes de qualquer oposição, ele exigia que todos se calassem.
Ruth Rocha denunciou a censura em 'O reizinho mandão' (Foto: Divulgação)

* Raul da ferrugem azul (1979), em que, de tanto engolir desaforos, o protagonista fica cheio de manchas azuis. Trata-se de uma metáfora da sociedade sem ação e “enferrujada”.

FORMATO: Em vinte minutos de documentário, Era uma vez nos tempos da ditadura explora um importante momento histórico por um ponto de vista nunca abordado. O filme trata de casos do passado na voz de quem o viveu. A ideia é contar a história das histórias, que povoaram a imaginação de gerações ao mesmo tempo em que serviram de válvula de escape para uma realidade amordaçada.

No filme há depoimentos como o João Carlos Marinho, que teve que se explicar às autoridades devido a uma denúncia de que seu livro tinha conteúdo subversivo para crianças. Já Ruth Rocha, fez questão de escrever O reizinho mandão abordando a censura e nunca teve problemas com os militares.
João Carlos Marinho
Para contar as histórias de um período sombrio, o filme traz como linguagem animações e fotografias, coloridas e com movimento, pois, a ideia é ressaltar o caráter lúdico de uma literatura infantil e engajada.

SOBRE NÓS: O filme começou em como um projeto universitário, quando os produtores estavam no quarto período. De lá para cá, são três entrevistas com mais de quatro horas de conteúdo e muitas histórias para contar. Atualmente, o filme se encontra em financiamento por crowdfunding.

MAX GLEISER, Direção e produção. Dirige, produz e fotografa. Cineasta carioca recém-formado pela PUC-Rio. Gosta de explorar o extraordinário em temas cotidianos. Valorizar o que não é sequer percebido, acreditando que os detalhes podem contar histórias.



MONIQUE RANGEL, Direção e produção. Mineira formada em Cinema na PUC-Rio, trilha seu caminho em produção audiovisual. Enxerga a TV e o cinema como instrumentos de transformação cultural e, mais que isso, engrenagens para despertar sonhos adormecidos
 

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