27/04/2017 às 08h59min - Atualizada em 27/04/2017 às 08h59min

A bela da Mata

Por Gino Ribas Meneghitti

Vista parcial de Leopoldina(João Gabriel Baia Meneghite)
Poderia me esquivar de forma proposital, incoerente e covarde de seus problemas e dilemas políticos, econômicos e sociais, pois, nos sugere a boa educação que ressaltemos as qualidades e virtudes da aniversariante, ignorando, pelo menos neste momento alegre e festivo, seus vícios e imperfeições. Mas é impossível desviar o foco e simplesmente mudar de assunto.  

Curioso notar que nossa cidade se oculta aos nossos próprios olhos. Adormece na retina cansada de seus filhos a visão da mesma paisagem, como se tudo estivesse do mesmo jeito e da mesma forma. A melhor descrição deste sentimento, que afetou e ainda afeta gerações de leopoldinenses, nos foi dada pelo saudoso Serginho do Rock. Imortalizada numa de suas mais célebres canções, “Mineira Gostosa”, não por acaso considerada o segundo hino da cidade, o poeta nos revela: “de longe seus filhos lhe amam, de perto seus filhos reclamam, condenam sua vida tão calma, mas lhe querem no fundo da alma”.

Ainda assim, em vagarosos passos, a cidade cresce e se despe de seus rótulos e títulos ancestrais. A “bela da Mata” se desnuda perante o olhar virgem e puro daqueles que a contemplam pela primeira vez. Já ouvi vários relatos e traços que, no mais das vezes, nos passam despercebidos: cidade das árvores quadradas, do terno, do hambúrguer, do sorvete, do queijo, do doce de leite e picolé, que alguns afirmam categóricos serem os melhores da região.
 
Sonhamos com uma Leopoldina que propicie aos seus filhos maiores oportunidades de emprego e de desenvolvimento. Não almejamos o crescimento desordenado dos grandes centros urbanos, nos regozijamos com sua vida simples, tranquila e pacata. Mas esperamos ser contemplados com a vinda de dias melhores. Sabemos que mesmo com poucos recursos e baixos investimentos, podemos fazer grandes coisas, basta apenas um pouco mais de critério e boa vontade, sobretudo política e social.

Gostaríamos que a cidade fosse, neste dia solene e especial, presenteada com a reforma de todos os campos de futebol e premiada com a instauração de um campeonato a nível municipal, com a participação de todos os bairros e distritos. Isso é plenamente possível e viável.

Gostaríamos que a cidade pudesse se atentar para a prática de voo livre, atividade de lazer e esportiva que só cresce e agrega valor à identidade leopoldinense, além de ajudar na construção e visualização de sua possível vocação e projeção turística.
 
Gostaríamos de mais valorização, investimento e financiamento para elevar, de forma indistinta e imparcial, todas as escolas municipais ao nível máximo de excelência, tendo em vista a considerável quantia de dinheiro anualmente injetada na Secretaria de Educação, segundo dados presentes na lei orçamentária anual.

Gostaríamos de acesso a todas as cachoeiras do município, principalmente as mais próximas, como a Cachoeira do Bambu; que pudessem derrubar suas porteiras e permitir livre entrada para a população, respeitando a lei das águas que nos diz que ela é um bem de domínio público.

Gostaríamos de presenciar a preservação de nosso patrimônio, com o tombamento de certas casas e edifícios, honrando o nome pela qual nossa cidade outrora fora reconhecida, vista e admirada: a “Atenas da Zona da Mata”. Seja pelo estilo arquitetônico clássico, representado pela Escola Estadual Professor Botelho Reis - o ginásio - ou pela presença de uma inata vocação de cunho artístico, poético e musical. Sim, procuro enxergar por outra ótica, por outro ângulo, pois sei que na cidade de Augustos, Sérgios e Rafaéis, ainda existe literatura, música e pincéis.

Gostaríamos de nos deparar, com mais intensidade e frequência, com apresentações públicas e gratuitas do Conservatório de Música Lia Salgado, que nos brinda com sua presença e propicia ao jovem leopoldinense a possibilidade de descortinar um horizonte mais amplo e enriquecedor, seja no âmbito artístico, pessoal ou profissional.

Gostaríamos de testemunhar um maior número de alunos leopoldinenses matriculados nos cursos técnicos e superiores do CEFET, pois sabemos que inumeráveis pessoas alçaram belos voos através da realização e conclusão desses.

Gostaríamos que todos os cidadãos pudessem compreender e exercitar a prática da fiscalização, questionando, inquirindo e indagando, o prefeito, os secretários e todos os vereadores, como, quando e onde estão sendo gastos e investidos o dinheiro arrecadado pela prefeitura. Dinheiro esse, diga-se de passagem, fruto do suor e sacrifício de centenas de homens e mulheres, que aspiram a uma sociedade mais justa, humana e igualitária, afinal participação política é dever de todos.

Por fim, parabenizo a cidade e você, leitor leopoldinense, que procura se informar e se atualizar sobre os fatos e acontecimentos mais relevantes de nossa cidade e país, pois sabemos que isso faz a diferença. A você que acredita e contribui diariamente para que nossa cidade possa se tornar uma cidade mais atraente e agradável aos nossos e alheios olhos, parabéns. Graças a vocês, eu também acredito e insisto: vale à pena fazer a nossa parte!
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