Ligando as turbinas da SAUDADE , observo, atentamente, que rondam pela memória
As belas e inesquecíveis lembranças de uma doce infância em Leopoldina,
Acordadas e vivas em minha mente que estarão presentes em cada manifestação:
Como não se lembrar dos meninos pelados nos banhos de verão no MANÉ ZAUL;
Recordar de FLORIANO , um meigo carregador de malas, na antiga Rodoviária;
A expectativa da meninada , cotovelando-se na estação, à espera da MARIA-FUMAÇA ;
Em maio , a garotada ia jogar roleta com nomes de mulher nas barraquinhas do Rosário;
Embarcar no CATA-NÍQUEL, ônibus que levava os leopoldinense para uma turnê pela cidade ;
A BANDA FURIOSA nas domingueiras tocando no coreto da praça ao som do trombone do HORÁCIO;
Aos domingos, curtir uma matinê no cinema do Ibraim, esperando o início do filme lendo gibi;
Gritar, durante a sessão do cinema de cima, o nome de dona CIBELE e ser posto para fora;
Chupar um delicioso picolé arredondado, feito pelo Leopoldo com coco concentrado em sua base;
Nada melhor que, com imenso calor, beber uma refrescante água de moringa em caneca de ágata;
Transportar passageiros de Leopoldina ao Rio de Janeiro pelos inesquecíveis ônibus : EVA e TAVIL,
Levados com dor a uma REZADEIRA para cura com suas milagrosas agulhas, cosendo a parte dolorida;
Os belos e estridentes cantos das rodas dos CARROS DE BOI, desfilando pela Cotegipe;
A ansiedade em ser baleiro no CINEMA DE BAIXO, para assistir aos filmes proibidos a menores;
Aos domingos, após a missa, nada melhor que um refrescante banho na piscina do ALÍPIO;
A formação de um time de futebol, escalado somente com os onze filhos do NESTOR EXPLOSIVO;
A Exposição Agropecuária com suas mandiocas gigantes e a vaca-leiteira premiada;
As passarelas da Praça Félix Martins com seus espaços reservados para cada classe social;
Os leiteiros, com suas carroças, vendendo de porta em porta e enchendo garrafas de vidro;
Os bailes no Clube Leopoldina durante a Exposição, garantindo a conquista de um novo amor,
As concorrências entre os armarinhos dos árabes na Cotegipe, oferecendo belos tecidos;
A reunião da turma comandada pelo belo futebol de OTINHO no Arranca-Toco ou no campo do Ginásio;
Apreciar as obras artísticas de mestre Vitalino, reconhecendo o valor expresso de sua criação;
A Praça do Urubu, palco carnavalesco, recebendo o bloco ALEGRIA DOS PALHAÇOS e o rei-momo LICINHO;
Comunicar-se, no uso da língua, com os meninos do grupo através da troca silábic: VOCÊ era CEVO
Saber que o bule vermelho era para café fraco e, azul, para forte , esquentando no fogão à lenha;
Desejo que todo menino da época tinha de possuir uma caixa para engraxar sapatos;
Poder assistir às aulas no Grupo Escolar Ribeiro Junqueira com os pés totalmente descalços
Após as refeições, as mães ordenavam para colocar o prato na pia senão N. Senhora virava as costas;
Em obediência às ordens da mãe, dizendo: VAI LAVAR AS MÃOS PARA COMER E OS PÉS PARA DORMIR ;
Ao deitar-se, de onde repousava, dizia: BENÇA, PAI , BENÇA , MÃE ; e respondiam: DEUS TE ABENÇOE;
Nos velórios, em que o falecido era velado em sua própria casa com os pés virados para a rua ;
A espera ansiosa das roupas novas trazidas pelo pai para serem usadas no período natalino ;
Cortar o pão em quatro fatias e molhar as partes na caneca com café e leite adocicados com rapadura;
E, depois de restauradas pequenas lembranças, não se esquecer do carinho e respeito ao MONSENHOR !
ATENÇÃO : RELATO DESTINADO PARA QUEM VIVEU NAQUELA BRILHANTE ÉPOCA E CONVIVEU COMIGO BELOS MOMENTOS DE GRANDE FELICIDADE !!!!