15/11/2014 às 11h50min - Atualizada em 15/11/2014 às 11h50min

Salve-me, Dr. José Roberto de Oliveira

Verbalmente, já pedi socorro a muita gente.

A olhos vistos, minha situação se agrava a cada dia e parece que não são muitos os que se preocupam com minha célere caminhada rumo ao fim.

E todos os que se preocupam não podem fazer mais do que se preocupar.

Sei que o senhor, Dr. José Roberto, é um só e tem se esforçado, quase sempre com êxito, para resolver problemas municipais.

Olhando para meu caso particular, estou temendo por meu destino, lamentando chorosamente a aparente indiferença por meu ocaso. Sei que há meses já se pediu socorro para mim. Imagino, pela falta de solução, que, infelizmente, por motivo que não alcanço, “nem uma palha se moveu” para evitar meu próximo fim.

É por tal razão que me atrevo a me dirigir diretamente ao senhor, porque sei que unicamente o senhor - e ninguém mais – tem poder para me salvar.

Já falei com auxiliares próximos seus, com amigos seus, com parente do senhor, mas ninguém resolveu. Será por inércia proposital, por desconhecimento cultural, por falta de autonomia? Fato é que nenhuma ação eficaz se vê ou se viu a meu favor.

Mal comparando, comento com linguagem leiga: se eu estivesse na enfermaria, seria o caso de se afirmar que nem se aferiu minha pressão arterial, não se mediu a temperatura, nem se aplicou sequer um paliativo soro. Meu caso é muito grave, Dr. José Roberto. Eu estou no C.T.I. sem qualquer assistência, mas meu caso é de cirurgia com urgência urgentíssima. Do contrário, meu precoce fim é inevitável.

            Levei anos para chegar aonde cheguei. A única coisa que faço de errado – e não sou culpada por isso – é inevitavelmente deixar cair de mim partículas que, em alguma época do ano, sujam os locais que ficam em meu derredor.

Por outro, quantas vantagens: embelezo esplendorosamente o ambiente onde me encontro, alegro prazerosamente a visão de quem me dirige atencioso olhar e, mais que isto, 24 horas por dia, 365 dias por ano, enriqueço eficientemente o ar leopoldinense com o mais saudável oxigênio que Deus colocou na natureza.

Se o senhor não mandar me salvar, eu não resistirei, pois não tenho, sem receber ajuda externa, como combater o mal que me aflige.

Salve-me, Dr. José Roberto, o senhor pode, com simples ordem, isto mesmo, uma simples ordem dada por quem tem o poder legal e tem como determinar “é para já, com absoluta prioridade”.

Afinal, de qual mal estou sofrendo? Dia a dia, estou sendo sugada em minhas forças por um vírus plantado em meu carinhoso colo por um ser vivo muito querido de todos, os canarinhos-da-terra.

Assim como eu, várias criaturas, umas de minha família, outras de espécies diferentes, também foram atacadas e sofrem de mal idêntico.

Carecendo de socorro, o senhor vai encontrar doentes como eu junto da antiga porta principal do Grupo Escolar Ribeiro Junqueira na Praça Francisco Pinheiro Lacerda; em alguns pontos da Rua Omar Peres, inclusive nas proximidades da oficina do Lavim; na Rua Prof. Guedes Machado, defronte do lote vago pertencente à Polícia Militar; na entrada da Capela Mortuária Lions Clube; em quase toda a extensão da Rua Carlos Rubens de Castro Meireles; na Rua Nossa Senhora Aparecida, em duas mangueiras defronte da porta da garage do ônibus Vila Rica Transportes (perto do posto de guarda); na porta da casa da garotinha Kíssila, na esquina do Beco Irineu Montes com a Rua Nossa Senhora Aparecida 437; na Praça Félix Martins, pertinho do extinto Cinema Brasil e do Shopping LAC e, se acurada procura houver, em dezenas de outros lugares.

            Outra virtude minha, que ia me esquecendo de enaltecer: não sou egoísta, Dr. José Roberto e, assim, peço que me salve, mas salve também minhas congêneres, salve todas as árvores leopoldinenses que estão sendo assassinadas pelas ervas de passarinho.

Muito esperançosa, assina uma desesperada árvore que deseja sobreviver.

 Salve-nos, Sr. Prefeito !

 

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